
Segurança digital para idosos: como proteger o público 60+ dos riscos da Internet
Uma pesquisa realizada pela fabricante de softwares de segurança Kaspersky revela que o número de idosos com acesso regular à Internet cresceu de 4% para 20% nos últimos 10 anos. Cada vez mais conectada, a população com mais de 60 anos é também a mais vulnerável a fraudes, praticadas através de redes sociais e aplicativos.
Apenas em uma rede social – o Facebook, o público 60+ representa hoje 3,7% dos inscritos. Em um universo de 117 milhões de usuários, isso significa mais de 4 milhões de perfis.
Uma das fraudes “em alta” é o chamado “golpe do aniversário”. Com informações obtidas online, o golpista leva um “presente” para a vítima e cobra dela uma taxa de entrega, geralmente com valor baixo. A manobra é utilizada para passar um valor diferente, e exorbitante, no cartão de crédito ou de débito da vítima.
Em julho deste ano, um suspeito de praticar esse golpe foi preso em Ribeirão Preto, depois que uma idosa de 71 anos desconfiou do golpe. A prisão dele resultou na abertura, pela Polícia Civil, de uma investigação mais profunda sobre outras ocorrências do tipo na cidade.
Para Sandro Christovam Bearare, especialista em segurança, pós-graduado em Perícias Criminais e Ciências Forenses, a inclusão digital trouxe benefícios aos idosos, como uma vida mais prática, mas também expõe essa população às tentativas de golpe.
“Os golpistas tendem a mirar pessoas mais vulneráveis, mas quando se trata de crimes eletrônicos, muitas vezes eles não têm controle sobre quem será atingido. As ações acontecem de forma automática e em larga escala — o golpe é lançado para todos, e quem estiver mais exposto acaba sendo a vítima. Com as pessoas mais velhas, o risco é maior por conta da falta de domínio sobre a tecnologia e da preocupação natural com familiares. Por isso, a proteção a esse público precisa ser redobrada”, explica.
Segundo o especialista, as próprias plataformas oferecem recursos de proteção. Há também a possibilidade de instalação de aplicativos como antivírus e bloqueadores de anúncios, que podem dar mais segurança à navegação.
“É fundamental que familiares e até amigos com maior familiaridade com esses recursos mantenham uma rotina de cuidado com os dispositivos usados pelas pessoas mais velhas. O diálogo franco sobre os riscos é essencial — e ele precisa ser claro, recorrente e ilustrado com exemplos práticos, porque pessoas dessa faixa etária costumam compreender melhor quando conseguem relacionar o alerta a situações reais”, completa.
Especialista em segurança e escritor na área, Sandro Christovam Bearare reforça que o combate às fraudes digitais depende de educação e diálogo constante entre gerações. “A tecnologia trouxe conforto e autonomia, mas exige atenção redobrada. Quanto mais informação de qualidade circula entre familiares, menor o espaço para o golpe prosperar”, resume.
Dicas de segurança digital para idosos:
Desconfie de presentes inesperados. Nenhuma empresa séria cobra taxa de entrega por um “presente surpresa”.
Nunca clique em links enviados por desconhecidos. Mesmo que pareçam de bancos, correios ou parentes.
Ative a autenticação em duas etapas. Ela impede que alguém entre nas suas contas mesmo com sua senha.
Evite compartilhar informações pessoais em redes sociais. Data de nascimento e nome de familiares são ouro para golpistas.
Peça ajuda antes de fazer um pagamento online. Um parente ou amigo pode verificar se o site é confiável.
Instale antivírus e mantenha o sistema atualizado. Segurança digital também depende de manutenção.
Cuidado com temas absurdos em redes sociais e em grupos de WhatsApp. Muitas dessas mensagens preparam terreno para golpes futuros ou já são resultado de infecção por programas espiões.
Não tenha pressa. Em caso de dúvidas sobre banco ou dados sensíveis, peça ajuda e espere por alguém de confiança que entenda mais de tecnologia.
Nunca passe sua senha para estranhos. E evite acessar informações sensíveis em locais públicos — sempre há alguém de olho. Desconfie de ligações urgentes. Golpistas usam o medo e a pressa para enganar. Respire e confirme a informação antes de agir.
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