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O que é cuidado Paliativo?

Queridos leitores, as matérias de nossa coluna são muito dinâmicas. Essa semana aconteceu um fato em minha rotina profissional muito comum, porém para um leigo pode muitas vezes não ser a melhor coisa que ele gostaria de ouvir. O cuidado paliativo é uma abordagem centrada na qualidade de vida dos pacientes que enfrentam doenças graves ou incuráveis. Ele tem como objetivo aliviar o sofrimento, seja físico, emocional, social ou espiritual, e oferecer suporte também às famílias. Diferente do tratamento curativo, que busca eliminar a doença, o cuidado paliativo foca no conforto e na dignidade do paciente, independentemente do estágio da enfermidade. A Importância da paliatividade pode ser desde doenças como o câncer até pacientes com Alzheimer. A primeira condição dos cuidados paliativos é reduzir as dores, náuseas, fadiga, falta de ar e outros desconfortos que impactam negativamente a vida do paciente. O apoio psicológico do médico nesse momento ajuda pacientes e famílias a lidarem com os aspectos emocionais, preconceituosos e psicológicos associados a doenças graves e incuráveis. Algumas vezes lidamos com pacientes que conseguem conversar e interagirem sobre a extensão e a gravidade de seu problema, por isso respeitar a sua autonomia é muito importante, ouvi-lo e valorizar as escolhas e prioridades do paciente, respeitando sua individualidade e desejos no final da vida. A humanização do cuidado paliativo proporciona uma abordagem empática, acolhedora e personalizada, reduzindo a sensação de abandono e solidão. Doutor, quais são as regras para o uso do cuidado paliativo? Os cuidados paliativos podem ser oferecidos em qualquer estágio de uma doença grave, especialmente em casos de doença progressiva e incurável, como câncer avançado, demências (incluindo Alzheimer), insuficiência cardíaca ou pulmonar crônica. O tratamento curativo já não traz mais benefícios significativos. É necessário alinhar expectativas e proporcionar suporte emocional a pacientes e familiares diante do prognóstico. Sempre ouço dos familiares, “mas Doutor isso não é o mesmo que eutanásia? Paliatividade não é eutanásia. Uma das principais confusões em torno do cuidado paliativo é associá-lo à eutanásia. É essencial esclarecer a diferença. Paliatividade, trata-se de cuidar, aliviar sintomas e promover conforto sem abreviar ou prolongar a vida de forma artificial. É uma prática ética, humanizada e reconhecida mundialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Eutanásia, consiste em uma intervenção ativa para provocar a morte, com o objetivo de pôr fim ao sofrimento do paciente. Imagine um paciente com uma doença terminal, como câncer em estágio avançado, que está em grande sofrimento devido a dor intensa e progressiva, mas que ainda está consciente. A eutanásia seria a administração deliberada de uma substancia letal, como uma injeção de medicamentos, para interromper sua vida intencionalmente e de forma imediata, com o objetivo de acabar com o sofrimento. Essa prática é proibida no Brasil e levanta questões éticas e legais em muitos países. No cuidado paliativo, o foco não é encurtar a vida, mas garantir que os dias restantes sejam vividos com o máximo de conforto e dignidade possíveis. Outro questionamento que gostaria de colocar são mitos e verdades sobre a paliatividade. Doutor “cuidado paliativo" significa desistir do paciente. Falso. Pelo contrário, é um cuidado ativo e integral para proporcionar alívio e dignidade. Doutor “paliatividade só é oferecido no final da vida”. Falso. Pode ser iniciado junto ao tratamento curativo em estágios iniciais da doença grave. Doutor, “paliatividade não inclui tratamento médico.” Falso. Medicamentos e intervenções são utilizados para aliviar sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Minha formação foi cristã, prezo pela vida, porém em alguns momentos é preciso tomar decisões e essas decisões competem não só ao médico, mas também à família e principalmente ao paciente, se ele ainda puder interagir. O cuidado paliativo é um pilar fundamental da medicina humanizada. Ele reforça o compromisso com o bem-estar do paciente, mesmo quando a cura não é mais possível. É nosso papel, como profissionais da saúde, educar a sociedade sobre a importância desse cuidado e desmistificar conceitos errôneos, como a confusão entre paliatividade e eutanásia. Acho que uma das decisões mais difíceis em minha vida foi “cuidar da minha mãe em seus últimos dias, quando ela enfrentava um câncer de pâncreas, foi um dos momentos mais desafiadores da minha vida. Interná-la para receber cuidados paliativos não significa desistir, mas sim escolher oferecer conforto, alívio da dor e dignidade em seu momento final. Aprendi que paliatividade é um ato de amor profundo, de respeito pela vida e pelo ser humano, até o último instante. Não é sobre prolongar ou abreviar, mas sobre estar presente, garantindo que a pessoa seja cuidada com humanidade e empatia. Esse é o verdadeiro propósito do cuidado paliativo: transformar sofrimento em paz. “Tenham todos uma boa semana.

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