Pesquisa revela piora na aprovação do governo Lula
Após meses de crises internas e externas com origem na
economia e atribuídas pela gestão Luiz Inácio Lula da Silva à comunicação,
pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta semana indica sinais de alerta ao
governo. No Nordeste, região onde tradicionalmente mantém apoio, Lula teve
recuo de oito pontos porcentuais em sua aprovação em relação ao último
levantamento. O Sul registrou queda de sete pontos, marcando os piores
resultados para a gestão nessas regiões. Foi a primeira vez, na série histórica
da pesquisa, que a avaliação negativa do governo petista superou a positiva em
todo o País.
Nas eleições de 2022, foi na região que Lula consolidou a posição que o levou à
Presidência. Obteve 69,3% dos votos válidos, ante 30,66% do ex-presidente,
Jair Bolsonaro (PL). No Nordeste, a taxa de aprovação do governo caiu de 67% em
dezembro para 59% em janeiro, enquanto a desaprovação subiu de 32% para 37%. A
parcela de entrevistados que não souberam ou preferiram não responder passou de
1% para 4%.
Já no Sul, o índice de aprovação passou de 46% em dezembro para 39% agora,
enquanto a desaprovação cresceu de 52% para 59%. A quantidade de pessoas que
não opinaram permaneceu estável, em 2% Em 2022, Bolsonaro obteve na região
61,84% dos votos, ante 38,16% de Lula.
O levantamento ouviu 4.500 pessoas presencialmente, entre os dias 23 e 26 de
janeiro, após a crise do Pix. A margem de erro é de um ponto porcentual, e o
nível de confiança da pesquisa é de 95%.
No Sudeste, a aprovação passou de 44% para 42%, enquanto a desaprovação se
manteve em 53%. Já no Centro-Oeste e Norte, os índices praticamente não
mudaram: a aprovação ficou em 48%, e a desaprovação passou de 50% para 49%.
PERCEPÇÃO
Os resultados gerais mostram uma queda de cinco pontos porcentuais na aprovação
do governo, que agora é de 47%, enquanto a desaprovação subiu para 49%. O
levantamento foi encomendado pela Genial Investimentos.
A pesquisa é a primeira a captar os efeitos da crise do Pix sobre a avaliação
do governo. Neste mês, a oposição usou as redes sociais para acusar o governo
de ampliar a coleta de informações de pagamentos via Pix para cobrar mais
impostos. Diante da repercussão, o governo suspendeu a medida.
Um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) sobre o assunto ultrapassou a
marca de 300 milhões de visualizações no Instagram Na pesquisa Quaest, o
impacto do assunto é perceptível: a "regulação do Pix" foi a notícia
negativa mais citada, de longe, com 11% - a segunda colocada foi mencionada por
3%. São 66% os brasileiros que acham que o governo errou em sua atuação sobre o
tema.
A avaliação do governo Lula segue as mesmas tendências da avaliação do trabalho
do presidente. Na Região Nordeste, a aprovação do governo caiu 11 pontos
porcentuais, de 48% para 37%, enquanto a avaliação negativa e a regular subiram
de dezembro para cá. Apesar disso, a região é a única onde a avaliação positiva
do governo ainda é maior do que a negativa, segundo o levantamento da Quaest.
Além da polêmica do Pix, há um descontentamento com os preços da comida. Desde
outubro passado, o número de brasileiros que veem o preço dos alimentos no
mercado subindo cresce. Em outubro, 65% acreditavam que esses preços tinham
subido no último mês. Agora, são 83%. A percepção não parece se aplicar, porém,
a outros preços, como o dos combustíveis (queda de 59% para 57% dos que dizem
que o preço subiu) e das contas de água e energia elétrica.
O cientista político Renato Dorgan, especialista em pesquisas qualitativas e quantitativas, disse que o governo precisa perceber que a comunicação de hoje é diferente de 20 anos atrás e tem que saber conversar com todos os setores da sociedade. "Parece um Lula de muito discurso e pouca ação", afirmou. (Com Agência Estado)
Legenda:Lula enfrenta avaliação negativa em todo o país
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