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Quase 20 mil consultas e exames estão atrasados em Limeira

O sistema público de saúde de Limeira possui, atualmente, milhares de procedimentos aguardando sua realização: são 11.251 exames e 8.006 consultas, totalizando 19.257 serviços em atraso. As informações foram repassadas pela prefeitura à Comissão de Saúde da Câmara Municipal.

O tempo médio que um paciente aguarda para efetivar sua consulta hoje é de quatro meses; para exames, o prazo é de 100 dias de espera. Ao todo, são 45 áreas e especialidades apresentadas no quesito consultas e 74 tipos de exames na lista (confira na relação destacada ao lado as principais ocorrências).

As informações foram disponibilizadas pela Secretaria Municipal de Saúde ao legislativo, atualizadas até 27 de setembro deste ano. Os dados constam na ata oficial da reunião do colegiado, disponível para consulta pública no site da Câmara.

 

Cirurgias

O vereador Marco Xavier (Cidadania), membro da comissão, cita uma lei de sua autoria que garante aos pacientes verificar a posição exata na fila de consultas e de exames. O parlamentar, porém, questiona o fato de não constar no sistema a posição na lista de espera das cirurgias, algo garantido na legislação de 2018.

“A minha lei prevê que também seja disponibilizada essa informação, para que a pessoa interessada possa saber quando será chamada. Mas essa transparência na divulgação não está sendo cumprida”, lamenta.

Em um requerimento do ano passado, Xavier questionou a prefeitura sobre essa lacuna na aplicação da norma. Como resposta, o secretário Vitor Santos informou à época que a divulgação por meio eletrônico se encontrava em estruturação.

“Já foi iniciado o levantamento dos pacientes que necessitam de procedimentos cirúrgicos, entretanto, a complexidade de informações, faz com que o processo demande um período de tempo prolongado. Passado o período da pandemia, prioritariamente, as ações retomarão para a disponibilização e instalação do sistema online da fila de cirurgia”, citou Santos, em maio de 2020.

Até o momento, porém, o sistema de consultas segue sem disponibilizar a fila das cirurgias. No documento enviado à Câmara, também não constam dados sobre a espera para procedimentos cirúrgicos e o tempo a ser aguardado para sua realização no âmbito da rede municipal de saúde.

O sistema de consulta à fila de espera foi instituído pela Lei Nº 5976/2018 e pode ser acessado no site da Prefeitura: https://serv42.limeira.sp.gov.br/fila_cross_saude/blk_formconsulta_recap. 

 


Gastos com “Kit Covid” custeariam mais da metade da fila

Durante a reunião da comissão, o vereador presidente Everton Ferreira (PSD), do mesmo partido do prefeito Mario Botion (PSD), citou que é estimado pela Secretaria de Saúde um custo aproximado de R$ 2,3 milhões para a execução dos serviços. 

Já na notícia oficial publicada pela Câmara, o parlamentar “demonstrou preocupação com o orçamento da pasta para o custeio desses serviços e alertou que a falta de recursos tende a parar o atendimento de consultas e exames acumulados”.

Porém, a Prefeitura de Limeira já gastou, entre abril de 2020 e julho de 2021, cerca de R$ 1,550 milhão em comprimidos do chamado Kit Covid para tratamento precoce de enfrentamento à pandemia, com medicamentos sem eficácia comprovada para tal.

Com esse valor, seria possível atender cerca de 67% dos exames e consultas parados na rede municipal de saúde.

 

Sem eficácia

A Azitromicina é a campeã do consumo dos recursos aplicados no combate ao coronavírus:  três empresas forneceram 649.950 mil comprimidos a um valor total de R$ 953.911,50.

O segundo lugar é da Ivermectina, que soma mais de meio milhão de reais gastos: quatro fornecedoras  consumiram R$580.997 mil ao mandar 530 mil comprimidos do medicamento para a cidade, exclusivamente para combate à Covid-19.

Quanto à Cloroquina, o governo municipal gastou pouco mais de R$ 14 mil, mas solicitou e recebeu 37.500 comprimidos do governo federal. Assim, foram mais de 45 mil unidades aplicadas no tratamento. Duas empresas contratadas a um preço de R$ 14.485,21 por 7.980 comprimidos.

Entidades médicas ao redor do mundo estão a cada dia mais questionando e invalidando o uso desses medicamentos no combate e tratamento da Covid-19, por conta da falta de comprovação científica de sua eficiência.

 


No Outubro Rosa, mamografias e US transvaginal entre os mais atrasados

Neste 1º de outubro, data que abre a campanha do Outubro Rosa, voltada para conscientização das mulheres sobre a importância dos exames que detectam os cânceres de mama e de colo de útero, a planilha enviada pela secretaria à Câmara mostra que os exames com maior demanda e demora na realização são: ultrassonografia transvaginal, raios X simples, ultrassonografia de articulações, ultrassonografia de abdômen total e mamografia bilateral.

São 2.351 mulheres aguardando a ultrassonografia transvaginal, principal exame para a detecção de doenças ginecológicas graves, como câncer no colo de útero, quarta forma mais frequente de tumor entre a população feminina.

Quanto a mamografia bilateral e o ultrassom de mama, são 826 limeirenses na espera desses procedimentos primordiais no diagnóstico da doença que atinge milhões de pessoas todos os anos.

A vereadora Lu Bogo (PL), que também faz parte da comissão, chegou a protocolar essa semana uma indicação à prefeitura, solicitando que a secretaria de Saúde realizasse um mutirão para amenizar essa demanda de tantas mulheres.

 

Consultas

Quanto às consultas, as especialidades com mais espera são: oftalmologia (2.957), dermatologia (1.066), neurologia clínica (564) e psicologia (438). Há ainda 128 crianças aguardando atendimento psicológico pediátrico.

Os atendimentos no serviço social sobre planejamento familiar também consta entre os mais procurados: são 548 consultas na fila de espera. Esse procedimento é obrigatório por lei aos homens que pretendem fazer uma vasectomia e às mulheres que optam pela laqueadura como método de contracepção definitivo, por exemplo.

As cirurgias são gratuitas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas sem essa triagem prévia, a tramitação acaba sendo atrasada e, consequentemente, podendo gerar possíveis gravidezes involuntárias.

 

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