Moradora recebe ordem de despejo de casa que 'comprou' de imobiliária
A Gazeta encontrou e conversou com mais uma vítima da Imobiliária "A Popular Imóveis". Ela é uma cozinheira desempregada, de 47 anos, que recebeu essa semana uma ordem de despejo da casa que ela havia "comprado" pela imobiliária. O prejuízo dela gira em torno de R$ 250 mil. Há cerca de um ano e 10 meses, centenas de pessoas procuraram o 1º Distrito Policial para relatar que estavam tendo problemas com a imobiliária. A reclamação, em suma, era que o casal, proprietário do negócio, estaria enganando os clientes e se apossando de valores repassados a ele.
A vítima explicou, em entrevista para Gazeta, que foi à sede da empresa, que ficava na rua Barão de Campinas, no Centro, para que a imobiliária vendesse uma casa, que fica no Jardim Aeroporto. Ela já havia feito negócio com Rose, em outro imóvel que tinha, localizado, no Jardim Lago Azul. Enquanto esperava a venda da casa do Jardim Aeroporto, lhe foi oferecida a casa do Jardim Nova Suíça. "A promessa da Rose é que, se eu gostasse da casa do Nova Suíça, poderia comprá-la, em definitivo. Nos primeiros meses, ela nem me cobrou aluguel”, disse.
Passado o período combinado, a cozinheira disse que procurou Rose e manifestou a vontade de comprar a casa que estava ocupando. "A casa do Jardim Aeroporto, que ela tinha vendido, valia R$ 20 mil a menos que a casa do Jd. Nova Suíça. Como ela era a responsável pelos negócios, nem vi o dinheiro, mas pedi R$ 30 mil para reformar a casa que iria adquirir", alegou a vítima. O valor foi depositado na conta dela e ficou acordado que os R$ 50 mil de diferença, seria pago em 50 parcelas de R$ 1 mil e que, só no final da quitação da dívida, ela me passaria a escritura, já que a casa seria dela", alegou a mulher.
No meio deste período, o escândalo envolvendo a imobiliária veio à tona. Com medo, ela chegou a conversar com Rose. "Ela me disse que era mentira o que estavam falando dela [acusações] e que jamais me prejudicaria", disse a mulher à Gazeta. A surpresa ocorreu quando, no primeiro semestre de 2020, já com a imobiliária fechada e o paradeiro da empresária desconhecido, a mulher foi procurada por um homem, que alegava ser dono da casa, que ela teria comprado.
"Mostrei toda documentação dos negócios que havia feito com a Rose e ele me disse que quando procurou a imobiliária, a intenção era alugar, e não vender, a casa", disse ela. Durante a conversa, a cozinheira descobriu que os R$ 1 mil que ela pagava, como a diferença na compra do imóvel, na verdade chegava ao dono da casa como aluguel. "Quando a imobiliária fechou e ele parou de receber, veio atrás. Agora ele quer o imóvel que eu "comprei" da Rose. A ordem de despejo chegou nesta semana. "A casa é dele e ponto. Vou ter de sair, mas espero que ele entenda que fui vítima de um golpe e dê tempo para me organizar", finalizou a mulher.
DOIS LADOS
Antes de comprar a casa do Jardim Aeroporto, a mulher já havia entregue uma casa no Jardim Lago Azul, onde morava com o ex marido e os filhos. "Depois que eu me separei, não consegui honrar meus compromissos com o financiamento do imóvel e procurei a Rose. Ela me prometeu que iria dar um jeito e que, no final, não ficaria com dívida", alegou.
A casa do Jardim Lago Azul foi entregue a uma outra pessoa que, segundo apurado, estaria pagando o financiamento da casa. "Eu ia pegar o boleto na Caixa e entregava para a Rose pagar. E ela não pagava. O financiamento correu juros e o meu nome e o do meu ex marido estão sujos, com uma dívida de cerca de R$ 100 mil. Só que, tal como a casa do Jardim Nova Suiça, a escritura não foi passada. "Eu ainda sou dona da casa do Lago Azul e pedi para reavê-la na justiça. Fico mal, pois estou passando pela mesma angústia que causarei na pessoa, mas preciso de um lugar para ficar", frisou a mulher, que mora com dois filhos, teve fratura em uma das pernas recentemente e está desempregada. "Nunca imaginei que ela iria fazer isso comigo. Dizia que era da igreja, boazinha, mas ferrou com a minha vida", ressaltou a mulher.
Polícia Civil indicia casal de empresários por estelionato
Além de Rose, o marido dela também estaria envolvido nos problemas envolvendo a imobiliária. Eles foram indiciados, em janeiro deste ano, por estelionato, pelo delegado Francisco Lima, titular do 1º Distrito Policial. No entanto, o Ministério Público mandou desmembrar o inquérito para que cada um, das centenas de casos, sejam analisados individualmente. Enquanto isso, a empresária processou uma das pessoas enganadas por uso da imagem dela, nas redes sociais.
Em entrevista à Gazeta, em dezembro, a empresária diz "não ser santa", mas disse ter o sonho de "ter oportunidade de trabalhar para pagar todas as pessoas".
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