Uma boa noite de sono é tão importante para as pessoas como uma alimentação equilibrada. Registros rotineiros de ronco durante o ato de dormir são uma questão que precisa de acompanhamento médico.

A médica Ana Karolina Rocha, otorrinolaringologista do Grupo Hapvida NotreDame Intermédica, avalia que o sono reparador contribui para uma boa qualidade de vida. Ao mesmo tempo, previne doenças. A insônia tem tratamento, tanto comportamental como também com medicamentos.

As pesquisas sobre o tema avançaram muito nas últimas décadas. Hoje já se sabe que o bom descanso melhora o aprendizado, a memória e o humor. O tema envolve todas as faixas etárias – as crianças e adolescentes com dificuldades em dormir apresentam alteração de comportamento e aprendizado escolar.

"O sono está diretamente ligado à qualidade de vida. Uma boa noite de sono faz parte de uma boa saúde, assim como uma boa alimentação, fazer atividade física e consumir adequadamente água", alerta Dra. Ana Karolina.

Cansaço, irritabilidade excessiva, lentidão de raciocínio, sonolência diurna, e falta de atenção e de memória são efeitos mais visíveis nos pacientes. Em etapas posteriores, surgem doenças como a hipertensão, diabetes e obesidade.

O desequilíbrio traz quedas de imunidade no organismo. Ainda pode levar a casos de demência, pois o descanso ajuda a remover resíduos do cérebro.

"Há a Síndrome do Sono Insuficiente. O indivíduo dorme menos do que é necessário para o organismo dele, causando sonolência diurna, alterações de memória, ansiedade e estresse", exemplifica a médica.

Atenção ao ronco

O ronco, tratado até com ironia pelas pessoas, requer monitoramento. Em algumas situações, ele é normal, em função até mesmo da posição em que a pessoa dorme. Porém, grandes vibrações e ruído intenso podem sinalizar alguma patologia.

"A vibração das vias aéreas, principalmente da faringe, pode estar relacionada com a Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono, por exemplo", afirma a especialista.

Uma consulta médica ajudará a avaliar se existe apenas um ronco primário, que não afeta a saúde da pessoa. O problema está na apneia, que pode gerar alterações no organismo – incluindo paradas respiratórias durante o sono. "Estima-se que de 10 a 40% da população sofre com insônia e que de 9 a 24% da população sofre com a síndrome da apneia do sono", cita Ana Karolina.

Envelhecimento

Sono de qualidade reduz o risco de acidentes de trabalho e de trânsito, e gera menos estresse e problemas de relacionamentos. A pessoa que dorme bem reduz as chances de envelhecimento precoce.

"Prolongar o período de sono melhora nossas performances mentais e corporais.  Também aprimoramos nossa experiência de sonhar, pois os estágios do sono REM (sono dos sonhos) concentram-se, principalmente, na parte final do sono, que geralmente é reduzida pelas urgências da vida moderna. O sono profundo e reparador é uma função preciosa para o nosso organismo, em todas as faixas etárias, especialmente, na infância e adolescência", assegura a médica.

Mas, cuidado: atrelar-se somente à duração é um dos aspectos. O ideal é dormir 8 horas diárias por dia, mas nem todo organismo é igual. Algumas pessoas precisam de mais ou menos horas de descanso. É possível saber se as horas dormidas são suficientes, avaliando como foi seu dia após despertar.