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Advocacia e risco: reflexões sobre carreiras, incertezas e empreendedorismo

Penso com frequência na relação entre advocacia e risco. Não me refiro, aqui, com o olhar de advogado de contencioso, aos riscos inerentes a uma disputa judicial, arbitral ou administrativa. Esses são conhecidos dos que já enfrentaram processos dessas naturezas. Refiro-me ao risco com as incertezas enfrentadas por advogados com relação às suas carreiras.

São diversas as formas de se praticar o direito. Restrinjo o meu comentário, entretanto, à divisão entre, de um lado, advocacia institucional, praticada em escritórios estabelecidos, e, de outro, a advocacia empreendedora, de criação de um novo negócio.

Já vivenciei as duas formas de advogar: fui sócio de dois grandes escritórios de contencioso, ambas bancas sólidas e tradicionais, e em 2018 fundei o LDCM Advogados - à época com apenas três advogados, um estagiário e uma funcionária administrativa (hoje somos um grupo com mais de 30 profissionais).

Qual é a melhor das duas formas? Não existe resposta certa para essa pergunta. Ambos os caminhos têm suas vantagens e desvantagens, desafios e riscos.

Conheço muitos colegas que não encontram paz (no sentido amplo) fora da estabilidade de escritórios consolidados e do status que deles advém, além da previsibilidade de carreira e financeira - mesmo diante das grandes pressões internas dessas instituições. Esse caminho, contudo, é também cheio de percalços e incertezas, e poucos o trilham por completo. O risco, portanto, nessa realidade, é acentuado, quiçá um pouco mais diferido no tempo.

Os empreendedores, por sua vez, têm uma relação diferente com o binômio risco + tempo. A incerteza é sim causa de extrema preocupação e ansiedade – não conheço advogados empreendedores que não vivam constantemente preocupados com o futuro de seus escritórios, dos iniciantes aos mais experientes –, mas é também vista como oportunidade. Isso sem falar na promessa, tantas vezes não alcançada, de retorno financeiro diferenciado.

A minha decisão de empreender foi resultado de um processo de amadurecimento profissional: longos anos de prática advocatícia; oportunidade de observar grandes advogados em atuação; formação acadêmica; constante aprendizado em lidar com clientes e entender as suas necessidades; humildade para reconhecer limitações; sonho (antigo) de estar à frente de um negócio próprio.

O caminho do empreendedorismo é penoso, pois demanda um altíssimo custo de energia e, principalmente, emocional. As incertezas, angústias e preocupações são muitas e permanentes.

Bem-vistas as coisas, o risco estará sempre presente em qualquer carreira que o advogado optar por trilhar. Ele apenas se manifestará em formas, intensidades e tempos distintos.

Faço aos colegas, assim, um convite à reflexão: quais são os efetivos riscos, de curto, médio e longo prazos, presentes na carreira que você escolheu?

O autor é Leonardo de Campos Melo, advogado especialista em contencioso judicial e administrativo estratégico e em arbitragem, e Sócio-fundador do escritório LDCM Advogados - leonardo@ldcm.com.br 

 

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