Porteiro mata ex companheira em fazenda da zona rural
O porteiro J.C.C., de 71 anos, foi preso em flagrante pela Polícia Militar (PM) durante a noite de anteontem, depois de matar, com uma facada, a ex companheira, a auxiliar de serviços gerais, Ivanete Santina Carvalho Candinho, de 52 anos. Ambos foram casados cerca de 15 anos e, recentemente se separaram, pelo comportamento agressivo do porteiro.
A corporação estadual informou que foi solicitada, via 190, a uma fazenda, no bairro do Parronchi, zona rural de Limeira, pois uma mulher tinha sido esfaqueada e estava caída, com a faca cravada na região das costas. O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) também foi acionado, mas o médico responsável pela Unidade de Suporte Avançado, constatou o óbito da auxiliar, ainda no local. Ivanete foi encontrada caída em uma estrada, já no interior da fazenda. O ponto onde ela foi encontrada fica a cerca de 200 metros da entrada da propriedade.
Quando chegaram para atender o caso, os militares foram informados sobre a possível autoria do crime e passaram a fazer buscas pelo condomínio, pois o suspeito mora no local. Ele foi encontrado pouco depois, andando no meio de uma área verde. Questionado, J. confessou o crime e foi levado para a delegacia. A equipe plantonista esteve no local e o delegado Assis J. Cristofoletti determinou pela prisão em flagrante de J. por homicídio qualificado (feminicídio). Familiares da vítima e do acusado foram ao local e acompanharam de perto o desfecho do caso, ainda no condomínio. O caso figura como o segundo caso de feminicídio registrado em Limeira, em 2022. O primeiro ocorreu no Jardim Caieira, em 22 de fevereiro, quando Luciana de Oliveira Camargo, foi morta também a facadas, dentro de casa, pelo ex marido, o frentista W.W.A, de 41 anos. Ela não teve chance de socorro e ele foi preso, no dia seguinte, por uma equipe de Força Tática Polícia Militar.
BOLETIM DE OCORRÊNCIA
A vítima havia registrado, em março, um boletim de ocorrência contra o porteiro na DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de ameaça, injúria e violência doméstica. No dia 3 daquele mês, Ivanete procurou a delegacia especializada para relatar que havia sido xingada pelo ex, que acreditava estar sendo traído. Ela teria dito que à escrivã que ouviu do porteiro que ele “não bateria nela para não se sujar”. A polícia acredita que, foi nessa época, que o casamento terminou.
“Peguei a faca porque ia matar, dependendo do que ela me dissesse”, alegou porteiro
Depois de ser preso e encaminhado ao plantão policial, o porteiro conversou com a Gazeta, à espera do registro do caso. Na área comum da delegacia, o porteiro confessou o crime para a reportagem e contou detalhes da discussão que teve com a vítima, que causou a agressão fatal.
Segundo ele, desde março, quando se separaram, a mulher vinha lhe provocando. “Ela me provocava e dava a cara para eu bater. Cheguei a pedir para Deus colocar a mão nessa situação, pois eu não estava mais aguentando as provocações dela”, alegou ele.
Na quarta-feira à noite, o porteiro disse que estava em casa (ele mora em um imóvel ao lado da portaria da fazenda), quando a vítima passou e abriu o portão. “Ela não costumava sair naquela hora. Pensei que ela poderia estar indo ao médico e fui atrás para saber o que ela estava fazendo na frente da fazenda”, disse. Foi quando, segundo ele, uma discussão começou, pois ela teria dito que estava à espera de um colega. “Quando perguntei que colega era aquele, ela me respondeu que era o novo namorado dela. Pedi para ela não fazer aquilo antes de nossa separação oficial no papel, mas ela disse que a vida era dela e que ela receberia quem quisesse na casa onde estava morando depois da separação”, disse o idoso.
Chateado, ele ainda tentou argumentar, mas resolveu voltar para dentro de casa. “Mas aí eu pensei que ela estaria fazendo aquilo para me provocar, pois teria de ficar vendo o tal namorado entrar e sair com ela. Não aguentei. Decidi voltar e peguei a faca, pois dependendo do que ela me dissesse, daria uma facada nela”, relembrou J..
Quando retornou, encontrou a mulher ao telefone. Ivanete conversava com a irmã. “Ela estava dando risada, alegando que eu estava bravo. Pedi para falar com a irmã, que me pediu para que eu a deixasse em paz. No meio da conversa, Ivanete disse que receberia de qualquer jeito o tal colega ainda hoje [quarta-feira], puxou o telefone da minha mão e virou ainda dando risada do que estava aconteceu. Foi aí que decidi dar a facada nela”, relatou. J. disse ainda que pretendia se matar, mas que não conseguiu tirar a faca das costas da mulher, que correu gritando por socorro. “Eu ia pegar a faca e ia me matar. Não nasci para ser preso”, frisou ele, que não tinha passagem criminal. “Não acredito que eu fiz isso com a minha vida. Agora, tenho de pagar pelos meus erros. Lamento pelos meus filhos, netos e bisnetos, mas agora não tem mais volta”, finalizou.
Irmã ouviu vítima pedir por socorro e agonizar, até morrer
Ao telefone com Ivanete na hora que ela foi golpeada estava a irmã, de 60 anos. Ela foi arrolada como testemunha e falou com a reportagem sobre o que ouviu. Segundo a irmã, assim que foi golpeada, Ivanete acreditava ser sido atingida por uma paulada. “Eu pedi para ela correr, porque sabia que o J. era perigoso. Percebi que ela estava correndo e gritando o nome de alguém, mas de repente, ela disse que estava fraca e que iria desmaiar. Depois disso, só ouvi a queda e ela agonizando”, relembrou a mulher. Ela começou a ligar para parentes que moravam mais próximos da fazenda, pedindo para corressem lá para ver o que estava acontecendo. “Sai correndo de casa, mas moro longe. Liguei para uma parente que mora mais perto e expliquei o que estava acontecendo. Quando cheguei lá, encontrei minha irmã ainda com a faca cravada nas costas”, disse a mulher, revoltada com o suspeito que havia acabado de deixar o ambiente comum da delegacia.
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