Por José Farid Zaine

@farid.cultura

Ainda sob o impacto da indicação de “Ainda Estou Aqui” a MELHOR FILME DO ANO NO OSCAR 2025, fato inédito e histórico, junto com as indicações a Melhor Filme Internacional e de Fernanda Torres a Melhor Atriz, a temporada de premiações esquenta com o Oscar, a principal delas. Vamos à análise de mais dois filmes que estão fortes na competição:

ANORA

Desde que ganhou a Palma de Ouro em Cannes em 2024, “Anora” tem frequentado praticamente todas as premiações do cinema nesta temporada. A história não é nada original: uma prostituta do Brooklyn se envolve com o filho de um magnata russo, casa-se com ele num impulso durante uma semana em que ele “compra” a companhia dela, e passa a viver um conto de fadas... até que, naturalmente, surge a família rica que não quer nem pensar em deixar esse romance prosperar. Há muitas histórias parecidas, muitos enredos semelhantes já usados no cinema desde sempre, mas a lembrança mais natural é a de “Uma Linda Mulher”, embora os desfechos das histórias sejam bem diferentes. Quem dá vida a “Anora” é a jovem atriz Mikey Madison, muito premiada por esse papel que ela vive com propriedade e intensidade e que a levou ao Globo de Ouro na categoria de comédia ou musical, quando perdeu para Demi Moore, por “A Substância”. Agora ela está entre as cinco finalistas do Oscar de Melhor Atriz, concorrendo com nossa Fernanda Torres – que ela não enfrentou no Globo de Ouro, pois Fernanda estava na categoria de filme de drama, que venceu – e com Demi Moore, que levou o Globo de Ouro. “Anora” teve seis indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor (Sean Baker) e Melhor Ator Coadjuvante para Yura Borisov, no papel de Igor, que se interessa pela protagonista quando seu jovem e irresponsável marido Ivan (Mark Eidelstein) resolve deixar claro que o casamento era apenas uma aventura inconsequente. Em sua guerra para defender o que julga ser seu, Anora provoca um tsunami familiar, até bem cômico. O filme é vibrante, às vezes bem barulhento, mas consegue segurar o interesse do público, principalmente pela força de Mikey Madison.

ANORA – Filme de Sean Baker com 6 indicações ao Oscar 2025 – em cartaz em cinemas da região.

Cotação: ***BOM

CONCLAVE

Edward Berger mostrou muito do seu talento em 2022, quando dirigiu “Nada de Novo no Front”, remake de um filme alemão de 1930 também baseado na obra de Erich Maria Remarque. Indicado em nove categorias no Oscar 2023, venceu em 4, incluindo Melhor Filme Internacional. “Nada de Novo no Front” tem sua dramática história ambientada na Primeira Guerra Mundial, com seu poder devastador sobre os jovens, principalmente.  Em 2024, Berger surgiu com uma obra totalmente diferente, mas como diz uma das personagens em determinada cena, “estamos em guerra”. No caso, uma guerra muito particular, aquela que é travada dentro do Vaticano, protagonizada pelos cardeais de todo o mundo, durante a escolha de um novo Papa, quando morre o que está no poder. O filme é “Conclave”, inteiramente focado na eleição de um Papa, revelando com detalhes poucas vezes mostrados, os procedimentos da votação secreta, quando os cardeais ficam isolados de tudo e focados na manutenção ou destruição de “candidaturas”. Na história, o Cardeal Lawrence, interpretado com brilhantismo por Ralph Fiennes, é incumbido de levar adiante a difícil tarefa de conduzir o conclave. A princípio, com tal sinopse, pode parecer que o filme seja monótono. Pelo contrário, há um enredo intrincado que gera drama e mistério, além de alta dose de suspense. Um elenco primoroso carrega com categoria todos os minutos do longa, com destaque para John Lithgow como o Cardeal Tremblay e Isabella Rossellini, como a Irmã Agnes. Dentre as oito indicações ao Oscar 2025, que incluem Melhor Filme e Melhor Roteiro adaptado, estão Ralph Fiennes como Melhor Ator e Isabella Rossellini como Melhor Atriz Coadjuvante. Berger não foi indicado pela direção.

CONCLAVE – Filme de Edward Berger com 8 indicações ao Oscar 2025 – em cartaz nos cinemas, inclusive os de Limeira.

COTAÇÃO: ****MUITO BOM