Foto de capa da notícia

Limeirense tem intoxicação confirmada por metanol

Um homem de 30 anos, morador de Limeira, segue internado após consumir uísque adulterado com metanol. Ele está entre as vítimas hospitalizadas em decorrência da ingestão de bebidas contaminadas em diferentes cidades do estado de São Paulo. Três pessoas já morreram.

As ocorrências foram registradas nos 25 primeiros dias de setembro e são consideradas inéditas pelo número de vítimas em curto período, segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox), de Campinas. Em caráter emergencial, o MJSP emitiu uma recomendação a estabelecimentos de São Paulo e regiões próximas para reforçarem a fiscalização das bebidas alcoólicas comercializadas.

Inicialmente, a Secretaria de Saúde de Limeira havia descartado a intoxicação por metanol com base em um primeiro exame. Contudo, após a chegada de novos resultados, o Departamento de Vigilância em Saúde confirmou o diagnóstico positivo para intoxicação por metanol.

Segundo apuração da Vigilância Sanitária, o paciente comprou um whisky na capital paulista em 16 de setembro deste ano e, no mesmo dia, participou de um churrasco com amigos. No dia seguinte 17 de setembro, ele e a esposa passaram mal e procuraram atendimento em uma Unidade de Pronto Atendimento.

Em 18 de setembro, ela melhorou e o quadro de saúde do homem se agravou, levando-o a retornar ao hospital. Ele foi atendido na Santa Casa, onde precisou ser intubado e permaneceu internado na UTI. Nesta segunda-feira (29), recebeu alta da UTI, foi transferido para a enfermaria e não corre mais risco de morte. O Departamento de Vigilância em Saúde segue acompanhando o caso. A Vigilância Sanitária mantém canal de denúncias pelo WhatsApp: (19) 3720-2520.

 

METANOL

 

O metanol pode causar sérios efeitos à saúde. Especialistas ressaltam que identificar os sintomas rapidamente e buscar atendimento médico são medidas fundamentais para evitar complicações e óbitos.

Segundo AlvaroPulchinelli Junior, médico toxicologista, patologista clínico e presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), os primeiros sintomas aparecem logo após a ingestão da substância, usada ilegalmente para adulterar bebidas alcoólicas como gim, whisky e vodka. Essas manifestações iniciais da intoxicação são parecidas com os sinais de embriaguez, como fala pastosa e reflexos diminuídos.

Algum tempo depois, entre 16 e 30 horas após a ingestão, quando o metanol já foi metabolizado pelo organismo, surgem efeitos mais graves, diz a farmacêutica Andreia Vidal, gerente da unidade técnica de Toxicologia Ocupacional do laboratório DB (Diagnósticos Brasil). Ela lista náuseas, vômitos, tontura, fraqueza, dor abdominal e outros quadros que podem evoluir para óbito.

Além disso, a contaminação provoca alterações no sistema nervoso central que podem variar da sonolência até a perda da visão, um dos principais impactos do consumo de metanol. "A pessoa passa a ter visão borrada, brilhante e diminuição da visão. Isso é extremamente importante, pois pode evoluir para um quadro de cegueira", detalha Pulchinelli.

AJUDA IMEDIATA

Em casos de suspeita de intoxicação, a orientação é buscar atendimento médico imediatamente. Embora sintomas como náuseas e vômitos possam ser confundidos com os de uma ressaca comum, eles costumam se manifestar de forma mais intensa. Além disso, Pulchinelli recomenda observar sinais de alterações no sistema nervoso central, em especial aqueles relacionados à visão.

"Vá direto para o médico. Não ache que ficar em casa vai fazer os sintomas passarem, você vai estar perdendo um tempo precioso para a introdução do antídoto", recomenda o toxicologista.

BEBIDAS ADULTERADAS

O metanol, também conhecido como álcool metílico, é amplamente utilizado na indústria química, atuando como solvente, na fabricação de tintas e vernizes e em processos de refinamento. A substância, no entanto, também é usada de modo irregular na produção de bebidas falsificadas.

"O metanol não tem cheiro nem gosto específico. Ou seja, a pessoa não consegue identificar na bebida adulterada. Ela ingere sem se dar conta", detalha Pulchinelli.

Segundo o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que cerca de 25% do álcool consumido no mundo provém de fontes ilegais.

Nessa mesma direção, um estudo publicado em 2020 na revista NatureFood revelou que, entre 2017 e 2019, foram registrados 306 surtos de envenenamento por metanol no mundo, resultando em aproximadamente 7.104 pessoas intoxicadas e mais de 1.888 mortes Mais de 90% desses casos ocorreram na Ásia, tendo como principais vítimas homens jovens.

 

Comentários

Compartilhe esta notícia

Faça login para participar dos comentários

Fazer Login