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“Conflito entre Rússia e Ucrânia dura há décadas”, disse professor

A Rússia atacou a Ucrânia com bombardeios contra alvos militares em Kiev, Kharkiv e outras cidades no centro e no leste depois de o presidente Vladimir Putin ter autorizado uma operação militar nos enclaves separatistas do leste do país, segundo o ministério da Defesa da Rússia. O conflito não é de hoje, e segundo o professor de geografia de Limeira, Wendel Ferraz, a tensão vai além do reconhecimento da independência das regiões separatistas, Donetsk e Luhansk.

“Estamos falando de uma guerra de dois países que vivem em conflito há decadas. Entre as principais razões podemos destacar o desejo da Ucrânia em fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), e da própria questão cultural e geopolítica, já que a Ucrânia faz divisa com a Rússia e eles não quererem que o vizinho de fronteira tenha laços com a União Europeia”, disse.

O professor explica que o presidente russo quer voltar a ter influência sobre a região. “Putin comanda a Rússia há 20 anos e ele vem tentando redesenhar as fronteiras geopolíticas da era Soviética. Depois da Guerra Fria o país ficou em baixa, por isso essa ideia imperialista vem se mantendo. A Rússia não quer ceder”, afirma. O conflito ficou ainda maior já que nesta semana Putin reconheceu a independência de Donetsk e Luhansk, duas regiões da Ucrânia.

A invasão da Rússia à Ucrânia motivou preocupação de líderes mundiais e cobrança por sanções, além de fuga do risco nos mercados financeiros. No Brasil, o Itamaraty pediu "suspensão imediata" das hostilidades. “O que precisamos entender é que não tem um lado inocente nessa história, ambos têm suas justificativas, mas o horror de uma guerra são as mortes de inocentes”, disse o professor.

Ontem o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, comparou o ataque russo à invasão promovida pela Alemanha nazista na 2ª Guerra. "A partir de hoje, nossos países estão em lados diferentes da história mundial. A Rússia embarcou em um caminho do mal, mas a Ucrânia está se defendendo e não desistirá de sua liberdade, não importa o que Moscou pense."

Putin classificou sua operação como um ataque aos "nazistas" na Ucrânia, assim como a rejeição da ordem mundial liderada pelos EUA. Segundo ele, a aspiração da Ucrânia de ingressar na Otan representa uma ameaça terrível para a Rússia. Ele evocou o bombardeio da Otan à Iugoslávia em 1999 e a invasão do Iraque pelos EUA em 2003 para deixar claro que via o Ocidente como moralmente falido. "Durante 30 anos, tentamos deliberada e pacientemente chegar a um acordo com os países da Otan sobre segurança igual e indivisível na Europa", disse Putin.

"Tomei a decisão de realizar uma operação militar especial", disse Putin. "Seu objetivo será defender as pessoas que há oito anos sofrem perseguição e genocídio pelo regime de Kiev. Para isso, visaremos a desmilitarização e desnazificação da Ucrânia, assim como levar ao tribunal aqueles que cometeram vários crimes sangrentos contra civis, incluindo cidadãos da Federação Russa. Nossos planos não incluem a ocupação do território ucraniano."

 

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