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Tecnologia e os estresses da água e da temperatura no campo

Embrapa*


20 de março - Dia Mundial da Agricultura e 22 de março - Dia Mundial da Água

Os eventos climáticos extremos estão entre os três principais riscos para a lucratividade da agricultura, ao lado do aumento do preço dos insumos e preços voláteis de commodities. As mudanças climáticas têm ampliado tais eventos, aumentando os desafios para a agricultura e para que as pessoas tenham acesso a alimentos em quantidade e qualidade desejáveis.


Os sistemas de produção agrícola estão fortemente relacionados com a segurança alimentar (exige eficácia e eficiência em suas atividades), segurança do alimento (deve-se realizar boas práticas agrícolas), segurança energética (produção de biomassa para transformação e processamento) e com o meio ambiente (é preciso ser sustentável e mitigar as mudanças climáticas, e as plantas precisam ser resilientes ou adaptadas aos estresses oriundos delas).

O clima é um fator determinante para a agricultura, pois sofre interferência direta das variações da quantidade de chuvas, incidência da luz solar, temperatura e umidade do ar, vento, etc. O manejo sustentável do solo é uma estratégia fundamental para mitigar os impactos das mudanças climáticas, além de assegurar a resiliência dos sistemas agrícolas e a disponibilidade de alimentos.


O aumento da temperatura global em 1,5 ºC nas últimas décadas, relatada pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, afeta os padrões de chuvas em todo o mundo, o que pode alterar a sua quantidade e distribuição em muitas regiões. No Brasil, estamos observando com frequência eventos extremos relacionados a distribuição de chuvas, e isso está dentro do esperado devido aos impactos da mudança do clima sobre os recursos hídricos.


Nesse contexto, registra-se também que a demanda de água no Brasil vem crescendo continuamente ao longo dos anos, com destaque para o abastecimento das cidades, a indústria de transformação e a agricultura irrigada, que somam cerca de 83% do total retirado, segundo a Agência Nacional de Água e Saneamento Básico.


A ocorrência de eventos extremos, como secas, pode levar ao maior uso da água para irrigação, enquanto que os efeitos relacionados às altas temperaturas do ar, como as ondas de calor, podem afetar o desenvolvimento e crescimento de plantas. A alteração de componentes do ciclo hidrológico, como a chuva e a evaporação da água no solo, pode afetar a gestão e manejo da água em várias escalas (bacia hidrográfica, perímetros irrigados, grandes e pequenas áreas agrícolas).


A percepção que as pessoas têm sobre a falta de água e, especificamente, em relação àquela destinada à agricultura está ligada, geralmente, aos ambientes semiáridos e áridos. No entanto, isso vem sendo mudado paulatinamente há alguns anos, em razão de alguns acontecimentos caracterizados pela redução temporária da disponibilidade de água em regiões onde existem chuvas com boa distribuição ao longo do ano.


A valorização do recurso hídrico como bem público finito e a conscientização da necessidade de um uso mais racional e sustentável da água são essenciais para que se tenha maior garantia da oferta hídrica para os usos múltiplos. Deve-se também apoiar e aprimorar técnicas de reuso da água e reduzir o desperdício pelos diferentes setores usuários.


A instrumentação agropecuária pode contribuir para a melhoria da resiliência e adaptação da agricultura aos estresses hídrico e térmico decorrentes de mudanças climáticas, por meio da agricultura de precisão (aplicando-se menos ou mais água em uma área irrigada, conforme a necessidade), agricultura digital (monitoramento da irrigação), automação (facilidade para operação da irrigação), inteligência artificial (melhor previsão de chuvas e secas), do uso de novos insumos (aumentam a capacidade de retenção de água no solo) e do desenvolvimento de sensores (melhor aferição da umidade do solo e quantidade de água nas plantas), entre outros.


A Ciência e a Tecnologia podem possibilitar o aumento da qualidade dos alimentos e a própria segurança alimentar, em vista das dificuldades do aumento de produção, que se vislumbra diante das alterações e dos extremos observados no clima.


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