No Brasil, de 11% a 38% das crianças e adolescentes apresentam excesso de peso
Ao longo da vida, pessoas com obesidade podem sofrer sérias consequências psicológicas, cardiovasculares, endócrinas e reprodutivas. Em crianças e adolescentes, essa doença é resultado de fatores genéticos, individuais, comportamentais e ambientais, presentes nos contextos familiar, comunitário, escolar, social e político. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a prevalência de excesso de peso em crianças e adolescentes varia de 11,6% a 38,5%.
De acordo com o "Instrutivo para o cuidado da criança e do adolescente com sobrepeso e obesidade no âmbito da Atenção Primária à Saúde", o sobrepeso e a obesidade vêm se tornando uma realidade na vida e na saúde de crianças e adolescentes.
O "Protocolo de uso do guia alimentar para a população brasileira na orientação alimentar da pessoa na adolescência" explica que, nessa faixa etária, há menor consumo de frutas, verduras e legumes e maior consumo de alimentos ultraprocessados (como macarrão instantâneo, biscoitos doces e salgados, bebidas açucaradas e salgados assados e fritos), em comparação com pessoas adultas e idosas. Outro comportamento comum nessa fase da vida é a omissão do café da manhã.
O documento destaca ainda que a adolescência é uma janela oportuna para intervenções, uma vez que alguns padrões de comportamento relacionados à dieta e aos hábitos de vida podem ser estabelecidos, permanecendo na idade adulta e afetando diretamente a saúde dessas pessoas.
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) reconhece a obesidade como um problema de saúde pública. Nesse contexto, o Ministério da Saúde também vem alertando que algumas doenças eram observadas em pessoas de idade mais avançada, como hipertensão, doenças do coração e alguns tipos de câncer, mas agora atingem adultos jovens, adolescentes e crianças. A alimentação saudável é um dos pilares para reduzir estes riscos.
Em entrevista, a nutricionista da Unimed de Limeira, Lilian Zolezi, destacou que o sedentarismo somado a má alimentação são uma das principais causas da obesidade infantil. Ainda segundo Lilian, a influência da alimentação dos pais é muito importante para o estilo de vida alimentar das crianças.
A Unimed Limeira oferece também o curso “Alimentação Infantil” que ensina bons hábitos alimentares para crianças. Acompanhados pelos pais, as crianças participam do preparo dos alimentos no Espaço Viver Bem e recebem orientações. O curso exclusivo para clientes da Unimed Limeira é voltado para crianças de 7 a 11 anos.
Confira a entrevista:
Quais são as principais causas da obesidade na infância?
A alimentação. O excesso de alimentos industrializados e calóricos como os refrigerantes, bolachas recheadas, frituras e doces em geral e a facilidade pela comida pronta, rápida e aplicativos como exemplos: os lanches, pizzas, congelados entre outros. O sedentarismo também é uma causa preocupante. A falta de exercícios físicos e o aumento do tempo nos celulares, TV e computadores, além da falta de sono e a ansiedade.
A pandemia e o isolamento social contribuíram para o ganho de peso das crianças?
Sim. As crianças ficaram sem exercícios ou até mesmo as brincadeiras mais simples como jogar bola, andar de bicicleta e correr. Falta da convivência no meio social gerou mais ansiedade entre eles e consequentemente o alimento se tornou um aliado.
Quais são os principais danos da obesidade relacionados à saúde?
Obesidade Infantil pode vir acompanhado de alterações elevadas de colesterol, glicemia, triglicérides entre outros
Como implementar bons hábitos alimentares na vida de uma criança?
Os pais são primordiais nessa questão. E isso exige organização e planejamento alimentar para adesão das crianças nessa nova rotina. É importante reduzir as ofertas dos alimentos industrializados e se atentar com o gasto calórico. Exercícios são sempre fundamentais.
Como os pais podem contribuir nessa tarefa?
Os pais têm o papel fundamental nessa tarefa. Eu sempre digo “as crianças não saem de casa para ir no supermercado… são sempre os responsáveis que levam para casa deixando expostos a essa alimentação com excessos de gorduras, farinhas refinadas e açúcares”
A criança está obesa e não quer ouvir falar em dietas, como os pais devem reagir?
Primeiro que falar em “dieta” já assusta. Já relaciona restrição severa de alimentos ou muitas vezes o sentido do começo, meio e fim. Muitas pessoas relatam. “Não vejo a hora de terminar essa dieta”. Os pais deverão tomar muito cuidado sobre as restrições. O ideal é trabalhar com substituições de alimentos mais saudáveis, reduzir as quantidades e frequências de determinados alimentos calóricos e sem valores nutricionais. Com essas mudanças a criança fica menos ansiosa e agressiva. É de extrema importância a terapia nutricional ser individualizada.
É indicado a utilização de medicamentos no combate a obesidade infantil?
Depende de cada caso e somente o médico e ou pediatra para essa avaliação e prescrição.
Quais os sinais de alerta para os pais começarem a se preocupar com o peso das crianças?
As crianças que começam a se cansar muito rápido, que tem menor condicionamento físico, acúmulo de gorduras, hábitos alimentares ruins – baixa aceitação de frutas, verduras e legumes e passar o dia deitado usando o celular ou a TV que são consequentemente baixos estímulos para os exercícios.
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