A Revolução de Maria Thereza

Maria Thereza, à esquerda do oficial, na Cruz Vermelha em Limeira durante a Revolução de 1932

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Até hoje única prefeita de Limeira e primeira do Estado, atuação foi além de 1932

O levante paulista de 1932 na busca de uma nova Constituição para o Brasil é relembrado hoje, quando completa 87 anos. A Revolução Constitucionalista mobilizou não só soldados, como mulheres. Em Limeira, duas Marias fizeram história: Maria José Barroso, a Maria Soldado, que deixou a enfermaria para pegar armas e ir para o front, e Maria Thereza Silveira de Barros Camargo, que agiria politicamente nas etapas para a busca da Constituição.

A atuação de Maria Thereza, ou dona Therezinha, como também era chamada, foi documentada. Sua participação nas assembleias constituintes enquanto deputada estão registradas num álbum, guardado pela filha, que herdou o nome, e o apelido de Marieza, que ostenta o lago do bosque no Centro de Limeira que tem o nome de ambas. O material chegou às mãos de Thereza Christina Rocque da Motta, filha de Marieza. Aos 62 anos, a advogada, editora e pesquisadora doou ao museu inúmeras fotos e objetos da chácara da família, o Palacete Tathuiby.

O acervo inclui um álbum com as fotos da participação da então deputada na assembleia constituinte em São Paulo, além de um quadro encomendado por Maria Thereza a Tony Koegel em 1934. Era o grande artista das famílias de prestígio, tendo assinado diversas obras a ela. Nesta, no entanto, são unidas várias simbologias da época.

O material é apresentado pela museóloga Letícia França, do Museu Histórico Pedagógico Major José Levy Sobrinho, e por Maxwell Ferreira de Campos, arquiteto da Taboca, escritório que está desenvolvendo o projeto de restauro do palacete, a ser feito pela Unimed, como contrapartida da ampliação do hospital no Centro. Os registros históricos são fruto da busca de elementos para recomposição do imóvel, que teve grande importância no ciclo de antepassados e herdeiros do casal Maria Thereza e Trajano de Barros Camargo.

AS FOTOS

Maria Thereza atuou junto à Cruz Vermelha durante os combates, em 1932. Há fotos documentando a sua participação, em ações necessárias como o banco de sangue. Com sete filhos, havia perdido o marido em 1930, e assumido não só a Machina São Paulo, que seria a "mãe" das demais indústrias limeirenses, como a vida política. Neta do primeiro presidente civil, Prudente de Moraes, ela seria nomeada prefeita de Limeira em 1934. Primeira do Estado, única até hoje, em Limeira. Exerceu o cargo naquele ano, e no seguinte foi eleita deputada pelo Partido Constitucionalista, garantindo representação nas assembleias para a nova Constituição.

Numa das fotos, ela está de costas, assinando o documento da assembleia constituinte. Em outra, aparece como única mulher entre diversos homens, numa amostra de sua circulação política em tempos nos quais o voto feminino era incipiente. Além dela, havia apenas mais uma mulher entre as representantes do Estado, mas que não aparece na foto.

O QUADRO

A obra de Koegel com a temática da vitória constitucionalista ostentava a sala de jantar da família, na chácara (ou Palacete Tathuiby), conforme acervo conservado pela família. Agora, a pintura está no museu, e precisará de restauro.

A obra evidencia a mulher, com três delas no plano principal, uma segurando a tocha. Três bandeiras estão sobrepostas: a do Partido Constitucionalista, à frente da bandeira do Estado de São Paulo, que está à frente da do Brasil.

No plano inferior, dois homens e uma peça com engrenagens simbolizam a força do trabalho na indústria. Atrás das mulheres, no plano superior, os soldados da revolução são representados.

A HISTÓRIA

O material enriquece o acervo municipal sobre o tema, como ressalta Letícia, e o objetivo é futuramente expor não só as fotos como as peças que ornamentaram o palacete que será restaurado.

Até lá, o acervo recebido pela família está em processo de catalogação, e posteriormente será disponibilizado a pesquisadores. Mas o museu mantém a mostra de peças da Revolução, com visitação das 9h às 17h entre amanhã e sexta-feira e das 8h às 12h no sábado. Hoje, a Prefeitura de Limeira promove ato de memória ao movimento de 1932, às 9h, na Praça do Soldado Constitucionalista (mausoléu do sargento Pierrotti, Cemitério Saudade I). 

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