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Lute contra o bullying, lute pela paz

Por Farid Zaine

@farid.cultura

 A estreia temática para esta Semana Santa foi a dos episódios 1 e 2 da quinta temporada de “The Chosen”, chamada “A Última Ceia”,  que chegou aos cinemas brasileiros na quinta-feira, 10 de abril, na forma de um longa de 125 minutos, e está também em cartaz nas salas da cidade.  Oportuna, a estreia supre a falta de um grande espetáculo bíblico entre os blockbusters recentes. Uma certa mistura de drama, suspense e pesquisa histórica norteia a série concebida por Dallas Jenkins, e cujas primeiras temporadas fizeram enorme sucesso através da humanização dos personagens que conviveram com Jesus.

“The Chosen – A Última Ceia” é a pedida para quem busca, no cinema, um encontro com o gênero religioso neste período. Mas para quem deseja ficar em casa, na semana que se inicia hoje, Domingo de Ramos, vale a pena buscar algumas preciosidades religiosas que se tornaram grandes clássicos do cinema. A vida, Paixão e Morte de Jesus são temas inesgotáveis para a tela grande, que os tem tratado bem ou mal desde os primórdios de seu surgimento. Filmes que recomendo para sua sessão “Cine Quaresma”, fáceis de achar nas plataformas de streaming: 

Ben-Hur  (1959) – o clássico dos clássicos, um dos mais belos filmes de todos os tempos, dirigido por Wylliam Wyler, vencedor de 11 Oscars, record que manteve por mais de 40 anos, até a chegada de “Titanic” e depois “O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei”, que igualaram mas não superaram essa marca. Nunca é demais ver e rever esse drama estrelado por Charlton Heston e Stephen Boyd, protagonistas de Judah Ben-Hur e Messala, respectivamente, dois amigos de infância que se tornam inimigos mortais. A corrida de Bigas, de enorme impacto e de um preciosismo técnico nunca visto na época, é uma das sequências mais celebradas da história do cinema. Quem a vê hoje não consegue imaginar filmagem e montagem dessas  feitas em 1958, sem os recursos tecnológicos da atualidade. A história de Jesus é paralela, seu rosto não é mostrado, mas é a que garante os momentos mais comoventes. Aliás, a nova versão de “Ben-Hur”, de 2016, dirigida por Timur Bekmambetov , também está disponível,  e nessa Jesus tem um rosto, e é o de nosso grande ator brasileiro Rodrigo Santoro. Está longe de ser como a versão original, mas pode ser visto com prazer. 

 “A Maior História de Todos os Tempos” – Grandioso drama dirigido por George Stevens, com  Max Von Sydow e Carrol Baker. O filme, de 1965, ano em que foi indicado a 5 Oscars, tem três horas e 19 minutos de duração. Foi restaurado para a recomposição de sua beleza, e ainda tem no elenco Charlton Heston e Angela Lansbury. Carrol Baker, aqui a intérprete de Verônica, foi a linda freira/cigana apaixonada por Roger Moore em “O Milagre”, um drama romântico de 1959 com fundo religioso e que fez algum sucesso popular . 

“O Rei dos Reis” (1961)– Grandes diretores sempre se interessaram pela vida de Cristo. Um deles foi Nicholas Ray que, em 1961, convocou o ator Jeffrey Hunter para interpretar Jesus, depois da recusa de Richard Burton, a quem tinha sido oferecido o papel. O filme só ganhou, pois os olhos claros de Jeffrey passaram a ser uma marca dessa obra magnífica, com trilha sonora antológica de Miklos Rozsa, o grande compositor de música para cinema, vencedor de três Oscars, incluindo a espetacular trilha de “Ben-Hur”, a mais bela trilha bíblica de todos os tempos. Jeffrey Hunter morreu cedo, aos 43 anos, vítima de um acidente: ele caiu de uma escada e fraturou o crânio.  O Jesus dele é considerado o mais belo do cinema.

Depois vieram muitos outros filmes sobre a vida de Cristo, alguns polêmicos como o instigante “A Última Tentação de Cristo” (1988) , ousada incursão de Martin Scorsese pelo universo bíblico, e o genial “O Evangelho Segundo São Mateus”(1964), de Píer Paolo Pasolini, premiado no Festival de Veneza. 

Com uma violência explícita e que causou também polêmica, surgiu a versão de Mel Gibson para o tema, simplesmente chamada “A Paixão de Cristo” (2004). As cenas de grande impacto sobre a tortura a que Jesus foi submetido causaram grande comoção no mundo inteiro, dividindo as opiniões. Falado em aramaico e latim, o filme tem ótima trilha sonora composta por John Debney e Gingger Shankar, com Jim Caviezel no papel de Cristo, literalmente dilacerado diante das câmeras. Mel Gibson anunciou a continuação do longa, que se chamará “A Ressurreição de Cristo”, cujas filmagens devem começar em agosto de 2025, sem data marcada para a estreia. 

Há ainda diversas versões para a vida de Jesus no cinema, um tema inesgotável. E o gênero musical não deixaria de fora essa história excepcional. Com criatividade, bom gosto e um olhar crítico, pelo menos dois musicais lançados em 1973 fizeram e fazem ainda muito sucesso, tendo deixado suas marcas nas telas: “Jesus Cristo Superstar”, dirigido por Norman Jewison, e “Godspell – A Esperança”, de David Greene.

A maior história de todos os tempos, contada de formas diferentes pelos olhares dos diretores de cinema, está ao alcance de todos. Nada como este período para voltar a ela, seu encantamento, seus mistérios e o mergulho que permite que façamos num fascinante exercício de reflexão e fé, através da arte.

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