É do Brasil, Fernanda!
Elis Monfardini
elisandra@gazetadelimeira.com.br
Neste domingo, o Brasil celebrou um marco histórico no
cinema mundial. Fernanda Torres, com uma atuação brilhante no longa Ainda Estou
Aqui, tornou-se a primeira brasileira a conquistar o Globo de Ouro na categoria
de Melhor Atriz em Filme de Drama. A premiação consagrou a atriz entre gigantes
como Pamela Anderson, Angelina Jolie, Nicole Kidman, Tilda Swinton e Kate
Winslet.
Fernanda não apenas fez história, mas nos toca em um tema
que ressoa profundamente com os brasileiros: o “complexo de vira-lata”. A
expressão, cunhada pelo jornalista Nelson Rodrigues em 1958, descreve a
sensação de inferioridade que o Brasil, muitas vezes, adota em relação ao resto
do mundo. No entanto, a vitória de Fernanda é um lembrete poderoso de que o
talento brasileiro não apenas compete, mas triunfa em grandes palcos globais.
O reconhecimento internacional de uma artista brasileira
deveria ser motivo de celebração irrestrita. Contudo, como ficou evidente nas
reações às premiações, ainda carregamos um misto de orgulho e insatisfação.
Embora Ainda Estou Aqui não tenha vencido na categoria de Melhor Filme
Estrangeiro, a indignação com a decisão mostra que os brasileiros, enquanto se
cobram intensamente, são igualmente rápidos em defender o que é seu quando
confrontados pelo olhar estrangeiro.
Essa dicotomia—ora críticos ferozes de nós mesmos, ora
defensores apaixonados da pátria—revela a complexidade de nossa relação com a
identidade nacional. A própria Fernanda Torres já disse certa vez que “o Brasil
é um país que não acredita em si mesmo, mas que tem razões de sobra para isso”.
É tempo de celebrarmos mais e lamentarmos menos. De nos
enxergarmos como iguais entre os melhores, como Fernanda Torres provou ser. Que
este Globo de Ouro seja mais do que um troféu, mas um marco de superação para o
Brasil, na arte e além dela. A vitória de Fernanda não é apenas sua: é nossa.
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