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Parede de imóvel desaba e danifica seis casas no Jd. Consoli

Alguns moradores da Rua Gisberto de Déa, no Jardim Consoli, em Limeira, acordaram assustados nesta quarta-feira. Por volta das 7h, eles foram surpreendidos com a queda de parte de uma parede que separa as residências de um lado da rua, com o prédio onde funcionou uma universidade privada. O espaço formado por diversas construções, entre elas uma espécie de barracão, está abandonado há alguns anos, desde quando o estabelecimento de ensino deixou o local. A parede que divide esse barracão com as casas da rua lateral ruiu. Testemunhas alegaram que ela começou a se fragmentar até perder a sustentação e cair de vez. “Ainda bem, porque se ela cai inteira, teria destruído mais nossas casas e matado gente”, disse uma moradora, identificada como Joelma.

Moradores em situação de rua, além de desocupados e viciados em drogas, ocuparam o espaço. Alguns frequentavam o local com alguma frequência. Segundo apurado, aos poucos a estrutura do prédio foi sendo deteriorada, com retirada constante de materiais da estrutura, cobre dos fios, portões janelas e outros objetos de pequeno valor que estavam no local. “Aqui, era 24 horas de gente batendo marreta e saindo pelos fundos, sentido linha férrea”, relatou Suzi, outra moradora que teve a casa atingida pelos destroços.

Acredita-se que, pela ação do tempo e com os constantes furtos, a estrutura foi sendo fragilizada até não aguentar o peso das vigas de concreto e da cobertura do espaço que desabou. Suzi e algumas vizinhas relataram que, há algum tempo, vinham sendo observados alguns problemas estruturais, como a queda de pedaços de concreto das paredes, infiltração de umidade, entre outros sinais que o prédio estava com a estrutura comprometida.

Com o incidente, equipes da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Guarda Civil Municipal e da Defesa Civil foram ao local. A primeira preocupação era com possíveis vítimas, que poderiam estar embaixo dos escombros do imóvel e das casas. Logo na chegada, os moradores informaram que não havia ninguém ferido, nas residências. O responsável pelo posto dos Bombeiros de Limeira, tenente Eric Dias Fernandes, disse que quando as equipes chegaram ao local do desabamento encontraram três moradores em situação de rua. Ambos estavam assustados, mas sem ferimentos Eles disseram que não haveria mais ninguém no prédio. Mesmo assim, uma varredura preliminar foi feita, com o apoio do canil da GCM e não foi encontrado sinal da presença de pessoas. No entanto, foi determinado que uma verificação mais aprofundada no prédio fosse feito, com retirada dos entulhos para, o que chamou de “mitigação de risco”. Essa retirada contaria com a ajuda da prefeitura, com o maquinário da Secretaria de Obras e Serviços Públicos. O diretor da pasta, Tikara Okawada esteve no local para acompanhar as primeiras análises.

O prédio onde funcionava a universidade foi totalmente interditado pela Defesa Civil. A engenheira da corporação, que é vinculada à Secretaria de Segurança Pública, relatou que não havia condição de deixar o espaço aberto, pois invasores poderiam ir ao local do desabamento que, até a retirada de materiais que ainda estão instáveis, é de risco. Uma viatura da Guarda Civil Municipal deve permanecer no local de forma permanente, até para garantir a segurança das casas atingidas, já que as paredes dos fundos foram derrubadas e o acesso pelo prédio é facilitado. Os laudos feitos pela Defesa Civil e pela perícia criminal devem ser entregues às autoridades em alguns dias.

Os moradores foram ao 1º Distrito Policial durante a tarde de ontem para registrar o boletim de ocorrência dos danos. Os proprietários estiveram no local de manhã. A tarde, voltaram, acompanhados do engenheiro Aderbal Mansur. Segundo o profissional, durante a vistoria feita, na presença da engenheira da Defesa Civil, foi constatado que uma estrutura metálica em arco havia sido serrada. "Encontramos pontos de serra. Eles [moradores de rua] estavam tirando o material e acabaram colapsando a estrutura do prédio como um todo. Esse arco não suportou, mas estava preso à parede. Quando ele caiu, trouxe a parede junto”, disse o engenheiro, que deve voltar ao local hoje para emitir um laudo, que será usado na defesa dos proprietários do imóvel.

Os moradores há algumas semanas se organizaram e fizeram um abaixo assinado, endereçado ao prefeito Mário Botion. No documento, os moradores reivindicam que o chefe do Executivo acione o proprietário do imóvel, pedindo providências. Os assinantes relatam que o local havia sendo depredado por moradores de rua e que a estrutura metálica estava sendo destruída, com o intuito de furtar o material e trocá-lo por drogas. O documento foi protocolado na prefeitura municipal na tarde do dia 5 de maio.

“Papai do Céu estava com os braços abertos sobre minha casa”, relatou moradora

A equipe de reportagem da Gazeta permaneceu no local por cerca de 4 horas na manhã de ontem. Qualquer morador das casas atingidas tinham suas próprias histórias para contar. Rosana, disse que o cachorro dela percebeu o desabamento e começou a latir. “Quando sai para ver o porque ele estava agitado, vi a parede se desfazendo e aquela poeira já levantando”, relatou. A vizinha de baixo dela, Joelma, disse que dormia quando tudo ocorreu. “Acordei com o barulho. Parecia que tinha caído um avião aqui. Abri a minha janela e não consegui ver nada, mas ouvi a Rosana, desesperada, gritando perguntando de mim e da minha filha. Disse que estávamos bem, mas tive medo de abrir a porta do meu quarto. Papai do céu estava com os braços abertos sobre minha casa”, afirmou.

O relato é pelo fato de o quarto onde ela dormia com a filha fica nos fundos da casa. “O que me separa dos escombros e a parede. Se tivesse caído um metro para frente, tinha me matado em cima da minha cama. Eu nasci de novo”, disse ela. Encostada na parede que caiu, ficava uma casinha de madeira construída pelo marido dela para a filha do casal. “Mais tarde, ela estaria lá dentro, brincando. Iria estender roupa e ela estaria lá. Graças a Deus, ela também está viva”, disse. Abalada, ele ligou para o companheiro, que havia saído para trabalhar. No meio da manhã, o homem chegou e pode abraçar a esposa. “Quando ela me ligou, pensei no pior com a nossa filha. Só fiquei mais tranquilo quando cheguei aqui e vi as duas”, afirmou ele, que trabalha como motorista.

A reportagem também encontrou o senhor Urbano, vizinho de Joelma. Contador, ele mantinha um escritório nos fundos de casa. Com o desabamento, o cômodo ficou completamente destruído. “Trabalhei aqui até às 23h de ontem. Graças a Deus estava dormindo. Se estivesse ali, também estaria morto”, disse o homem, descalço. Todos os calçados deles ficam guardados no escritório, cuja a entrada está impedida pela quantidade de material que destruiu o telhado, caindo dentro da casa.

 

 

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