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Como seres da existência

Queridos e amados leitores,

Já repararam no bem que fazem aquelas pessoas que chegam nos lugares sorrindo, abraçando e que mesmo diante dos problemas, não ficam intimidadas, tristes ou desanimadas? Essas pessoas sabem que embora os problemas existam, sempre há uma luz a irradiar a solução.

Por outro lado, há pessoas que brotam como ventania. Surgem às 16 de uma terça ou quinta ociosa, e assim como o céu fica escuro diante de uma mudança brusca de tempo, conseguem tirar a paz e sossego de qualquer um. Mas as minhas pessoas preferidas são com um raio de sol, surgem de fininho, sempre irradiando vida, essas são as que prefiro ter em mente, como seres da existência.

As pessoas estão doentes, carentes, solitárias. E o mal do século dito na virada dos anos 2.000, cresce a cada dia em forma de ansiedade, depressão e tantos outros distúrbios emocionais. É como se entrassem num recolhimento interno e de lá não quisessem sair mais. Um dormir para a alegria, como se a humanidade desejasse silenciar diante de lindas canções, como se a vida por um instante não quisesse viver e escapasse dos olhos, do sorriso, do coração ainda que este pulse dentro do peito.

Isso me faz lembrar da La Loba, um conto latino narrado pela psicóloga Clarissa Pínkola Ésthes. Conta a história que existe uma velha que tudo sabe. Ela tem preferência por pessoas que se sentem perdidas ou estejam à procura de algo. Vive no deserto do Atacama e há relatos que já foi vista num carro pegando fogo. A la Loba têm o hábito de recolher ossos de todo tipo de animal, mas sua preferência, são os ossos de lobo. Ela anda recolhendo ossos por todos os lados, depois, junta e monta o que se parece com o perfil de um lobo. Quando está completamente montado, La Loba canta sobre aqueles ossos secos e aos poucos, nasce pele, pelo, carne. Ela canta, dança mais um pouco e então vê surgir um lobo que corre ao lado dos rios, e lá longe, aquele corpo se transforma numa mulher que olha para trás como se agradecesse, para enfim, seguir seu caminho.

Quem já leu o livro “Mulheres que correm com lobos”, sabe da grandeza deste conto e de tantas histórias ali apresentadas. O fato, queridos, é que a humanidade está assim, precisando que juntemos nos ossos uns dos outros, e tenhamos sempre alguém a cantar sobre os nossos próprios ossos e não nos deixar esquecer que para além dos problemas, há vida. A vida não se resume apenas aos problemas não resolvidos, nas contas e boletos todos para pagar. Ela existe e se soubermos enfrentar com coragem e leveza, tudo pode ser um pouco melhor.

Como a velha que canta sobre os ossos e dá vida para o que já não almeja viver mais, podemos ser luz na vida dos que cruzam nosso caminho. Só que as pessoas só podem ser ajudadas quando querem receber ajuda. Insistir em mudar alguém que não quer ser mudado é padecer à toa. Acreditar em quem não acredita e nada faz para que tudo seja melhor, é colocar a fé ao léu.

Devemos ter em mente que, podemos acender luzeiros no mundo, dar uma palavra amiga, ajudar a quem precisa, ser luz e verdade onde a mentira impera. Soprar sobre os ossos de quem esquece a grandeza que tem dentro de si, fazer a diferença, acreditar que a vida pode ser bonita se pudermos olhar para ela com beleza nos nossos olhos. Sem é claro, esquecer de cuidar de si em primeiro lugar.

Quando surgirem os problemas, a tristeza, a ansiedade, olhe ao redor... geralmente vem um convite para um passeio, se não vier, pegue o telefone e tome um café com as amigas, convide um amigo para uma pescaria, visite a igreja, ore com fé... Tome um banho quente, veja um filme antigo do qual gosta, zele por si e neste processo, mantenha a fé, porque ela faz tudo ser inabalável.

Sejamos como seres da existência, gente que enverga, mas não quebra porque insiste em acreditar que as coisas podem ser diferentes e para melhor sempre!

Beijos de luz!

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