Sucessão familiar: Brasil precisa entender a magnitude do preparo para a transferência de liderança
Por Giordania Tavares
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90% das empresas brasileiras possuem perfil familiar, sendo elas as responsáveis por mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Ao mesmo passo, dados do Banco Mundial revelam que somente 30% das corporações com esse perfil chegam à 3º geração e apenas 15% ultrapassam a sucessão de três gerações.
Considerando o contexto, no qual as empresas familiares desempenham um papel extremamente importante na economia do Brasil, faz-se imprescindível refletirmos sobre os motivos pelos quais a maioria das sucessões resultam em fracasso. Segundo o SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, os principais desafios na gestão dessas corporações são: apego e centralização excessiva de poder, sobreposição de papeis, dificuldade de reconhecer e trabalhar as próprias limitações pessoais, além da falta de um planejamento sucessório adequado.
Neste ponto, é necessário destacarmos que, de acordo com um estudo divulgado no último ano pela Talenses Executive, apenas 33% das organizações no Brasil têm um programa formal de preparação de sucessores para cargos de liderança. A informação é alarmante se considerarmos o fato de que o preparo para os mais diversos níveis de liderança é o grande responsável por fornecer ao sucessor as condições cruciais para manter o desempenho do negócio na ausência de gestores.
Aqui, vale o alerta de que, conforme o SEBRAE, o nepotismo e o favoritismo representam um risco significativo nas empresas familiares, uma vez que a ascensão de parentes devido à laços sanguíneos e não à competências e mestrias, pode comprometer a moral da equipe de modo a afetar negativamente a performance geral.
Neste cenário, a sucessão familiar dentro das corporações precisa ser cautelosamente delineada, visto que a ausência de uma boa governança corporativa pode comprometer o futuro das organizações. É vital estabelecer um plano de sucessão o quanto antes e começar a compartilhar as decisões com os sucessores, permitindo que os mesmos ampliem a visão de negócio, se desenvolvam profissionalmente e disponham de conhecimentos e consistência para dar sequência ao legado da gestão anterior.
Em dada conjuntura, é possível afirmarmos que é chegada a hora de as corporações brasileiras compreenderem a relevância e a seriedade de preparar os sucessores de forma adequada para que os mesmos estejam aptos a analisar e implementar soluções inovadoras que favoreçam o crescimento dos negócios, preservando, ao mesmo tempo, a essência da organização. A capacitação garante que o novo líder se posicione de forma eficaz no setor, no negócio e nos processos, de modo que ele inove com confiança, sem perder a oportunidade de aproveitar toda a experiência acumulada pelo predecessor, o que é fundamental para a continuidade e sucesso das empresas.
*Giordania R. Tavares é graduada em administração pela UNICID, com especialização pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. A executiva tem mais de 20 anos de experiência no mercado de portas rápidas industriais e equipamentos desenvolvidos especialmente para isolamento e segurança dos mais variados ambientes industriais e logísticos, e como CEO foi responsável por tornar a Rayflex expoente de mercado no Brasil e na América Latina.
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