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Samba das Marias movimenta a cena cultural de Limeira

Um evento nascido da necessidade, sustentado pela ancestralidade e conduzido pela generosidade. O “Samba das Marias”, idealizado por Carol Siqueira, é hoje uma referência na cidade quando se fala em cultura popular, solidariedade e empoderamento feminino. A iniciativa, que começou como uma roda de samba beneficente, vem crescendo e emocionando quem participa, com apresentações marcadas por intensidade, participação popular e forte conexão espiritual.

 

A história do projeto começa na Casinha da Dodô, espaço cultural do bairro Jardim Lagoa Nova. Foi ali, entre amigos e companheiros de fé, que surgiu a ideia de reunir artistas e pessoas dispostas a ajudar Carol, que vivia um momento delicado com a saúde do pai.

 

“Meu pai era trabalhador rural e ficou muito doente. Tive que largar tudo pra cuidar dele. Tenho cinco filhos, um deles autista, e comecei a fazer uns bicos aqui e ali. Foi quando o pessoal da Casinha se mobilizou. O Alisson e o Felipe vieram falar comigo: vamos fazer um evento, vamos ajudar você a cuidar do seu pai. E daí tudo começou”, conta Carol.

 

O que era para ser uma única edição beneficente ganhou força. A primeira apresentação contou com a participação de nomes como Cris Aleixo, DJ Luiz Siqueira, Ramon Cacimiro e a banda Ellos, parceiros de primeira hora. “Meu olho lacrimejou e eu chorei. Porque eu só tenho tamanho, mas meu coração é mole”, diz Carol, emocionada ao lembrar da energia do primeiro encontro.

 

O nome do projeto também carrega simbologia. “Estava conversando com minha amiga Karina, que é mãe pequena de um terreiro aqui da cidade. Ela falou: ‘olha pra sua vida, Carol, você é mãe solo, cuidou da sua mãe até ela falecer, agora cuida do seu pai, dos filhos...’. E aí veio: Samba das Marias. Maria é força, é fé. Maria Padilha, Maria Mulambo, a Maria da Bíblia. Tudo isso representa luta, resistência e amor”, explica Carol.

 

Desde então, o Samba das Marias se firmou como um espaço plural. Participações de músicos da cidade e da região são frequentes e, mais do que isso, há abertura para quem nunca subiu num palco. “Tem gente que fala: ‘eu nunca cantei’, e eu digo: vem, vem sim! Porque Maria é cada mulher que sai cedo pra batalhar, pra colocar comida na mesa. É a gente mesmo, com ou sem dinheiro, que vai pra luta todos os dias. É isso que a gente canta”, diz.

 

Um dos momentos marcantes do projeto foi a apresentação no evento da Consciência Negra, promovido pelo Comicin, em 20 de novembro, no Teatro Vitória. “Quando recebi o convite do Sonayô, achei que fosse brincadeira. Teatro Vitória, gente! Mas fui. A hora que pisei naquele palco e cantei ‘Não Deixa o Samba Morrer’, foi uma emoção que não sei explicar. Chorei. Foi mágico. A energia era tanta que parecia que todo mundo ali cantava junto. A Ana Paula e a Mari me deram força, estavam do lado. Foi lindo”, lembra Carol.

 

O projeto também ganhou desdobramentos. Além do Samba das Marias, Carol e sua equipe criaram o “Pago Samba”, uma celebração mais descontraída e animada, com pagode, samba e alegria. O próximo “Pago Samba” está marcado para o dia 8 de abril, no Paribier, e promete reunir antigos e novos parceiros do projeto.

 

Em maio, o Samba das Marias volta com uma edição especial em homenagem a Mamãe Oxum. “Vai ser lindo. Oxum representa fertilidade, amor, riqueza e a verdade. Tudo que a gente precisa cultivar”, adianta Carol.

 

Com humildade e firmeza, Carol Siqueira segue conduzindo o projeto com o coração. “É tudo na base do amor. E a gente não para. Enquanto tiver alguém querendo cantar, querendo se emocionar, querendo ajudar o outro, o Samba das Marias vai continuar existindo”, afirma.

 

Quem quiser acompanhar os eventos e conhecer mais sobre o projeto pode seguir os perfis no Instagram: @sambadasmarias e @pagosamba. Nas redes sociais, Carol compartilha os bastidores, as próximas datas e, principalmente, a energia que move esse coletivo que transforma dor em canto, e dificuldades em arte.

 

Legenda: Projeto idealizado por Carol Siqueira é hoje uma referência na cidade

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