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Limeira registra fila de espera no atendimento para autistas

Mães esperam por vaga no Cema para as terapias; uma delas relatou crise do filho, de 7 anos

“Enquanto espero uma vaga para meu filho poder ser atendido no Cema, ele teve uma crise e deu um soco na porta de vidro, que chegou a trincar. Graças a Deus, nada de grave aconteceu”, relata uma mãe de uma criança com autismo, de 7 anos. Ela preferiu não ser identificada.

A mãe conta que aguarda há dois meses uma vaga no Centro de Especialização Municipal do Autista (Cema). “Soube que há 15 crianças na frente e acredita que essas mães estão esperando há mais tempo”, diz. Ela está indignada, pois o Cema passou por uma reforma, está em local novo e deveria comportar atendimento. “As crianças com autismo não podem ficar sem as terapias. Meu filho tem um grau mais leve e fico imaginando as que são mais graves”, observa.

A reclamação de falta de vagas no Cema não é de agora. Em janeiro do ano passado, mães já falavam de dificuldade em conseguir atendimento, além da falta de especialistas.

Em 7 de junho deste ano, o Cema começou a atender em novo local, espaço onde funcionava a escola Miguel Queija Gomes, no Jardim Vanessa, desativada em 2016. O imóvel passou por reforma, pois estava fechada há anos e teve depredações.

ESTRUTURA

Conforme divulgado pela Prefeitura, à época, a unidade atende 160 pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e conta com dez salas, divididas entre salas de aula e salas terapêuticas. O trabalho havia sido reformulado para ser mais abrangente. Segundo informado, os atendimentos seriam realizados de forma individual, com equipe multiprofissional. Com isso, o Cema ganhou duas terapeutas ocupacionais, três psicólogas, duas fonoaudiólogas, um enfermeiro e um médico.

Conforme informado, em razão da pandemia de coronavírus, o retorno presencial no novo endereço era opcional. Quem preferia podia seguir com os atendimentos de forma remota ou por meio de visitas domiciliares – estratégias adotadas desde o início da quarentena, em 2020.

A Prefeitura não respondeu aos questionamentos da Gazeta sobre a demora nos atendimentos e qual expectativa para zerar a fila de espera. Além disso, o poder público não informou também quantas crianças são atendidas hoje no Cema.

 

 

Murilo Félix enviou R$ 150 mil em junho, 
mas projeto da Prefeitura não está pronto

O deputado estadual Murilo Félix (Podemos), que chegou a anunciar a liberação de R$ 150 mil do governo para o atendimento aos autistas de Limeira, foi questionado pela Gazeta devido à demora para a expansão do serviço público. “Foi o primeiro recurso que destinei no primeiro semestre para Limeira. A saúde foi prioridade na decisão de enviar minhas emendas para a cidade”, declara.

A verba, segundo ele, já está nos cofres públicos municipais desde junho. “Tive uma conversa à época muito positiva com o doutor Vitor Santos, secretário de Saúde, para investimentos em ampliação do Cema [Centro de Especialização Municipal do Autista]”, conta. Porém, o deputado procurou informações sobre a demora para a ampliação e foi informado que o projeto da Prefeitura não está pronto. “Nós estamos quase em dezembro e o projeto que visa a aplicação de um recurso essencial que eu enviei no primeiro semestre deste ano não está pronto. Estamos falando de uma Prefeitura que tem um orçamento bilionário e está negligenciando no atendimento às crianças autistas”.

O parlamentar alegou que vai procurar novamente a Prefeitura para cobrar agilidade, evitando que o drama das famílias dos autistas aumente e que a luta por recursos para Limeira, que ficou 25 anos sem deputado estadual, seja em vão. Murilo citou ainda os outros investimentos e lutas pela cidade, mas lembrou que, sem o interessa da Prefeitura, tudo que ele conquista junto ao governo não se concretizará. “Cidades menores, com orçamentos enxutos, não perdem os prazos e os recursos chegam, como é o caso de Cordeirópolis”, compara.

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