Oscar 2025: Pedras no caminho do Brasil
Por José Farid Zaine
@farid.cultura
O Brasil inteiro sonha com o Oscar. Chegamos perto algumas
vezes, mas nunca levamos. Há coisas incríveis sobre a relação do país como o
mais cobiçado prêmio do cinema. Em 1960, por exemplo, o filme “Orfeu Negro”
ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, hoje chamado Filme Internacional,
representando a França, dirigido por Marcel Camus, embora filmado inteiramente no Brasil, com
elenco quase 100% brasileiro, baseado na obra “Orfeu da Conceição” de Vinícius
de Moraes e com música de Tom Jobim e Luiz Bonfá. Dá pra entender?
Quando “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte, ganhou a
Palma de Ouro no Festival de Cannes, o país achou que já estava com as mãos na
estatueta dourada. O filme chegou aos 4 indicados do ano de 1963, como primeiro
filme sul-americano a atingir esse posto, mas perdeu para o francês “Sempre aos
Domingos”, um belo drama que não se compara à obra-prima brasileira. O Brasil
chegou outras três vezes aos finalistas da categoria com “O Quatrilho”, “O Que
é Isso, Companheiro” e “Central do Brasil”. No caso de “Central do Brasil”, em
1999 havia uma enorme expectativa, pela extraordinária beleza do filme, e por
ter também Fernanda Montenegro indicada a Melhor Atriz. Mas o italiano “A Vida
é Bela” chegou com 7 indicações, incluindo a de melhor filme do ano, já como
grande favorito a Melhor Filme Estrangeiro, o que de fato aconteceu, e o filme
levou ainda os prêmios de Melhor Ator para Roberto Benigni e Melhor Trilha Sonora.
E Fernanda perdeu para Gwyneth Paltrow, com uma interpretação linear e pouco
inspirada em “Shakespeare Apaixonado”. Imperdoável.
Na próxima edição do Oscar, a ser entregue no dia 2 de março
de 2025, a história se repete: Temos um filme de Walter Salles, o diretor de
“Central”, com ótimas chances de ser indicado a Melhor Filme Internacional,
“Ainda Estou Aqui”. E tem de novo uma Fernanda , agora a Torres, com chances de
ser indicada a Melhor Atriz. Nos dois casos, temos duras pedras no caminho.
AINDA ESTOU AQUI
O magnífico filme de Walter Salles, campeão de bilheteria no
Brasil, ganhou o prêmio de melhor roteiro em Veneza, e desde então tem sido
aplaudido em muitos festivais e atraído a atenção da imprensa internacional. Chegou nesta semana à shortlist
que é a primeira peneirada dentre os candidatos a melhor filme internacional,
ficando entre os 15 pré-selecionados da categoria. Junto com ele está seu
principal algoz, o filme francês “Emilia Pérez”, de Jacques Audiard, que está
em 6 das shortlists anunciadas, e lembrando que “Emília Pérez” tem dez
indicações ao Globo de Ouro e o Brasil tem apenas duas. Pedreira. E uma má
notícia, se assim podemos dizer: “Emilia Pérez” é um filme maravilhoso, o que
abriu o Festival do Rio em 2024. Haja torcida.
FERNANDA TORRES
Aplaudida no mundo todo, Fernanda tem uma interpretação
soberba em “Ainda Estou Aqui”, em que interpreta Eunice Paiva, viúva de Rubens
Paiva, morto pela Ditadura Militar nos anos 1970. Caso seja indicada ao Oscar,
Fernanda terá pela frente fortíssimas concorrentes, sendo as mais cotadas a
jovem Mikey Madison (Anora), a atriz trans espanhola Karla Sofia Gascón (Emilia
Pérez) , Cynthia Erivo (Wicked) e as veteranas e divas Angelina Jolie (Maria) e
Nicole Kidman (Babygirl), isso sem mencionar grandes atrizes que também estão
no páreo, como Marianne Jean-Baptiste (Hard Truth), Demi Moore (A Substância),
Saoirse Ronan (The Outrun) e Tilda Swinton (O Quarto ao Lado). Como se vê,
parada duríssima.
TORCIDA
De qualquer forma, fiquemos na expectativa e na torcida por
“Ainda Estou Aqui” e nossa Fernanda Torres. O filme e a atriz estão fazendo
grande barulho nos Estados Unidos. Que esse barulho seja ouvido pelos membros
da Academia.
OSCAR 2025 : Os indicados aos prêmios da Academia em todas as
categorias serão anunciados no dia 17 de janeiro e a cerimônia de premiação aos
vencedores será no dia 02 de março.
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