
Diagnosticado com câncer colorretal aos 31 anos, empresário conta sobre os desafios de enfrentar e se curar da doença
O câncer colorretal é o terceiro tipo de tumor mais incidente no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), com estimativa superior a 45 mil novos casos por ano. Além disso, é a segunda principal causa de mortes relacionadas ao câncer no mundo, com quase 2 milhões de novos casos anuais, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2020, foram registrados 20.245 óbitos por câncer de cólon e reto na população brasileira.
Outro dado que surpreende os especialistas é o aumento do diagnóstico entre a população mais jovem, abaixo dos 50 anos. Segundo um estudo publicado em 2024 pela revista The Lancet Oncology, de 50 países analisados, 27 registraram aumento nos casos de câncer colorretal em pessoas entre 25 e 49 anos. Justamente o que ocorreu ao empresário Thiago Borella.
Em 2014, antes de embarcar para um mochilão pela Europa, aos 31 anos de idade, Borella foi diagnosticado com câncer colorretal em fase inicial por meio de uma colonoscopia. Formado em fisioterapia, ele afirma que seu conhecimento ajudou a entender o que estava enfrentando, mas que a determinação foi essencial para lidar com o processo. "Sempre fui motivado. Disse ao meu médico que não era estatística e que acreditava no poder da mente e nos resultados que poderia alcançar. Foi o que me propus a fazer: focar em resolver", destaca.
Coordenadora do Comitê de Tumores Gastrointestinais da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dra. Rachel Riechelmann – que conduziu parte do tratamento do Thiago –, ressalta que a doença tem alta taxa de cura quando detectada precocemente, mas o diagnóstico tardio ainda é um grande desafio.
"O rastreamento do câncer colorretal começa a partir dos 45 anos. A primeira estratégia para triagem é o exame de sangue oculto nas fezes. Já a colonoscopia é fundamental para a detecção precoce e a remoção de pólipos, prevenindo a evolução para um tumor maligno", explica. "O cenário ideal é a realização do diagnóstico antes do aparecimento dos primeiros sintomas", completa.
Os sintomas mais comuns incluem alterações no hábito intestinal, presença de sangue nas fezes, dor abdominal persistente e perda de peso inexplicável. Ao notar qualquer um desses sinais, a especialista aconselha buscar orientação médica.
Entre os principais fatores de risco para o câncer colorretal estão o sedentarismo, a alimentação pobre em fibras e rica em ultraprocessados, a obesidade, o tabagismo e o histórico familiar da doença. Por isso, a oncologista da SBOC reforça a importância da adoção de hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, prática regular de exercícios físicos e rastreamento adequado, especialmente a partir dos 45 anos ou antes, em casos de histórico familiar.
O retorno do câncer
Após nove meses de tratamento com quimioterapia e cirurgia para a remoção do tumor, o empresário acreditava que a doença estava estabilizada. No entanto, o câncer voltou de forma mais agressiva, com metástase no pulmão e no peritônio.
"Antes da doença, trabalhava com futebol, morei em várias cidades e sonhava em chegar a um clube grande e ser reconhecido pelo meu trabalho. Perdi a fase mais importante da minha vida, mas nunca me permiti vitimizar", diz.
A primeira batalha, que parecia vencida, ganhou um novo capítulo. Borella passou por inúmeras cirurgias e terapias, mas sem sucesso. Em 2019, pesando apenas 39 kg, foi submetido a uma terapia que, na época, ainda estava em fase experimental: a imunoterapia. A primeira sessão não trouxe o resultado esperado, mas ele não desistiu e, junto com a equipe médica, optou por seguir com o tratamento.
Após três sessões do protocolo, ele começou a responder à imunoterapia. Nos meses seguintes, ganhou peso e apresentou melhora significativa. Há quatro anos não apresenta mais sinais neoplásicos e está livre do câncer, seguindo apenas em acompanhamento médico.
"Mesmo durante o tratamento, nunca me coloquei em uma posição inferior. Para mim, o erro de quem recebe um diagnóstico de câncer é encará-lo como uma sentença de morte. Pelo contrário, quando as pessoas percebem que é uma oportunidade de ressignificar a vida, muitas coisas mudam. Hoje, meu sonho não é mais material, e sim emocional: desfrutar cada dia da oportunidade que Deus me deu de ser pai".
Aos 43 anos e pai de Benício, de 8 anos, ele acredita que o amor cura e se tornou uma referência para pacientes oncológicos, oferecendo apoio e compartilhando sua experiência.
"Muitas pessoas me procuram em busca de uma palavra, um conselho. Acho que é o mínimo que posso fazer, já que tive o privilégio de alcançar a cura. Logo após minha primeira cirurgia, em 2014, tatuei no meu braço: 'Para quem tem fé, a vida nunca tem fim'."
Março Azul Marinho
A campanha Março Azul Marinho visa ampliar o conhecimento da população sobre o câncer colorretal, incentivando a prevenção e o diagnóstico precoce. A SBOC reforça seu compromisso com a promoção da saúde e o acesso a tratamentos eficazes, garantindo melhores perspectivas para os pacientes.
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