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Alberto Félix vai para sua 11ª Série A-2 consecutiva

Dentro de campo, uma carreira consolidada e de muito sucesso. Jogador estiloso, com faro de gol. Um meia que sabia jogar na frente. Atuou em vários clubes, com destaque para Bragantino, Fluminense (campeão da Copa Kirim no Japão) e Cruzeiro. Foi artilheiro do Paulistão com o Ituano.

Foi convocado para a Seleção Brasileira em dois amistosos, na Alemanha e no México. E quase foi para a Copa do Mundo de 1994, nos EUA. O técnico Carlos Alberto Parreira escolheu Raí, em alta no São Paulo.

Como treinador, Alberto Félix é um nome forte no interior paulista, principalmente quando o assunto é Série A-2. Tanto é verdade, que está indo para a sua 11ª consecutiva. Está em busca de seu segundo acesso.

O moço de Bragança Paulista torcida brasileira, busca se consolidar na profissão. Para que isso aconteça, será preciso fazer um grande trabalho na Internacional. O novo comandante leonino entende que essa é a grande chance de sua carreira. Uma espécie de divisor de águas.

Como você recebeu o convite para assumir a Inter?
Alberto - Fiquei muito feliz, pois a Inter é uma gigante do interior. Qualquer técnico tem o desejo de comandar essa agremiação. Comigo não é diferente. Estou com muita vontade de trabalhar e vencer nesse clube. Quando recebi o convite do presidente Danilo Maluf não pensei duas vezes em aceitar. É um dos grandes desafios da minha carreira, mas estou preparado. Em 2023, quando eu estava no Velo Clube, quase acertei com a Inter para a Série D daquele ano. Me lembro que o Pintado tinha acabado de sair daqui. Mas infelizmente não deu certo naquele momento. Depois não falei mais com o presidente. Quando deixei o Linense na Copa Paulista, comecei a observar os clubes que estavam sem técnico na Série A-2 e vi que a Inter estava sem um comandante. Para minha alegria e surpresa, fui consultado, recebi o convite e o acordo foi rápido.

Como você chega a Internacional?
Alberto - Esperançoso e otimista. Estou trabalhando em uma equipe estruturada, pesada, tradicional e que está em um bom momento após o acesso à Série C do Campeonato Brasileiro. Claro, que o primeiro passo é a Série A-2. Temos que focar 100% nela, para depois pensar na Série C. E tentar voltar à elite. Será um ano de muitos desafios. É preciso planejar para não errar. Será a melhor A-2 dos últimos anos, até pelo nível das equipes que vão disputar.

Como tem sido a preparação visando a Série A-2?
Alberto - Na medida do possível estamos preparando a nossa equipe, com os treinos no Centro Rural. Ainda não estamos podendo treinar no Limeirão, até pela troca do gramado. O ideal é que nós já tivéssemos com o elenco formado, até porque completamos três semanas de trabalho. Hoje, contamos com 18 atletas e tenho recorrido a base para treinar. Nesse primeiro momento a parte física tem sido a nossa prioridade e temos um grande profissional aqui que é o Luiz Fernando. Estamos trabalhando juntos.

Você tem pressa para a chegada dos reforços que faltam?
Alberto - Ainda faltam seis peças para chegar, mas o mercado está complicado. Tem time oferecendo salários altos, até fora dos padrões e dessa forma, fica difícil competir. Sem contar que começamos atrasado em relação aos nossos concorrentes. Mas estamos atentos as possibilidades. Eu, o presidente e o Luciano Mancha estamos trabalhando muito para completar nossas fichas. Temos pressa sim. Os nomes que eu e o Mancha indicamos, infelizmente não estamos conseguindo fechar. E foram muitos nomes. Acredito que a gente tenha respostas positivas até o fim do ano. Pelo menos é o que espero, até porque a Inter tem um diferencial em relação a muitos times: o calendário. Temos uma Série C para oferecer ao reforço. E mesmo assim tem sido complicado. E sem contar que a Inter goza de uma credibilidade muito grande no mercado que é honrar seus compromissos em dia. Algo bem raro hoje em dia.

E o seu trabalho dentro de campo?
Alberto - Sou atento a tudo. Meu objetivo nesse momento é colocar em prática o modelo de jogo que gosto e que utilizo nos clubes que passei. Para minha felicidade, aqui na Inter eu não precisei começar do zero. Cheguei aqui com um time praticamente pronto, ou seja, com a espinha dorsal formada e com verdadeiros líderes no elenco, como Saulo, Lucas Santos e Miguel Bianconi. Acompanhei a Inter na Série D e esse time realmente deu liga. É um grupo focado e vencedor. Não subiu por acaso. Agora é formar um esquema de jogo para que os novos reforços não tenham dificuldades de adaptação. Mas estou muito feliz com o material que tenho em mãos. Claro que precisamos de mais, até porque não teremos semanas cheias de trabalho. Serão jogos às quartas e sábados, sem parar, até o fim. E nesse caso, o desgaste será enorme. Precisaremos de peças de reposição e na altura dos titulares que eventualmente não possam jogar. E sem contar que perdemos jogadores que estavam fechados com a Inter, mas que acabaram nos deixando (casos do volante Robertinho, do Amazonas e do meia Ray Breno, do Vasco).

Gostou do novo formato da Série A-2?
Alberto - Com certeza vai premiar os dois melhores times. É mais justo. Nesse ano subiram Primavera e Capivariano. Teve um ano que subiram Velo e Noroeste, ou seja, o 7º e o 8º. Não podemos falar que é injusto, porque eles mereceram. Mas no formato de 2026 é difícil isso acontecer. Tem que premiar aqueles que realmente fizerem as melhores campanhas. Mas o futebol é surpreendente e emocionante. Subi com o Bragantino em 2017, quando eram 24 clubes e os quatro primeiros se classificavam. Entrei no G-4 na última rodada e subi nas semifinais. E não foi injusto.

Você tem batido na trave nos últimos anos para subir?
Alberto - Do Bragantino para cá cheguei em três semifinais, duas com o Rio Claro e uma com o Taubaté, além das quartas de final com o Velo Clube. No mata-mata você não pode errar. Se você estiver em um dia ruim, será eliminado. Não tem jeito. Agora, com o quadrangular você tem a chance de se recuperar de um mau dia. Nos meus trabalhos anteriores eu cheguei para evitar rebaixamento. O objetivo era apenas se manter na divisão. E fomos além da expectativa. Fomos surpreendendo. Fiquei muito feliz com esses trabalhos que realizei. Falam que eu tiro leite de pedra. Claro, que todo técnico pensa em subir, mas a gente era cotado para cair. Foi um salto muito grande. Fomos longe pra caramba, principalmente com o Taubaté neste meu último trabalho. Ninguém acreditava na gente.

A Inter é um divisor de águas na sua carreira?
Alberto - É assim que estou encarando meu trabalho. A Inter é muito grande, tem camisa, tem tradição e tem títulos importantes na história. Desde o Bragantino em 2017 que não assumo uma equipe considerada favorita ao acesso. E vejo que os momentos são bem parecidos. Mas não podemos esquecer que será uma das Séries A-2 mais difíceis da história. A régua está lá em cima. Não tem como não citar XV de Piracicaba, Ferroviária, Ituano, São José, Santo André, Água Santa, Votuporanguense, enfim, todo jogo será um clássico do interior. E não adianta a gente ser favorito e não mostrar isso dentro de campo. Tenho trabalhado a parte emocional do grupo também. É bom deixar claro que não temos a obrigação de subir. Isso é mais da cabeça do torcedor. Temos sim um time que tem grande chance de subir. Temos virtude, mas também limitações.

A Inter joga em Monte Azul na 1ª rodada. Você prefere estrear fora de casa?
Alberto - Prefiro. Você joga mais a vontade. Não tem aquela pressão e obrigação de vencer logo de cara por ser o mandante. E o primeiro jogo sempre é o mais complicado. Você sai de jogos-treinos para uma partida que vale três pontos. É complemente diferente. Depois faremos dois jogos em casa, contra São Bento e Taubaté. Temos a chance de começar muito bem a Série A-2. Pelo menos é o que espero. Mas é bom lembrar que é muito complicado jogar em Monte Azul. Eles adotaram um esquema de jogo há anos e não mudam. É chuveirinho na área o tempo todo. Exigem demais das defesas adversárias. Sem contar a pressão na saída de jogo. Vai ser uma pedreira na largada.

A Inter vai enfrentar os mais fortes fora de casa. Isso preocupa?
Alberto - Na verdade eu prefiro enfrentá-los na casa deles mesmo. Jogar em Piracicaba, Araraquara, Itu e São José vai exigir ainda mais do nosso grupo. Mas um time que quer subir precisa passar por jogos grandes assim. Não é fácil para esses adversários também receber uma Inter em sua casa. Você conseguindo um resultado positivo como visitante o moral fica elevado. Particularmente, eu gosto disso. Fica um clima de decisão no ar.

Você pensa na Série C também, principal competição da Inter em 2026?
Alberto - Não tem como não pensar. Mas nesse primeiro momento nosso foco total é na Série A-2. O quadrangular final do Paulista vai culminar exatamente com o início do Brasileiro. Espero fazer um bom trabalho para que eu siga no comando do time até o fim de 2026. Esse é o meu objetivo. Eu dependo de bons resultados. E que seja um ano positivo para todos nós.

Para fechar, você vai acompanhar a base?
Alberto - Todo treinador precisa estar alinhado com o profissional e a base. Farei de tudo para acompanhar os jogos da Copa São Paulo pela manhã. Uma pena que os jogos não serão no Limeirão e sim em São José do Rio Preto. Mas conheço o Samarone e sei da sua capacidade. Tem bons meninos no time, que podem nos ajudar no profissional.

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