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Folia aliada à sustentabilidade: um carnaval consciente começa pela reciclagem
Por Simone Carvalho*
O carnaval é uma das maiores festas populares do mundo, e vem conquistando cada vez mais espaço quando o assunto são soluções sustentáveis, especialmente no que diz respeito à reciclagem. Neste contexto, ações como a coleta de resíduos gerados durante os desfiles e bloquinhos são essenciais para minimizar os danos que podem ser causados pelo descarte incorreto dos resíduos.
Em 2022, só em Salvador, um dos berços do festejo, cooperativas coletaram 545 toneladas de plástico e 118 toneladas de metal nos meses de fevereiro e março do ano. Em 2023, o processo de destinação correta de resíduos sólidos realizado durante o carnaval da Sapucaí, no Rio de Janeiro, foi reconhecido como a maior ação de reciclagem de latas do mundo, recolhendo cerca de sete toneladas de latinhas durante os quatro dias de desfiles. Já em 2024, a AMBEV, detentora de mais da metade do mercado brasileiro de cervejas, afirmou ter investido R$ 5 milhões em logística reversa no período, retirando 175 toneladas de resíduos recicláveis dos festejos carnavalescos.
Em sinergia com este tipo de ação, o Instituto Heineken e Solar Coca-Cola estão entre as patrocinadoras de ações com catadores e cooperativas nos carnavais de São Paulo, Recife, Salvador e Rio de Janeiro, todas em parceria com a Ancat (Associação Nacional de Catadores).
Entretanto, mais do que apenas iniciativas, os números mostram o quanto as ações de conscientização para o descarte correto contribuem não apenas para a sustentabilidade, mas também para a promoção da economia circular desses materiais. Além disso, ações como essa geram fonte de renda extra para milhares de famílias, que durante estas comemorações recebem uma remuneração acima do preço médio fora da data.
Para que esse cenário continue sendo positivo também para o meio ambiente, existem mais medidas que podem ser tomadas durante o carnaval, como a instalação dos pontos de descartes seletivos em locais estratégicos e visíveis, campanhas de educação ambiental para instruir os foliões, incentivos para o uso de adereços e fantasias produzidos com materiais reciclados e a implementação sistemas de devolução de embalagens.
Desta forma, a adoção dessas práticas não só diminui os impactos ambientais do carnaval, mas também fortalece a cultura da sustentabilidade, demonstrando ser possível celebrar de maneira consciente e responsável. Além disso, as ações de reciclagem realizadas durante este período têm o potencial de gerar um impacto positivo que se estende ao longo do ano inteiro. Ao envolver comunidades, empresas e órgãos públicos na gestão de resíduos, cria-se uma rede de colaboração contínua que incentiva práticas sustentáveis em outras festividades e no cotidiano das cidades.
Simone Carvalho é integrante do grupo técnico do Movimento Plástico Transforma
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