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Há 50 anos, o novo Pradão era inaugurado com festa e emoção em Limeira

No dia 6 de abril de 1975, uma multidão estimada em 13 mil pessoas testemunhou um dos momentos mais marcantes da história do Independente Futebol Clube: a inauguração do novo estádio da equipe, o hoje Estádio Comendador Agostinho Prada, o famoso Pradão. Um sonho antigo dos torcedores e dirigentes se concretizava com suor, esforço coletivo e sem qualquer recurso público, em uma verdadeira epopeia da construção civil movida pela paixão pelo Galo da Vila.


A história do campo começa bem antes da festa. Fundado em 1956 pela Companhia Prada, o antigo estádio da empresa passou a ser utilizado pelo clube em 1972, quando o Independente se profissionalizou. A cessão se deu graças à intervenção do funcionário e torcedor João Carlos Rodrigues, que tinha cargo de destaque na indústria chapeleira e calçadista e era um dos grandes entusiastas da equipe. Em 1978, o então prefeito Waldemar Matos Silveira oficializaria a municipalização do local, batizando-o com o nome de Estadio Municipal Comendador Agostinho Prada.


Mas antes disso, o Independente já deixava sua marca no futebol paulista. Em 1958, ainda no amador, ao conquistar a Taça Cidade de Limeira, o time que era chamado de "Galo da Vila" passou a ser “Galo da Cidade”, como orgulhosamente diziam seus dirigentes. No campo profissional, o clube também se destacaria cedo: em 1973, conquistou o título da Segunda Divisão (equivalente à Série A3 atualmente), vencendo a final em Cafelândia nos pênaltis por 5 a 4, após empate em 1 a 1.


Porém, a Federação Paulista de Futebol exigia estrutura para que o clube pudesse subir de divisão, e o Pradão da época contava apenas com uma arquibancada central que abrigava de 700 a mil torcedores. Em 1974, o Galo fez outra campanha brilhante, interrompida apenas por uma questão jurídica, ao escalar um jogador de forma irregular na reta final.


Foi aí que surgiu o grande desafio: construir um estádio com capacidade para 8 a 10 mil pessoas. Como a área ainda pertencia à iniciativa privada, não havia possibilidade de utilizar verbas públicas. A saída foi mobilizar a comunidade e, principalmente, os dirigentes e torcedores. A construção foi feita na raça: escavação, concretagem dos degraus, ferragens, transporte de materiais — tudo manual, tudo coletivo. Muitos que hoje que se sentam na arquibancada ajudaram a levantá-la com as próprias mãos.


A recompensa veio em 6 de abril de 1975. Às 10h30, a cerimônia de inauguração reuniu autoridades locais como o gerente da Cia Prada, Osmar Serafim; o prefeito Palmyro Paulo D’Andrea; o delegado Aguinaldo de Lima Viotti Jr; e o padre Arlindo Degaspare, da Matriz Santa Terezinha, que abençoou a nova praça esportiva. Em nome do clube, o empresário Sebastião Fumagalli fez o discurso oficial, e José Ponzo foi o orador da cerimônia. A placa comemorativa foi descerrada por Osmar Serafim, representando a família Prada.


À tarde, o grande espetáculo: às 15h30, o Pradão recebia seu jogo festivo, com o estádio renovado. O adversário não poderia ser mais simbólico: a Portuguesa de Desportos, comandada por Otto Glória e com craques como Enéas e Dicá. Foi um jogo vibrante, encerrado em 2 a 2, com gols de Nestor e Teleco para o Galo, e de Dicá e Antônio Carlos para a Lusa.


Bandeiras, rojões — na época permitidos —, paraquedistas e um mar de gente tomaram as arquibancadas, a marquise central e até os galhos dos eucaliptos ao redor do campo. Valia tudo para ver a festa e celebrar a conquista de um estádio feito com o suor da comunidade.


Ficha do Jogo Inaugural – 06/04/1975

Independente 2 x 2 Portuguesa de Desportos

Local: Estádio Comendador Agostinho Prada (Pradão) – Limeira/SP

Árbitro: Renato de Oliveira Braga

Gols: Nestor e Teleco (Independente); Dicá e Antônio Carlos (Portuguesa)

Público: aproximadamente 13 mil pessoas

Renda: Cr$ 65.000,00

Independente: Loca; Tute, Bassinho, João Miguel e J. Leonardi; Chiquinho e João Ferraz (Nelsinho); Beto, Sormani (Teleco), Tato (Zé Roberto) e Nestor.

Portuguesa: Miguel (Zecão); Cardoso, Arengue, Calegari (Raimundo) e Isidoro; Badeco (Daniel) e Dicá; Xaxá (Antônio Carlos), Enéas, Tatá (Maisena) e Wilsinho.

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