Trancada em casa, mulher agredida por ex espera por justiça
Com a maquiagem um pouco mais carregada para disfarçar os hematomas e com o nariz suturado por quatro pontos a dona de casa, de 36 anos, agredida pelo ex companheiro no último final de semana, recebeu a reportagem da Gazeta para uma entrevista. Com as portas e janelas trancadas, ela se sentou no sofá, a uma certa distância do repórter, como se quisesse evitar a figura masculina, dentro da casa onde mora.
É que o último homem, com quem se relacionou, a agrediu violentamente, na frente da filha do casal, de 3 anos, após a garota alegar que tinha ganho um pão de queijo do avô, pai dele. Era noite do dia 28 quando o homem, de 31 anos, foi até a casa da mulher visitar a filha. Saiu de lá, fugido, após acertar golpes na vítima. O motivo da agressão é o fato do suspeito não aceitar que a filha mantenha relacionamento com o homem, morador em Iracemápolis.
Em setembro do ano passado, o agressor já tinha demonstrado incômodo em saber que a filha estava se relacionando com a própria família. Em áudio enviado para o WhatsApp da dona de casa, o ex companheiro ameaça quebrar toda a casa da irmã, caso soubesse que a vítima estaria levando a garota para visitar o avô. "Se eu souber que a nossa filha está no mesmo ambiente que ele [pai], quem vai pagar é casa dela [irmã].", relatou o suspeito. Minutos depois, câmeras de segurança de uma casa vizinha à casa da família dele, filma o suspeito dando dois chutes na lateral do carro dela e quebrando o retrovisor do veículo. "Ele sempre foi violento", relatou a vítima. "É destemido até mesmo sem estar sob efeito de drogas", disse ela. O suspeito era usuário, mas estava livre quando ambos se conheceram. Durante o relacionamento, ele teve uma recaída.
Segundo a mulher foi quando ela tentou terminar. "A gente ia na igreja juntos. Estava tudo bem, até que ele voltou a usar, por causa da dependência. Daí para frente, meu mundo virou um inferno", relatou a mulher.
Nos áudios enviados para a mulher, ele ainda afirma que ela poderia chamar a polícia, mas não a de Iracemápolis. "Ele diz isso como se tivesse alguém que o protegesse na cidade. Eu sei que o advogado dele faz tudo o que ele quer, mas parece que ele tem algumas cartas na manga", frisou ela.
Ambos se conheceram enquanto a mulher mantinha uma loja de roupas em Iracemápolis. Um amigo em comum foi o cúpido do casal. Com o impacto financeiro da pandemia, a mulher se viu obrigada a fechar a loja e, resolveu voltar para Limeira para ficar mais perto da mãe, que faleceu há cerca de 6 meses, por covid-19. Agora, ela alega que precisa mudar de casa para tentar escapar da fúria do ex companheiro. "Já fui na imobiliária, dizendo que vou desocupar a casa. Tenho medo de ficar aqui. Eu sei que se ele encanar comigo, pode voltar e me matar. Não queria estar aqui, mas tenho uma filha de 16 anos que precisa do cantinho dela", frisou.
A cena da agressão do domingo, causou marcas, mas emocionais, também na menina. Segundo a mulher, a criança tem apresentado dificuldade para dormir e está assustada com tudo. "Ela diz que o papai é malvado, que bateu na mamãe e que não quer mais vê-lo", disse. Durante as agressões, sangue da mãe espirraram no braço da garota. "Ela olhava aquilo e dizia que era da mamãe", relatou a mulher.
Desamparada, a dona de casa alega que procurou o Ministério Público para exigir uma providência. "Fui lá, mostrei meus machucados e disse que era meu direito ser protegida pelo Estado", disse. Desde o dia das agressões, equipes da Guarda Civil Municipal mantêm contato diário com a vítima. Uma medida protetiva também já foi expedida, proibindo o homem de se aproximar dela. Ela ainda disse esperar que ele seja preso para que ela se sinta mais segura e que a justiça seja feita. "Não é normal que um homem faça o que ele fez comigo e que não responda preso. Só assim eu terei paz na minha vida", relatou.
Agora, a vítima quer que as pessoas saibam da história dela para que se encorajem a denunciar casos de violência doméstica. "Depois que eu coloquei o meu relato nas redes sociais, eu recebi diversas mensagens de mulheres dizendo que queriam ter a mesma coragem que eu. Quero que elas lutem para sair desta situação, antes que seja tarde", finalizou a vítima.
Fotos do agressor são coladas em Iracemápolis; "Agressor de mulher"
Inconformada com a atitude do homem, a família dele colou cartazes com a foto dele em alguns pontos de Iracemápolis. Ao lado da imagem do agressor, a foto da mulher, com o ferimento no nariz ainda aberto e a expressão "Agressor de Mulher". A intenção, segundo ela, é fazer com que a população de Iracemápolis ajude a localizá-lo. Desde o dia do crime, ele está desaparecido. O carro dele foi apreendido na rodovia perto de São Pedro. "Ele não está em Iracemápolis. Colaram cartaz até na casa dele, mas até agora nada de ele aparecer. Enquanto ele estiver solto, terei medo", alega.
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