
Tota, o "Pelé da Bocha", completa 90 anos
Ele ganhou 90% das partidas de
bocha que disputou ao longo da carreira. As 10% que perdeu é porque o
adversário conseguiu igualar a sua qualidade técnica. Otacílio Ulmman, o Tota,
completa neste mês 90 anos.
Estamos falando de uma referência
na modalidade. Todos os praticantes de Limeira e região são unânimes em afirmar
que se trata do maior jogador de todos os tempos, o chamado "Pelé da
Bocha".
Tota era tranquilo e preciso. Não
se intimidava com o adversário, seja dentro ou fora de casa. Sempre foi temido
pelos rivais. Todos queriam jogar de parceiro com ele, pois sabiam que a
vitória era certa.
Além de ser respeitado por todos,
Tota exercia uma liderança fora do comum nas canchas. A sua palavra valia muito
para seus companheiros. Era o braço direito do técnico Vanderi de Nadai.
"Sempre fui humilde, educado e companheiro. Gostava de unir o grupo.
Talvez isso tenha feito eu ganhar a simpatia de todos. Claro, que o fato de
jogar bem e ganhar partidas também ajudou muito nesse processo", frisou.
O amor pela bocha começou em
1957, no Bar Cruzeiro. Em seguida foi para o vizinho Bar São Benedito. Mas foi
no Círculo Operário que Tota teve a certeza que tinha nascido para praticar a
modalidade. "Fomos tricampeões. Montamos uma equipe muito forte",
lembrou.
Sócio-fundador do Ítalo
Brasileiro, Tota trabalhou no clube até 1986. Nesse período se orgulha em ter
conquistado todos os campeonatos que disputou. "Venci todas as partidas.
Sou invicto lá até hoje", sorriu.
Tota teve alguns grandes
parceiros na carreira. Cartola e Pedrão são os dois principais e no misto a
querida Lourdes, esposa do também bochófilo Zé Maria.
Uma das grandes tristezas de Tota
foi ter a casa assaltada. Bandidos aproveitaram a residência vazia e estouraram
o cofre. Além do dinheiro guardado pela venda de um terreno, os marginais
furtaram as 30 principais medalhas conquistadas pelo bochófilo.
Das 230 medalhas que ganhou ao
longo da carreira, o limeirense separou as 30 mais importantes e as colocou no
cofre. "Para esses larápios elas não têm valia nenhuma, agora para mim
representam minha vida, minha história. Elas podem ter sido trocadas por
migalhas. Não gosto nem de lembrar, que faz mal para minha saúde",
lamentou.
Nas medalhas levadas estão de
Jogos Regionais, Jogos Abertos e da Federação Paulista. Ganhador também de dois
troféus Fumagalli, Tota hoje está aposentado da bocha. Parou em 2017, após
enfrentar a dengue e alguns outros problemas de saúde, como desmaios. Mesmo
assim o gosto pela modalidade jamais vai deixar de exisitir. "A saudade é
eterna", confidenciou.
Segundo seu amigo Marco Pilon, o
Guiga, Tota foi um monstro da bocha limeirense. "Quando a gente ia para os
campeonatos, já saíamos com 1 a 0 na melhor de três, justamente por causa dele.
Ele não perdia. Não tem cabimento o que esse homem jogava. Sou um privilegiado
por ter visto tudo isso de perto", comentou.
Em Jogos Regionais, a bocha de
Limeira tem seis medalhas de ouro, seis de prata e sete de bronze. Em Jogos
Abertos foram três medalhas, uma de ouro, uma de prata e uma de bronze.
Em razão dos 90 anos, Tota fará
um almoço neste domingo, no salão social do Gran São João, onde receberá os
familiares e amigos. O bochófilo é casado há 66 anos com dona Dalva, tem dois
filhos, quatro netos e dois bisnetos.
Tota fez questão de deixar uma
mensagem. "Gostaria de agradecer à todos os meus companheiros e a cidade
de Limeira que tanto carinho tiveram comigo ao longo desses 90 anos. Pode ter
certeza, se eu voltasse no tempo eu faria exatamente tudo novamente. Sou uma
pessoa realizada e grata por tudo o que vivi até aqui", completou.
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