Funcionários do Samu relatam problemas com comida de empresa
Após veicular reportagem sobre condição de comida fornecida por uma empresa para alunos da Escola Estadual Técnica Trajano Camargo, a reportagem da Gazeta recebeu reclamações das marmitas fornecidas pela prefeitura a, pelo menos duas secretarias, pela mesma empresa.
A redação foi procurada por uma pessoa ligada ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), serviço vinculado à Secretaria de Saúde. O servidor público alegou que, no dia em que alunos do Trajano Camargo tiveram sintomas de intoxicação alimentar, várias pessoas do serviço de urgência também reclamaram de problemas semelhantes. Há relatos ainda da localização de vermes, cabelo e até pedras nas marmitas servidas aos servidores do serviço.
Segundo a pessoa que fez a denúncia, uma funcionária que trabalha no Edifício Prada, foi comunicada da situação, mas que alegou nada poder fazer. "A gente levou a marmita para ela [funcionária] ver, mas não fomos levados à sério", reclamou. Outra reclamação é o suco. "O suco não tem gosto de nada. Certa vez, pedimos para um superior nosso tomar o suco e ele não soube distinguir o sabor", disse.
Outra coisa que dificulta a alimentação dos servidores desse setor é que eles trabalham em forma de internato. "Não podemos sair da base, a não ser para atender chamados. Quando queremos algo diferente, temos de pedir pelo aplicativo. Ou quando a gente resolve fazer algo diferente, temos de levar de casa no início do turno", afirmou.
Além dos servidores do Samu, funcionários da secretaria de Mobilidade Urbana também se alimentariam da comida fornecida pela empresa. Uma servidora que trabalha na pasta confirma o nome da empresa e a qualidade da comida. "Com relação a achar vermes na comida, isso eu não sei, mas que a comida, as vezes não é comestível", reforçou o servidor.
EMPRESA
A empresa, chamada Puro Sabor Serviços de Alimentação, tem a matriz em Santa Bárbara d'Oeste e filial em Rio Claro. O coordenador administrativo da empresa Luís Henrique Antoneli, alegou que está investigando os episódios de aparecimento de larvas nas comidas. Ele afirmou contar com três nutricionistas que trabalham focado na produção dos alimentos e que serve de 800 a 1000 refeições por dia. "É preciso entender o que aconteceu, já que não é só a comida que pode causar sintomas relatadas na reportagem", alegou ele. O coordenador ainda afirmou que a empresa não mantém vínculo com nenhuma escola em Rio Claro, diferente do que foi relatado na reportagem da segunda-feira.
A Prefeitura de Limeira informou uma emissora de rádio local que a Vigilância Sanitária da cidade esteve na escola e colher amostras da comida servida na última segunda-feira. Amostras de refeições são mantidas por até 72 horas. O alimento coletado foi encaminhado para o Instituto Adolfo Lutz. Após o resultado, a prefeitura deve se manifestar.
Prefeitura assinou, em abril, sete contratos com a empresa
Depois de alertada da situação da comida servida aos servidores do Samu, a reportagem procurou pelo nome da empresa no Portal da Transparência, no site da Prefeitura de Limeira. Foram encontrados sete acordos assinados entre Prefeitura e empresa, só no mês de abril. Entre esses contratos, estão três assinados pelo secretário da Saúde, Vítor Santos, no valor total de R$ 63,6 mil. Para o fornecimento de 7.760 marmitas. Um desses contratos, datado de 13 de abril, seria o acordo para fornecimento de comida para os funcionários do serviço de urgência.
Outro contrato, da mesma data, foi assinado pelo secretário interino de Mobilidade Urbana, Felipe Dellevedo. Esse, tem duração de seis meses, com valor de R$ 9,4 mil para o fornecimento de 475 marmitas. As secretarias de Obras e Serviços Públicos, Administração e Habitação também tem contrato vigente com essa empresa. Os prazos variam de 6 a 10 meses. As três pastas juntas pagarão R$119,9 mil por 6.054 refeições. A empresa confirmou mantém contrato com o Ceprosom, Prefeitura de Limeira, além da Etec Trajano Camargo.
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