O que está por trás destes “elogios”?
Faltam poucos dias para o apagar das luzes de 2024. Época adorada por uns e odiada por outros. Adorada porque é tempo de confraternizar, encontrar os amigos, reunir as famílias. Odiada por outros pelo mesmo motivo. Já reparou que nestes encontros é muito comum as pessoas que você não vê há muito tempo virem com algum tipo de “elogio”? Não raro, a frase “quanto tempo não te vejo” vem acompanhada das mais variadas expressões como: “nossa, como você engordou?”; “como você emagreceu, está tomando remédio?”; “cadê o namorado, não veio solteira de novo, né?”; “não acredito que você ainda está neste emprego que te faz tão mal?”; “trouxe o Júnior? E o irmãozinho vem quando?”.
Essa cultura insensível de “elogiar o corpo” e encher as pessoas de cobranças é de um mau gosto sem tamanho. Você não sabe se a pessoa engordou ou emagreceu por algum problema de saúde. Não sabe o quanto ela pode se sentir mal por não estar namorando, o quanto ela tem gastado na terapia para vencer a insegurança e saber lidar com cobranças internas e externas. Não sabe o quanto ela sofre por não conseguir ainda se organizar financeiramente para, finalmente, deixar o emprego que tem feito tão mal. Também não sabe o esforço físico, mental e financeiro que ela precisa despender na tentativa de engravidar de novo e dar um irmãozinho para o Júnior ou quais os motivos que a levaram a decidir ter apenas um filho. Você não sabe e nem precisa saber. O verbo que deve imperar aqui é apenas um: RESPEITO!
Eu sei que a maior parte das confraternizações já passou, mas ainda tem a do Réveillon que é quando fazemos e compartilhamos as metas para 2025. Então, te convido a refletir se você não tem sido essa pessoa que naturalizou esse tipo de comportamento. Eu sei que quebrar uma cultura é desafiador, mas é um passo necessário. Essas expressões machucam e podem causar traumas. Cobrar um filho de uma mulher que luta com todas as suas forças e gasta todas as economias para conseguir engravidar e não consegue é cruel demais. E esse é apenas um exemplo.
Ao invés de falar sobre o corpo dela, elogie sua inteligência. No lugar de cobrar o filho, diga: “que bom que você está aqui, estava com tanta saudade”. Troque a frase da cobrança do emprego para “vi um curso gratuito nas redes sociais que é a sua cara”. Diga que a presença da pessoa importa, que a energia dela é boa, que sente falta de conversar com ela. Abrace de verdade, esqueça o celular e dedique um tempo de qualidade. Sejamos nós os responsáveis por quebrar este ciclo de “elogios” que fazem muitas festas familiares acabarem. E se você não souber o que falar, se cale.
Nesta última coluna “Entre Amigas” do ano eu quero te agradecer pela companhia de todo domingo. Aprendemos tanto neste 2024, não é mesmo? Refletimos, nos revoltamos, lutamos, choramos injustiças e aplaudimos conquistas. Fizemos tudo “entre amigas”. E, como 2025 está batendo na porta, venho trazer duas novidades porque o nosso ano novo já começou por aqui. A partir de agora você poderá acompanhar nossos textos pelo site da Gazeta de Limeira que estará no ar toda segunda-feira. Nós também estamos no Instagram e queremos muito trocar ideias com vocês por lá. Te esperamos para este café virtual no @entre.amigashg.
Feliz Ano Novo, amigas! E que 2025 seja repleto de notícias boas para todas nós!
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