
É mais do que justa a isenção do IR para quem ganha de até R$ 5 mil
A proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês foi uma promessa de campanha do Presidente Lula e que, se for aprovada em 2025, será executada somente a partir do último ano de seu mandato, em 2026. Era o prazo limite e que garante prover sustentabilidade nas contas públicas ao benefício.
É importante lembrar que, ao longo dos últimos anos (ou décadas), a correção da tabela de Imposto de Renda veio sendo propositalmente deixada de lado para taxar um número cada vez maior de contribuintes e elevar a arrecadação.
Para
termos uma ideia, em julho de 1994, no lançamento do Plano Real, era isento de
Imposto de Renda quem recebesse até R$ 561,80 por mês, mas as correções desse
limite de isenção não acompanharam a realidade da inflação. Assim, se
corrigirmos esse valor de 1994 simplesmente pelo IPCA (inflação oficial),
chegamos à conclusão de que a isenção de hoje deveria ser de cerca de R$
4.700,00 para equivaler ao poder de compra de 1994, mas a realidade é que ela é
de apenas para rendas mensais de até R$ 3.036,00, considerando o benefício da
Medida Provisória 1.294/25.
Portanto,
além da ideia de garantir mais renda para a camada da população que mais
precisa, a proposta tem um componente muito forte de justiça social.
Somando-se
o que é justo à disponibilidade maior da renda para cerca de 26 milhões
brasileiros, não há dúvida de que o Congresso Nacional não apresentará nenhuma
oposição à ideia, mas a preocupação se volta ao pagamento dessa conta, já que,
incluindo os descontos progressivos previstos para quem ganha entre R$ 5 mil e
R$ 7 mil por mês, deve chegar a R$ 27 bilhões.
A
proposta enviada para o Congresso prevê que essa conta que beneficia 26 milhões
de brasileiros será suportada por cerca 140 mil contribuintes, com renda
superior a R$ 600 mil por ano ou R$ 50 mil por mês, que serão taxados num
adicional de até 10%, mas não significa que a partir desse limite será
integralmente tributado com o adicional. Entre R$ 600 mil e R$ 1,2 milhão será
cobrada uma taxa progressiva entre 2,5% e 7,5% somente sobre o que não foi
ainda tributado na renda desse grupo, como dividendos, por exemplo; e só a
partir de R$ 1,2 milhão de renda no ano é que será cobrado o adicional de 10%
também sobre o que não foi tributado.
De
qualquer forma, a isenção para quem ganha menos precisa ter custo zero para o
Governo e o risco é o de que, mesmo sendo o Congresso Nacional a Casa das
discussões, ele mude substancialmente a parte do financiamento à proposta.
Ao
final, da maneira como foi proposta, podemos considerar uma importante ação de
Distribuição de Renda.
Deputado Estadual
Luiz Claudio Marcolino, (PT/SP) é economista, vice-presidente da Comissão de Finanças,
Orçamento e Planejamento da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp)
coordenador das Frentes Parlamentares pelo Desenvolvimento das Regiões
Metropolitanas e Consórcios Municipais, pelo Desenvolvimento da Ciência,
Tecnologia, Inovação e sua Integração com o Mercado de Trabalho e pela Proteção
à Pesca Artesanal e à Aquicultura.
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