
Marinez Morais, a "mãe" dos jogadores leoninos
Neste Dia das Mães a nossa homenagem do esporte vai para Marinez Fronza Morais, de 79 anos, a "mãe" dos jogadores da Internacional.
O carinho que ela tem com os atletas leoninos, sejam profissionais ou da base, se assemelha muito ao de uma mãe, e ainda por cima "coruja". É um beijo, um abraço e um voto de boa sorte.
Antes das partidas, os jogadores fazem questão de receber o carinho da responsável pela loja Leão Mania no saguão do Limeirão. Entrar no Major Levy e não vê-la, parece que está faltando algo. Ela se tornou um "patrimônio" do clube.
E olha que não importa o resultado. Seja na vitória, no empate ou até mesmo na derrota, lá está essa senhora de cabelos brancos (às vezes amarelo) para dar aquele incentivo. E a de quem falar mal da Inter perto dela. Ela defende com unhas e dentes o seu time do coração.
E por incrível que pareça, Marinez não faz distinção, ou seja, o tratamento é igual para todos. "São meus meninos. Às vezes sinto que eles precisam de um abraço de mãe. Muitos vem de longe. O futebol não é fácil. Ficar distante da mãe é complicado para eles", disse emocionada.
Nascida em Limeira no dia 14 de maio de 1945, Marinez está prestes a completar 80 anos. E nem parece. Sua vitalidade é invejável. Pode até vender saúde. Todos os dias ela está lá, de prontidão na lojinha da Inter. E como gosta do que faz.
A história desta guerreira poderia muito bem se transformar em um livro. Quanta dedicação e amor ao clube. Que exemplo de persistência. Marinez deveria receber o título vitalício de "Embaixadora da Internacional", pois não existe alguém que a supere. E ela faz questão de demonstrar todo esse amor e fanatismo.
Recentemente, foi homenageada com o Leão de Ouro, maior honraria do clube. "Agora estou realizada". Já no Podcast Você é Pimba, disse que quando morrer quer ser cremada e exigiu que suas cinzas sejam espalhadas pelo Limeirão. "É meu último desejo".
Vida
Marinez é filha de Antônio Fronza e Fernandes Fronza, em uma família de seis irmãos: José, Beatriz, Aldo, Suzi, Antônio Carlos e Maria Izabel.
Estudou no Grupo Prada e tinha como companheiro de sala de aula o saudoso João Ferraz. Seu primeiro emprego foi na tecelagem da Prada. Casou-se com o saudoso ex-goleiro Morais em 01/04/1964 e tem três filhos: Rosana, Marco e Mary.
O amor pelo futebol vem lá de trás. Foi quando Marinez começou acompanhar seu amigo Ardeu, jogador da própria Internacional. Ela não perdia um jogo. E com o passar do tempo, foi fazendo amizade com outros atletas, como Ladeira, Gury, Pitico e Bimbo.
Mas o grande amor de sua vida foi o goleiro Morais. Foi o próprio Ardeu que o apresentou a Marinez. "Foi amor a primeira vista", disse, seguida de um suspiro. E quanta saudade ela tem dele. Não tem um dia que ela não fala do ex-camisa 1.
Marinez viveu os momentos de alegria e de tristeza na Internacional. De 1967 a 1975, o Leão não disputou nada, pedindo inclusive licença na Federação Paulista de Futebol. Esse foi o momento mais difícil para ela. "Parecia uma eternidade".
Na volta aos gramados em 1975, Marinez tratou de organizar a primeira torcida feminina da Internacional. "O Guti comandava a torcida Coração da Inter. Eu e a esposa dele, Terezinha Elias combinamos de formar a torcida feminina, uma vez que muita mulheres frequentavam os jogos. Fizemos a Fiel da Inter", recordou.
A aceitação foi tão grande, que a torcida chegou a reunir 56 mulheres, entre elas Nega, Geni, Meire, Cleusa, Rose, Arcélia, Tatica, Dalva, Shirlei, Carmela, Ângela, entre outras.
Marinez contou que elas se reuniam sempre nas vésperas das partidas para picar papel, que vinha de uma lotérica da cidade. Era preciso até chamar um táxi para levar os enormes sacos para o Limeirão. "Quando a Inter entrava em campo era uma festa. Dava um enorme prazer na gente", ressaltou.
Martinez também dava flores aos jogadores. "O saudoso João Ferraz não gostava, pois achava que sua esposa ficava com ciúmes", sorriu.
E o amor pela Inter e pela torcida ia mais além. "Para arrecadar dinheiro para fazer nosso uniforme a gente fazia tardes de doces e salgados na nossa sede na Henrique Marques. O empresário Alan Cruañes nos ajudou bastante. Ele até financiou nossa primeira viagem de ônibus, que foi para São José dos Campos. Nos jogos em Limeira a gente não pagava ingresso, pois o Jairo Oliveira e o Sérgio Batistella faziam questão de não cobrar", confidenciou.
A torcida feminina terminou em 1985, exatamente um ano antes do título paulista de 1986. "Muitas se casaram e constituíram família. Outras os namorados proibiam de ir ao estádio. Foi então que decidimos parar", lembrou.
Mas o amor pela Internacional falava mais alto e Marinez viveu o dia mais feliz de sua vida, o 3 de setembro de 1986. Foi quando a Inter venceu o Palmeiras por 2 a 1, no Morumbis, gols de Kita e Tato e foi campeão paulista.
Marinez alugou um ônibus só para casais e estava acompanhada do eterno Morais. "Foi um dia inesquecível, memorável, mágico, enfim, tudo de bom. Depois do nascimento dos meus filhos, essa foi a maior emoção que já senti. Eu fui muito otimista ao Morumbis. Tinha certeza que voltaríamos com o título", completou.
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