O eletricista aposentado A.S.T.S., de 42 anos, autor confesso do feminicídio de Fábia Andreia Alves da Costa, de 38 anos, no último dia 9, deve responder também por quatro tentativas de homicídio. Ele foi autuado em flagrante pelo assassinato da mulher e permanece preso por tempo indeterminado.

A Promotoria Pública, que denunciou o homem ontem, entendeu que o aposentado assumiu o risco de matar ao jogar o carro que conduzia pela Rodovia Dr. Cássio de Freitas Levy (Limeira - Cordeirópolis) contra um veículo Hyundai Creta, que seguia em sentido contrário. O promotor Rafael Fernandes Viana pediu a pronúncia do acusado, para que ele seja submetido a júri popular, por se tratar de crimes contra a vida. 

Em seu relatório, o promotor disse que “não há dúvidas de que [ele] assumiu o risco de produzir a morte de vítimas, revelando, a despeito da previsibilidade do risco de óbito de terceiros pela condução irregular de seu veículo, total indiferença, não tendo as vítimas falecido por fatos totalmente alheios à vontade do agente”, relatou Viana. 

O CASO
O assassinato ocorreu na casa de uma amiga de Fábia, onde ela passava o final de semana, após decidir romper o relacionamento que mantinha com seu algoz. Segundo um dos filhos dela, que prestou esclarecimento à Polícia Civil, o casal, morador do Jardim Cordeiro, em Cordeirópolis, tinha um relacionamento, aparentemente, estável. Mas, nas últimas duas semanas, Fábia havia demonstrado o interesse de terminar o casamento de cerca de 20 anos. A justificativa dela era o comportamento possessivo e extremamente ciumento do marido. Fábia foi atingida, a princípio, por 36 facadas. 

Após o crime, A. tentava voltar para Cordeirópolis. Ele transitava com a GM Spin preta, quando jogou o carro para cima de um Hyundai Creta cinza, com placas de Limeira, conduzido por uma mulher de 37 anos. Ela estava acompanhada dos pais e da filha, de 10 anos. Com o impacto, os ocupantes tiveram escoriações e foram levados para o Hospital Municipal de Cordeirópolis. O causador do acidente também ficou ferido, mas sem gravidade.

Funcionários do pedágio da rodovia tiveram contato com ele pouco antes do ocorrido. Uma arrecadadora, que foi a responsável pela cobrança, disse ter percebido o estado em que A. estava. “Ele estava com os braços e o pescoço sujos de sangue e tremia de nervoso”. Dentro do automóvel dele foram localizados vidros de veneno para ratos e de produtos químicos que, segundo o acusado, teriam sido ingeridos, com a intenção de autoextermínio.