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Escolas precisam se adaptar após estresse causado pela pandemia

A pandemia transformou a forma como produzimos, consumimos e nos comportamos. A restrição de circulação imposta e as perdas para a Covid-19 desencadearam nas pessoas comportamentos adversos, como estresse, irritabilidade e, nas crianças e adolescentes, dificuldade no aprendizado e concentração. Recentemente, 26 alunos de uma escola estadual de Recife (PE) passaram mal com falta de ar, tremor e crise de choro. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) informou que os alunos tiveram uma crise de ansiedade.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Santa Maria, o sofrimento desencadeado pela pandemia piorou a saúde mental de 65% das pessoas entrevistadas no início da pandemia, após as medidas de distanciamento social. A quarta etapa do estudo constatou redução dos sintomas de estresse (de 58,1 para 45,4%), ansiedade (de 52,1 para 46%) e depressão (de 61 para 50,5%). Os índices, no entanto, permanecem altos, pois apenas 32,4% dos participantes declararam algum diagnóstico prévio de transtorno mental. 

Segundo Marina Nordi, Fundadora e Diretora Pedagógica da Escola Mais, rede de educação básica de alta qualidade por preço acessível, todo esse processo de transformação gera impacto na forma como os alunos se expressam, por isso, é fundamental que a rede pedagógica das instituições estejam atentas e ofereçam acolhimento a esta criança e adolescente. 

“A educação pós-pandemia tem como desafio maior a continuidade do incentivo à metodologia de ensino ativas, como estimular o aluno a ser protagonista do próprio processo de aprendizagem. Dessa forma, conseguimos observar tanto o desenvolvimento livre do aluno, quanto a forma que este se expressa. Uma vez identificado algum problema, precisamos acolher e desenvolver ações resolutivas”, orienta a pedagoga. 

Lucas Briquez, educador da Edtech Asas Educação explica: "o limiar de percepção de esforço dos estudantes ficou muito mais baixo durante a pandemia. Professores e gestores escolares tratam a situação como se fosse uma espécie de preguiça ou falta de força de vontade, mas é necessário primeiramente compreender que a rotina das crianças sofreu muitas mudanças e que essas mudanças desencadearam alterações cerebrais, agora, o sistema cognitivo vai demorar um pouco para se acostumar a receber a mesma quantidade de estímulos que recebia anteriormente, nas atuais circunstâncias os cérebros dos alunos comunicaram aos corpos que estes estavam vivendo uma situação de perigo”, disse.

O especialista afirma que “o educador tem que partir do princípio que, por mais que entenda que o aluno não corre um risco sério de vida ou algo assim, o corpo dele está entendo a situação dessa forma, a partir dessa compreensão poderá se conectar com esse aluno e se utilizar do tom de voz e da respiração para tentar acalmar o mesmo."

A diretora pedagógica e neuropsicopedagoga Georgya Corrêa complementou explicando que esse período de pandemia manteve os estudantes afastados do processo escolar e, ao mesmo tempo, vivenciando momentos que lhes traziam muitas angústias. “No entanto, no que se diz a rotina de estudos, eles foram, de certa forma, poupados de algumas responsabilidades e isso fez com que eles perdessem o hábito de serem constantemente avaliados para demonstrarem seus conhecimentos”.

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