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Caio Matheus: "quis proteger os jogadores do Palmeiras"

Edmar Ferreira

Um herói nacional. É assim que o atacante limeirense Caio Matheus, de apenas 17 anos, foi tratado pela imprensa, pelos torcedores rivais e por personalidades do esporte no último fim de semana, ao segurar um torcedor do São Paulo que invadiu o gramado da Arena Barueri para tentar bater nos jogadores do Palmeiras. E olha que era uma semifinal da Copa São Paulo de Juniores.
Mesmo franzino, Caio Matheus afastou primeiro um torcedor do Tricolor que intimidava alguns palmeirenses na área. Depois, viu que outro, ainda mais fanático e exaltado, deixou a arquibancada e adentrou o gramado pela linha de fundo. Sua reação foi imediata. Saiu correndo e o segurou, impedindo que o mesmo fosse em direção a área.
"Confesso, não sei como tive forças para segurar aquele torcedor. Ele era muito mais velho e mais forte do que eu. Pensei em proteger os jogadores do Palmeiras. Sei de toda rivalidade que existe, mas tenho amigos do outro lado. Não queria que o pior acontecesse. Graças a Deus pude ajudar, senão o cenário poderia ter sido outro", comentou, em entrevista exclusiva ao Pimba nos Esportes da Rádio Mix 770 AM.
Sobre a faca encontrada no gramado, Caio disse que ainda bem que não estava em posse do torcedor que ele segurou. "Vi muita gente falando que ele estava armado. Não estava. Vi as imagens de quase todas as câmeras que estavam no estádio. A faca veio da arquibancada para o campo. Esse torcedor estava muito bravo e queria se desgrudar de mim para correr em direção aos palmeirenses. Eu pedia calma a ele, mas não foi fácil", contou.
Caio não esperava que seu ato fosse ganhar tanta repercussão no país. "Na hora eu só pensava em evitar uma briga generalizada. Eu vi que o torcedor que eu segurei estava fora de controle. Depois do jogo vi inúmeras mensagens nas minhas redes sociais me parabenizando. Gente famosa falando e escrevendo sobre mim. Ganhei mais seguidores. Volto a dizer, a minha intenção não foi aparecer e sim, proteger os meus amigos de profissão", reforçou.
Caio disse que sempre foi assim, ou seja, de evitar confusão ou cair em alguma provocação. Isso desde os tempos da escolinha de futebol do Thié Sports, onde foi revelado. "O professor Thié me ensinou a ter caráter. Meu pai (Waguinho) sempre me falou que o objetivo era que eu me tornasse um homem de caráter primeiro e que o futebol seria uma consequência. Sigo sempre os passos dos dois", elogiou.
Caio lamentou muito a invasão dos torcedores, pois segundo ele, aquele era o melhor momento do São Paulo em toda a partida. "A gente perdia por 1 a 0 e estava em cima do Palmeiras. O gol de empate estava muito próximo de sair, até pelo ótimo segundo tempo que fizemos. Essa invasão esfriou nossa reação, parou o jogo e acabou ajudando o Palmeiras. Foi um ato impensado que nos prejudicou muito", frisou.
Em sua primeira Copinha, Caio Matheus foi perfeito. Marcou gols, driblou e desequilibrou. Usando a camisa 9, mesmo sendo um extremo, rapidamente caiu nas graças da torcida e chamou a atenção do técnico Rogério Ceni, que o puxou para o profissional.
Caio também ficou marcado pela comemoração dos gols. Além de fazer o gesto tradicional da torcida organizada Independente, o limeirense colocava as mãos nas orelhas e mostrava a língua, exatamente como fazia o lendário ponta-direita Lela, nos tempos de Noroeste, Coritiba e Inter de Limeira. "Fiquei feliz quando recebi uma mensagem do Alecssandro, filho do Lela e irmão do Richarlisson me agradecendo por fazer a comemoração do paizão. Foi emocionante", confidenciou.
Antes da viagem a capital, dois depois da eliminação da Copa São Paulo, para se apresentar ao professor Rogério Ceni, Caio disse que o frio na barriga era inevitável, mas que estava muito preparado. "Sempre tive o sonho de ser jogador de futebol. Levei a sério a profissão, mesmo sendo novato. Hoje, graças a Deus estou tendo essa oportunidade. É um sonho saber que vou pode treinar com o Miranda, o Reinaldo, enfim, jogadores que sempre torci", destacou.
"O Caio Matheus é uma das opções, está treinando com a gente e deve ficar com o profissional, apesar dos 17 anos. Queremos trabalhar com ele, pois vimos potencial nele na Copa São Paulo", disse Rogério Ceni.

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