Foto de capa da notícia

Número de estudantes EAD supera ensino presencial

Pela primeira vez na história da educação superior brasileira, o número de estudantes matriculados em cursos de graduação a distância superou o das modalidades presenciais. De acordo com o Censo da Educação Superior 2024, divulgado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) nesta segunda-feira (22), o país registrou 5,18 milhões de alunos em cursos EaD, representando 50,7% do total, contra 5 milhões no ensino presencial. O levantamento apontou um aumento de 5,6% nas matrículas a distância em relação ao ano anterior, consolidando uma tendência crescente na última década.

Apesar dos números nacionais indicarem essa virada, a realidade de algumas instituições segue diferente. É o caso da Faculdade de Americana (FAM), que atua no setor educacional desde 1999 e mantém a predominância do ensino presencial. Em entrevista à Gazeta de Limeira, o diretor-geral da FAM, Gustavo Azzolini, explicou que a instituição possui mais de 6 mil alunos, dos quais apenas 10% estão matriculados em cursos EaD. “Nosso foco é o ensino presencial, para oferecer uma experiência universitária completa, com estágios, aulas práticas e contato direto com o professor em sala e o ensino a distância atende quem precisa conciliar trabalho e estudos”, afirmou Azzolini. Ele também destacou os benefícios da convivência acadêmica. “A interação com colegas, o networking, o ambiente universitário, tudo isso enriquece a formação. Reconheço a importância do EaD, mas valorizo o compromisso com o modelo presencial”, acrescentou.

Para muitos estudantes, no entanto, o ensino a distância representa a única alternativa viável de acesso ao ensino superior. É o caso de Daniele Santos, aluna de Pedagogia, prestes a concluir a graduação. Em depoimento à Gazeta de Limeira, ela contou que o formato EaD permitiu retomar um sonho antigo. “Desde jovem eu queria cursar Pedagogia, mas o trabalho e a família dificultavam. Quando soube da opção a distância, vi a chance de estudar depois do expediente e continuar presente em casa. Muitos dizem que o EaD não exige tanto quanto o presencial, mas tudo depende do aluno. Sempre cumpri as atividades, participei das aulas online e me esforcei como se estivesse em sala. Para mim, o EaD não foi um atalho, foi a oportunidade de mudar minha vida”, afirmou.

O Censo também reforça o papel das instituições públicas na formação superior no país. Atualmente, 56,3% das universidades brasileiras são públicas. O levantamento mostra que um em cada três concluintes do ensino médio em 2023 ingressou na graduação no ano seguinte. Os índices variam conforme a rede de ensino: na federal, 64% dos formados ingressaram no ensino superior; na estadual, o número foi de 27%; já na rede privada, chegou a 60%.

Com 10 milhões de estudantes matriculados no ensino superior em 2024, o Brasil presencia uma reconfiguração no perfil dos universitários e nas formas de acesso à educação. O avanço do EaD está ligado à ampliação da oferta de cursos, à flexibilidade e à inclusão de públicos que, antes, encontravam mais barreiras para chegar à universidade.

Embora as visões sobre o modelo ideal de ensino ainda divergem, os dados e relatos confirmam que tanto o EaD quanto o ensino presencial exercem papéis fundamentais e complementares na democratização da educação superior no país.


Comentários

Compartilhe esta notícia

Faça login para participar dos comentários

Fazer Login