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Mato alto: “população cobra providências”, disse vereador

Os serviços de zeladoria em Limeira, com destaque a roçagem de mato alto, foi pauta na última sessão da Câmara Municipal. O vereador Waguinho da Santa Luzia (Cidadania) destacou que vem sendo cobrado constantemente por munícipes e usou a tribuna para criticar a falta de manutenção na cidade. O tema gerou inclusive uma discussão acalorada entre os parlamentares.

Segundo o vereador, a empresa Forty - responsável pelo serviço, conta com efetivo de cerca de 120 colaboradores para realizar a roçagem e 25 funcionários atuando nos serviços de poda e remoção de árvores. Durante sua fala, ele destacou os campos de areia construídos pela prefeitura e que estão tomados pelo mato alto.

“Não vou pegar uma inchada igual fizeram as crianças de nossa cidade para fazer um serviço que é pago, e muito bem pago, a empresa responsável. Estou sendo cobrado nas ruas e nas redes sociais, o que é dever mesmo da população em nos cobrar e não vou culpar somente a chuva. A cidade está feia e espero dos nobres vereadores que possamos cobrar juntos, para que essa empresa possa cumprir e fazer o que deve ser feito”, disse.

SERVIÇO DESATUALIZADO

O parlamentar destacou ainda que o site da prefeitura está desatualizado quanto aos serviços de roçagem na cidade. Segundo ele, desde dezembro do ano passado. “Em anos anteriores a empresa chegou a trazer funcionários de outras cidades para poder ajudar na roçagem, pois não estava dando conta de roçar o mato na cidade e neste final de semana percorrendo vários pontos só achei uma equipe na cidade inteira limpando as áreas. A empresa afirma que de dezembro a março o efetivo é maior, mas juro que não vejo isso pela cidade”, afirma.

PRAZO ATÉ DIA 20 DE MARÇO

O vereador da base, Nilton César dos Santos (Republicanos) destacou que em reunião com o prefeito, foi garantido que o serviço de roçagem será reforçado nas próximas semanas. “Todos os vereadores estão cobrando esta situação na cidade e a promessa do senhor prefeito é de que até dia 20 de março a cidade estará limpa. A prefeitura inclusive estará divulgando em todos os veículos de comunicação. São boas notícias”, ele destacou. O parlamentar também disse que com o período chuvoso, o mato está crescendo rapidamente. “No anel viário, por exemplo, o mato foi cortado há menos de 15 dias e já está tudo grande de novo. Nessa época é igual enxugar gelo. Vamos aguardar a data de 20 de março – com a promessa de uma cidade limpa”, disse.

CHUVAS E PALANQUE ELEITORAL

O vereador Anderson Cornélio Pereira (PSDB) destacou que o assunto vem sendo usado como ‘palanque eleitoral’ e destacou que os funcionários não podem trabalhar na chuva. “Eu sempre fui um defensor democrático, sempre expus nesse plenário e demonstrei a minha insatisfação com politicagens praticadas por politiqueiros que usam este plenário e esta Casa de Leis como palanque eleitoral e de alta promoção social. Quem aqui conhece de roça, que estudou minimamente a matéria de ciências no ensino fundamental, sabe que no período de chuva o mato cresce mais rápido e com mais força – isso é muito fácil de concluir – e eu fico pensando será que não tem outra forma de se auto promover? Já imaginou se o executivo coloca o pessoal para roçar na chuva? O sindicato estaria aqui fazendo uma baderna. Está chovendo desde dezembro e temos conhecimento do problema na cidade. Agora se até o dia 20 de março a cidade estiver com esse mato alto eu vou cobrar [prefeitura] de verdade”, disse.

EMBASAMENTO TÉCNICO

A vereadora Constância Félix (PDT) enfatizou que também vem cobrando a prefeitura e que um requerimento pedindo mais detalhes sobre os serviços de zeladoria na cidade já está sendo elaborado, ela também defendeu o vereador Waguinho que foi alvo de críticas. “Eu falo como técnica, pois trabalho com jardinagem há quase 40 anos, tenho uma empresa que executa o mesmo trabalho que a Forty e digo com propriedade que ninguém parou de trabalhar nesse período chuvoso. Não se chove 24 horas por dia. Eu sei até quantos jardineiros tem na cidade e estão todos trabalhando. Eles chegam no serviço, fazem uma parte, colocam a capa de chuva e estão trabalhando – então não justifica o matagal que está a cidade de Limeira. Eu já solicitei quanto a Forty irá receber pelo trabalho de zeladoria na cidade, já que se eles não podem trabalhar eles também não podem receber.  A cidade está um caos, um verdadeiro matagal e cobrar isso da prefeitura não é politicagem, é o mínimo. A prefeitura tem um mês para limpar a cidade inteira, o que não vai fazer. Vai demorar pelo menos 6 meses. Mas pontilhão, eles fazem rapidinho”, destacou.

AUMENTO DO EFETIVO

O vereador Ju Negão (PV) voltou a enfatizar que os vereadores cobraram o prefeito e que os serviços de roçagem serão reforçados. “Vai ter um aumento de equipe e horário ampliado para que se consiga correr atrás do prejuízo – e eu falo isso, devido às chuvas. Todo início de ano é a mesma situação – a chuva é uma situação que acontece e é necessária. O prefeito se prontificou a aumentar o efetivo e o horário e eu prefiro acreditar e dar crédito de que isso aconteça”, destacou.

COBRANÇAS

O vereador Marco Antônio Xavier (Cidadania) pediu mais respeito, diante da fala do parlamentar Waguinho que foi recriminado por fazer ‘politicagem’. “Falar de um assunto que estamos sendo cobrados constantemente não é politicagem. Peço respeito aos vereadores. Fomos eleitos pela população, somos pagos por eles e é nosso dever dar satisfação sobre o por que os serviços não estão sendo executados, já estamos sendo cobrados por isso”, afirma.

Empresa recebe mais de R$ 28 milhões de reais por ano

O contrato assinado entre a prefeitura e a empresa Forty desde 2015, após pregão presencial, é de mais de R$ 28 milhões de reais por ano para realizar, entre outros serviços, o corte do mato, a manutenção de áreas públicas e a limpeza de redes de drenagem de água de chuva.

Segundo o Portal da Transparência da Prefeitura, o contrato custa aos cofres públicos R$ 0,59 o metro quadrado da capinagem manual e, em 12 meses, o gasto previsto é de R$ 1,416 milhão somente neste item. O serviço inclui a manutenção da área urbana e dos prédios públicos.

O mesmo edital prevê mais R$ 1 milhão de gasto, em 12 meses, com a chamada capina química, fixada em R$ 0,42 o metro quadrado. O valor total do contrato, que se iniciou em 10 de agosto do ano passado, é de R$ 28.609.647,60. Em cidades vizinhas, como em Americana, os serviços de roçagem manual e mecanizados custam R$ 0,32 o metro quadrado. Em São Carlos, o valor é ainda menor. A empresa Terra Plana, responsável pelo serviço na cidade, cobra R$ 0,21 o metro quadrado pela roçada manual e a capina manual, incluindo amontoamento, carga e descarga, sai por R$ 0,32 o metro quadrado.

Apesar do contrário milionário, calçadas e canteiros são motivos constantes de reclamações de munícipes. A Gazeta tem mostrado, inclusive no Espaço Leitor, fotos e demandas da população que pedem pela manutenção dessas áreas há meses. “O cemitério por exemplo, está uma vergonha, tomado pelo mato e pelo surgimento de animais peçonhentos nas residências próximas”, disse o morador Benedito Atunes de França.

No Jardim Santa Adélia a situação não é diferente: área de lazer e praças também não podem ser utilizadas por causa do mato. Uma moradora que faz caminhada no local disse que a situação está crítica. "Eu faço caminhada desviando do mato e dos mosquitos. As vezes perco até a vontade de vir caminhar", falou.

Já no Jardim Morro Branco, moradores afirmam ter perdido a conta da quantidade de protocolos que têm na ouvidoria (156) referentes a esse tipo de problema. Em uma praça das praças, um dos bancos acabou coberto pelo mato. Outro ponto que tem sido alvo de reclamações é no Parque das Nações. Moradores relatam que o mato alto dificulta para enxergar o trânsito em algumas rotatórias.

No jardim Graminha, um morador encontrou uma cobra na área de lazer que fica no final da avenida principal. “É muito complicado para nós que moramos próximo a essas áreas. Em casa aparece muitos bichos como escorpiões, por exemplo, e como tenho filho pequeno, fico muito preocupado”, diz um morador do bairro. A Gazeta tentou contato com a Prefeitura, mas não recebeu respostas até o fechamento da edição.

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