
Homem também envelhece – e precisa se cuidar
Queridos leitores, dedico o artigo de hoje ao meu amigo e paciente João Francisco Dias. Se ao final da leitura você se lembrar de algum amigo, sugiro que encaminhe a ele também.
Finalizei na última segunda-feira nosso ciclo semestral de palestras sobre a Doença de Alzheimer de 2025. Sim! Vocês não leram errado. Precisamente a partir de terça-feira, dia 1º de julho, já estaremos na segunda metade do ano.
Nestas palestras pude conversar com centenas de pessoas, ouvir histórias, esclarecer dúvidas e, acima de tudo, provocar reflexão. Acredito que esse trabalho tem um papel fundamental para dar visibilidade a uma doença que ainda é cercada de silêncio e medo e ampliar a conscientização sobre o envelhecimento, que é uma jornada inevitável, mas que pode e deve ser feita com dignidade e saúde.
No entanto, algo me chamou muito a atenção ao longo desses encontros: a presença masculina nos grupos de terceira idade continua sendo extremamente baixa. Os homens ainda estão ausentes quando o assunto é cuidado, prevenção e saúde, tanto física quanto mental.
Por que isso acontece Doutor? Seria por preconceito? Por vergonha? Reflexo de uma cultura que ainda associa masculinidade ao sofrimento calado, à resistência, à ideia ultrapassada de que “homem que é homem não adoece?”
Passou, e muito, da hora de romper com esses tabus. O Alzheimer, como tantas outras doenças crônicas, não escolhe gênero. E o cuidado preventivo é uma das melhores armas que temos para proteger a saúde, inclusive a memória, o equilíbrio emocional e a qualidade de vida.
Não gosto de generalizações, mas, nas minhas palestras, costumo usar um exemplo que de fato é muito comum: o homem, ao se aposentar, muitas vezes se recolhe. Fica em casa, de pijama, sentado na poltrona, assistindo televisão e lendo jornal o dia todo. Fecha-se para o convívio social, abandona a atividade física, e vai, pouco a pouco, se desligando do mundo. Essa rotina silenciosa é um risco enorme para a saúde mental e física. O machismo, nesse caso, não prejudica apenas as mulheres. É uma cultura que está adoecendo e matando os próprios homens, silenciosamente.
Não estamos fazendo polêmica. São estatísticas. Dados mostram que os homens vivem menos que as mulheres, se cuidam menos e só procuram ajuda médica quando a doença já está avançada.
Isso precisa mudar. Participar de um grupo da terceira idade, por exemplo, não é sinal de fraqueza. Pelo contrário. É atitude de quem tem coragem de viver com consciência e autonomia. Conversar, se exercitar, compartilhar experiências, aprender coisas novas - tudo isso fortalece o cérebro, o coração, a alma e a autoestima.
Meu convite, portanto, é direto: homens, se cuidem. Envelhecer com saúde é um direito, mas também uma escolha. E a prevenção começa com um gesto simples: estar presente.
Tenham todos uma boa semana.
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