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“7 de Setembro é o início do sonho de uma nação brasileira”, diz professora

A declaração de independência de D. Pedro, no dia 7 de setembro de 1822, foi o primeiro ato de um longo processo de formação e mudanças. O processo histórico de separação entre Brasil e Portugal se estendeu de 1822 a 1825. A professora de História do Colégio Jandyra de Limeira Jennyfer Jurgensen de Oliveira, destaca que a data é muito importante para a história brasileira, porém quando se analisa mais de perto esse evento tão simbólico, isso foi só um pequeno passo para conquistar aquilo que foi almejado – liberdade política e econômica. 

Confira a entrevista: 

A chegada da família real ocasionou uma série de mudanças. Isso foi um marco para o Brasil?

Com toda certeza a vinda da família real portuguesa com sua corte para o Brasil foi um grande acontecimento. A antiga colônia tropical ganhava novos ares, agora como sede do governo português, que fugia do caos que assolava a Europa durante o governo de Napoleão Bonaparte. Com a chegada da família real, o Brasil passava a fazer comércio com as nações amigas de Portugal, que no caso, era a Inglaterra, rompendo com o Pacto Colonial (acordo de exclusividade econômica entre metrópole e colônia). Além de ter uma modernização na cidade do Rio de Janeiro, com a construção do Museu Real, Real Biblioteca, Jardim Botânico, Academia Real de Belas Artes, Banco do Brasil e a Casa da Moeda, são algumas das criações desse período que visava modernizar a colônia para abrigar a família real e sua corte. E isso é mais um pequeno passo do nosso passado que nos levava a independência. 

Maria Leopoldina foi realmente importante para esse processo de independência na época?

Leopoldina, esposa de D. Pedro, por muito tempo foi deixada de lado na história da independência. Porém a nossa futura imperatriz teve um grande papel no nosso processo de rompimento. Em agosto de 1822, D. Pedro foi para uma viagem em São Paulo e deixou Leopoldina como princesa regente. Os ares já sopravam ventos da independência, a elite brasileira almejava essa conquista, ainda mais após as cartas de Portugal chegarem afirmando que D. Pedro deveria retornar a Portugal e o Brasil seria recolonizado. Leopoldina, que estava no cargo de chefia nesse momento, se reuniu no dia 2 de setembro com o Grande Conselho, onde foi debatido o assunto da independência. Vendo que o rompimento era eminente disse em uma carta a seu esposo “Com ou sem vosso apoio ele (Brasil) fará a sua separação. O pomo está maduro, colhei-o já, senão apodrece". Foi a partir dessa carta, que chegou as mãos de D. Pedro no dia 7 de Setembro, que ele proclamou nossa independência. 

O Brasil foi modernizado ou “escravizado”?

Desde a vinda da família real, o Brasil passava por um processo de modernização. Porém os sonhos de liberdade política e econômica não foram conquistados naquele momento. A população brasileira não havia participado da independência, sendo esse um processo da elite. Não houve mudanças sociais ou econômicas para o povo. Continuamos sendo um país agrário exportador, dependente da economia inglesa, e com mão de obra escravizada, além de nos tornarmos uma monarquia, o que era favorável para a elite brasileira. A tão sonhada liberdade e igualdade ainda não tinha chego em nossas terras. 

Quais foram as principais consequências da independência do Brasil? Por que essa data simboliza o patriotismo brasileiro?

Após o famoso 7 de setembro, o Brasil começa sua longa caminhada em busca do reconhecimento de uma nação independente. Apesar dos EUA reconhecerem nossa independência, Portugal só vai reconhecê-la em 1825 após a assinatura de um acordo onde o Brasil pagaria uma indenização a antiga metrópole. Porém é em 1822 que o Brasil, dá seus primeiros passos na construção de uma nação e sua própria identidade nacional, baseada no civismo e patriotismo de uma elite. Sendo assim o 7 de Setembro é o início do sonho de uma nação brasileira. 

Neste bicentenário, qual a mensagem de reflexão deixaria para os brasileiros?

No longo processo de independência de nosso país, o povo brasileiro foi alheio aos acontecimentos, sendo deixado de lado das grandes decisões políticas. 200 anos depois do grito as margens do Ipiranga, nós podemos fazer diferente dos antigos brasileiros. Vivemos em um país democrático e logo passaremos pelos processos de eleição. Que possamos olhar para a nossa história e ver que juntos podemos construir um país melhor. Afinal, todos nós podemos dizer com orgulho que somos cidadãos brasileiros.

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