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Ucrânia concorda com trégua parcial, mas mantém fogo cruzado com Rússia

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, concordou ontem, em uma ligação telefônica com o presidente Donald Trump, com a oferta da Rússia para uma pausa mútua nos ataques a alvos energéticos por 30 dias como um passo em direção a um cessar-fogo mais amplo.

Durante a ligação, Trump também sugeriu a ideia de os Estados Unidos assumirem o controle das usinas de energia ucranianas - o que especialistas da área disseram ser provavelmente inviável.

Não ficou claro como ou quando uma pausa nos ataques entraria em vigor. À medida que as declarações eram emitidas ontem, Kiev e Moscou trocaram acusações de ataques a infraestruturas energéticas.

Mesmo com um acordo restrito entre Zelenski e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ainda há uma grande distância entre suas posições sobre como acabar com a guerra. Zelenski caracterizou algumas das imposições do líder russo como táticas para ganhar tempo enquanto manobra para obter vantagem militar e o melhor acordo possível do presidente americano.

Uma declaração conjunta do conselheiro de Segurança Nacional de Trump, Michael Waltz, e de seu secretário de Estado, Marco Rubio, diz que equipes técnicas se reunirão na Arábia Saudita nos próximos dias para discutir o cessar-fogo parcial e sua possível ampliação para uma trégua que inclua os combates no Mar Negro.

BATE-BOCA

A conversa de ontem foi a primeira entre Trump e Zelenski desde um confronto dramático entre os dois no Salão Oval no mês passado. Na ocasião, Trump e o vice-presidente J.D. Vance repreenderam Zelenski por não demonstrar gratidão suficiente pelo apoio americano aos ucranianos - a maior parte entregue sob a presidência de Joe Biden.

O governo Trump suspendeu temporariamente toda a assistência militar e compartilhamento de inteligência com Kiev após a reunião. Desde então, Zelenski tem procurado suavizar as relações com o americano. Suas declarações ontem, assim como as de Trump e seus assessores, sugeriram que havia esforços para fazer as pazes.

Trump disse que sua conversa com Zelenski foi "muito boa" e durou cerca de uma hora. A declaração conjunta de Waltz e Rubio afirma que ela "ajudará significativamente a avançar para o término da guerra". Zelenski elogiou publicamente o telefonema, deixando claro que havia agradecido a Trump pelo apoio dos EUA.

CONTROLE

A ideia de os americanos serem proprietários das instalações elétricas e nucleares da Ucrânia - incluindo a usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa -, porém, poderia se tornar um ponto de discórdia.

Em seus comentários, Zelenski não fez referência a essa possibilidade, recebida com surpresa em Kiev. Olga Kosharna, uma especialista em energia nuclear ucraniana, disse que, sob a lei do país, usinas não podem ser privatizadas.

Outros especialistas também foram céticos quanto ao plano, mas observaram que o envolvimento dos EUA poderia ajudar a melhorar a gestão nas usinas. A usina de Zaporizhzhia está atualmente sob controle russo.

NEGOCIAÇÕES

Putin rejeitou uma proposta anterior para um cessar-fogo abrangente de 30 dias abrangendo terra, mar e ar. Sob pressão de Trump, o governo da Ucrânia concordou com essa ideia durante uma reunião com representantes americanos na Arábia Saudita no início do mês, apesar das profundas desconfianças de Kiev em negociar com Putin.

O presidente russo levantou várias objeções ao plano e respondeu com a alternativa mais restrita de suspender ataques apenas aos locais de energia.

Analistas argumentam que tal acordo beneficiaria principalmente Moscou, cujas refinarias de petróleo têm sofrido ataques ucranianos de longo alcance cada vez mais pesados. Enquanto os ataques russos causaram estragos nos suprimentos de energia da Ucrânia, os ucranianos aprenderam a se adaptar ao longo de três anos de guerra.

Insistindo que as conversas mais amplas estão muito bem encaminhadas, Trump escreveu em uma postagem nas redes sociais ontem que sua conversa com Zelenski teve como base o telefonema com Putin no dia anterior, quando os dois conversaram cerca de uma hora e meia, segundo o Kremlin e a Casa Branca. (Com agências internacionais)

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