Quando marcou de cabeça o gol da vitória do Independente sobre o Guaçuano por 1 a 0, após cruzamento perfeito da direita de Beto em 3 de setembro de 1972, Sormani não imaginava a repercussão que esse cabeceio daria e o quanto seria importante para sua vida. Pois bem, esse gol completou recentemente 50 anos. E foi o primeiro da história profissional do Independente. Sormani lembra perfeitamente daquele dia. “A torcida estava eufórica. Todos queriam ver o Independente no profissional. A cidade estava carente até pela ausência da Internacional. E graças a Deus tive a honra de marcar esse gol”, comentou, sentado em sua confortável poltrona em seu apartamento no centro de Limeira.
Sormani elogiou o técnico Osmar Bacan, o Tatão, que conseguiu montar um time competitivo naquele ano, com a base que vinha atuando no Amador, mais reforços de Leme e Piracicaba. “Ele sabia do riscado. Tatão conhecia muito de futebol. Conhece até hoje”, elogiou.

Um dos destaques do Galo era João Ferraz, que nos deixou há exatos 11 anos. “Era um meia completo. Mesmo com aquela canelinha fina, tinha uma potência muito grande nos pés. Dificilmente ele errava o alvo”, lembrou. Sobre o seu próprio futebol, Sormani afirmou que, mesmo não sendo alto, marcava muitos gols de cabeça e que trocava a explosão pela técnica. “Eu tinha muita impulsão. Mas as maiores oportunidades eram do Nestor. Eu voltava mais para ajudar na marcação. Dava uma força para o Chiquinho. Eu poderia ter feito mais gols se ficasse só lá na frente. Mas não tenho do que reclamar”, frisou.

Sormani sempre torceu para o Independente, até por ter nascido em Vila Esteves. Vestiu a camisa alvinegra pela primeira vez aos 15 anos. Foram 12 temporadas pelo Galo, ou seja, é um dos jogadores que mais atuou pelo clube. Sormani também é conhecido como Suru, apelido que ganhou do zagueiro Candian. Mas nem ele mesmo sabe o motivo. “Talvez seja uma abreviatura do meu nome. Só sei que pegou e muita gente me chama de Suru. Mas a maioria ainda fala Sormani”, sorriu. Sormani lamentou o atual momento do Independente e disse que fazer futebol antigamente era bem mais fácil. “Os salários não eram tão altos. A torcida lotava o Pradão e nos gerava boas rendas. E tínhamos o Álvaro Zenebon como presidente, que fazia de tudo. Foi o maior dirigente da história do clube. Hoje a gente vê a dificuldade que o Independente tem, não só financeiramente, mas para formar o elenco. E isso já vem se arrastando há um tempo. Mas estou aqui sempre na torcida por dias melhores. Eu torço pelo Galo. Jogar nesse clube foi uma grande satisfação”, comentou.

Sormani jogou também no amador da Inter, no futsal, defendeu o Jabaquara, o juvenil do Santinho, a Invicta (onde participou do Primeiro de Maio) e foi campeão amador com o Independente em 1967. Foi emprestado ao Vasco de Americana e encerrou a carreira aos 27 anos, por conta dos estudos. Dedicado, se formou na Unicamp em Obras de Solo. Fez administração de empresas no Isca e pós-graduação na USP. Em 2015 encerrou sua empresa e passou a curtir a vida ao lado da esposa e dos amigos. Tem dois filhos, mas que estão distantes. Um mora nos Estados Unidos e outro em Maringá, onde é proprietário da Cervejaria Catedral, uma das melhores do Estado. E Sormani viaja bastante para o Paraná. Além de matar a saudade do filho Marcelo, curte a única neta que tem, hoje com quatro anos.

Sormani gosta de tomar a sua cervejinha. Segundo ele, às vezes precisa até se controlar para não passar do ponto. Uma de suas paixões é a pescaria. Ele tem uma turminha que o acompanha na buscar por tucunarés. “Meus parceiros de pesca são o José Luís Batistella, Maurílio, Gil, José Roberto Kuhl e o Henriquinho Savói. A gente se diverte muito. É um dos grandes prazeres que tenho na vida”, completou. Ao lado de sua cachorra Yumi, sua fiel escudeira de 10 anos, Sormani afirmou que é uma pessoa bastante realizada e que faria exatamente tudo novamente.