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Literatura a serviço da vida

Queridos e amados leitores,

 

Nas muitas memórias construídas, vivas são as pessoas que habitam os cantos afetivos dos recônditos da alma. Muitas também, são as canções e os livros que por alguma razão marcaram o íntimo do nosso ser. Seja pela poética que existe em cada refrão, seja por cada verso e reverso nas entrelinhas dos poemas, seja no paradoxo da vida que se refletem nas páginas dos livros, as histórias existem e perpassam por nós o tempo todo.

Victor Frankel depois de perder a esposa e anos de pesquisa nos campos de Auschwitz, se dedicou a compreender as razões que faziam com que muitos ali exilados quisessem viver enquanto outros tantos se entregavam às façanhas da morte em poucos dias. Frankel se agarrou ao que mais amava: a ciência das emoções para ajudar as pessoas a reencontrarem o próprio caminho e não perecer diante das lembranças doídas da vida.  Escreveu o livro “Em busca de sentido” que anos depois, foi utilizado por Edith Eger, para curar e permitir a si mesma um novo olhar sobre as lembranças amargas da vida, além de ser voz por meio da palavra para reerguer muitas pessoas caídas em suas emoções.

Clarice Lispector, redirecionava para o papel a sua intensidade e furor sobre as circunstâncias. Em cada palavra deixou enaltecida a sua condição humana, de pessoa que sabia ser verbo e reverberar o que o tempo jamais apagaria. Já Kafka confrontou a humanidade com sua visão e forma de sentir excêntrica, e mesmo tendo morrido cedo demais, marca o despertar da consciência de muitos jovens nas universidades pelo mundo afora, estes que em busca de um conhecimento permeado de subjetividade, se veem despertos para além de si.

O que todos esses autores têm em comum, foi que tornaram a literatura um instrumento de vida. A poesia salva quando o leitor se permite mergulhar nas belezas das palavras que congregam a emoção, pensamento e visão de viver que eleva a alma, quando nada faz sentido. As crônicas mais provocativas, são aquelas cuja simplicidade é tanta, que nos provocam a ser menos para ser mais. Aquelas que nos fazem debruçar em esmo tantas certezas, para dar lugar a uma eloquência e sabedoria, onde o ego não tem lugar. Os contos trabalham as emoções das crianças e jovens, constroem na subjetividade o que o palpável jamais poderia. A literatura salva aqueles que se livram da ignorância de achar tanto o que não representa nada.

Povos milenares como os japoneses, construíram a própria cultura tendo como base de reflexão, a poética dos haicais. Três frases curtas com um conhecimento expressivo e refletido por muitos, milhares de vezes. Uma das bases de um povo cuja sabedoria ecoa nas atitudes, no pensamento, na generosidade.

Pais e professores aplaudiram a atitude do governo brasileiro de cercear o uso dos celulares dentro das escolas. O relato de muitos educadores é que os jovens voltaram a conversar entre si, nesta semana ouvi de um docente que em sua escola, os estudantes voltaram a pegar livros para ler nas bibliotecas. E por mais que milhares pensem que as crianças não se interessam por livros, a realidade das escolas, é que quando estão entre eles, as crianças permitem viver nelas o que há de melhor na fantasia, projetam nas personagens os medos e aflições da infância, e conseguem maturar dentro de si, o que a realidade não permitiria. Além disso, relacionam personagens das histórias a pessoas reais, podendo ler nas atitudes e palavras, o mal escondido para ficar longe de quem lhes possa fazer mal ou mesmo criar soluções para situações adversas.

A literatura tem poder de formar consciência, fazer refletir, colocar as pessoas no lugar do outro sem que tenham vivenciado as mesmas situações. Instiga a imaginação, a criatividade, o raciocínio lógico, equilibra as emoções. Para os que sabem, permitam-se abrir um livro. Leiam!

 

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