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Índice revela queda no preço da carne bovina e leite segue em alta

Em julho, o Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Associação Paulista de Supermercados (Apas) e pela FIPE, foi de 1,77%. O leite e seus derivados, devido à entressafra acentuada, foram novamente os vilões do mês. O leite, que tem um peso maior na composição do índice que o arroz e o feijão somados, por exemplo, registrou inflação de 21,52% em julho e de 71,66% no acumulado do ano.

Segundo a Apas esse semestre deve trazer estabilidade ao preço do produto e de seus derivados porque o Brasil elevou as importações de leite em pó em 30% e reduziu as exportações em 8% nos primeiros seis meses deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado. A questão é que essa acomodação acontece em um patamar elevado de valores porque o item sofre pressão de dois vetores ao mesmo tempo: a diminuição das pastagens no sul do país por conta da estiagem, o que faz os pecuaristas gastarem mais com ração animal, e o peso da inflação em toda cadeia de produção, com a elevação dos custos logísticos e das matérias primas. O custo de produção da indústria láctea cresceu 40.97% nos últimos 12 meses.

A boa notícia é que as proteínas animais, item importante na mesa das famílias, apresentaram estabilidade nos preços ou deflação, como no caso da carne bovina. Dos 15 cortes monitorados pelo IPS nos supermercados, dez registraram queda no preço. O maior recuo no mês foi o da fraldinha, com 3,32%. Porém, em 2022, o campeão de deflação é o filé mignon, que está 12,06% mais barato no acumulado do ano. Isso porque os cortes bovinos, que vinham em forte elevação desde 2020, iniciaram um processo de desaceleração, apesar da disponibilidade no mercado interno ainda apresentar um saldo de negativo de 9,93% em relação ao mesmo período do ano passado.

“Essa queda no preço dos cortes bovinos para o consumidor é reflexo do ajuste de acomodação de oferta e procura, pois apesar da deflação no mês, devemos lembrar que o preço das carnes bovinas no final de 2021 resultou na alteração no comportamento do consumidor, que migrou do consumo de bovinos para suíno. O consumo de bovino caiu em 9% no primeiro semestre de 2022 quando comparado a 2021 e o suíno obteve uma elevação de consumo em 28% no mesmo período ”, explica Diego Pereira, economista-chefe da Apas.

Dentre as proteínas animais, os cortes suínos permanecem como uma opção atrativa para o consumidor, com queda de 5,38% no acumulado do ano, mesmo com leve alta de 2,92% no mês de julho. Na contramão, o preço das aves tem sido impactado pela quebra da produção norte-americana por conta da gripe aviária. E a perspectiva para este segundo semestre é desafiadora, uma vez que não está descartada a possibilidade de um novo surto da doença nos Estados Unidos e na Europa. No acumulado do ano dos últimos 12 meses, esta proteína animal acumula alta de 20,27%, sendo 0,82% no mês de julho.

Os hortifrutigranjeiros (produtos in natura) apresentaram deflação de 4,54% em julho, refletindo equilíbrio entre oferta e demanda. A queda das verduras chegou a 9,61%. Em compensação, as frutas subiram 3,23% no mês. Além das alterações climáticas que comprometeram as safras de diversas culturas no ano passado, o setor agrícola lida com a elevação dos preços internacionais dos fertilizantes importados.

As bebidas alcoólicas apontaram inflação de 0,72%. A cerveja, item de maior peso na cesta, subiu 0,60%. O aumento tem a ver com reajuste do malte, produto importado que sofre pressão com a guerra entre Rússia e Ucrânia. As bebidas não alcoólicas tiveram elevação de 1,39%, com o item refrigerante registrando aumento de 1,57% no mês e acúmulo de 16,59% nos últimos 12 meses. Nesse caso, os custos logísticos e a cotação internacional do açúcar foram os fatores de pressão.

Os preços dos produtos de limpeza apresentaram inflação de 2,33% no período e de 23,60% nos últimos 12 meses. O maior peso ficou para o sabão em pó, que subiu 3,62% em julho. Os artigos de higiene e beleza registram aumento de 1,89%, índice impactado pelo preço do sabonete, que subiu 4,40% no mês.

Segundo Diego Pereira, o consumo das famílias deve ser estimulado pelo aumento de renda em razão do assistencialismo governamental e do crescimento do setor serviços. Segundo estimativa, do Banco Central, a renda nacional cresceu 6,4% no primeiro quadrimestre do ano em relação ao mesmo período de 2021, apesar da corrosão nos salários provocada pela inflação.

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