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MP denuncia dois por racismo em caso em supermercado

A Promotoria de Justiça de Limeira denunciou dois homens, um segurança e um funcionário do supermercado Assaí por, segundo a denúncia, terem praticado discriminação e preconceito de raça contra o aposentado Luís Carlos da Silva, de 56 anos. O MP entende que o homem foi colocado em uma situação vexatória ao entrar no supermercado, no dia 6 de agosto do ano passado. Ao sair, sem levar nada, o aposentado foi abordado por um segurança que desconfiou da ação dele. Constrangido com a abordagem, Silva começou a tirar as roupas dentro do estabelecimento.

De acordo com a promotora de Justiça Florenci Cassab Milani, os denunciados agiram sem que qualquer acompanhamento prévio tivesse sido feito pelo setor de vigilância com câmeras, eventualmente indicando a real possibilidade da prática de conduta ilícita pelo consumidor. Ainda assim, a vítima foi seguida, abordada e indevidamente revistada. Abalado com o ocorrido, o homem entrou em desespero, tirando todas as vestes e ficando apenas de roupa íntima, em situação vexatória e humilhante presenciada por outros clientes.

A Polícia Civil instaurou inquérito policial do caso e ouviu testemunhas, os dois funcionários e a própria vítima. Em entrevista à Gazeta, o segurança demitido da loja, de 26 anos, alegou a intenção dele na abordagem era tirar a dúvida, levantada por outro companheiro. "Foi quase na hora que ele estava saindo da loja, que eu o achei na parte dos frios. Na hora que ele estava saindo, eu disse se ele poderia me acompanhar", disse. Porém, antes da abordagem, o ex-funcionário disse ter consultado um outro vigilante de plantão, o questionando se poderia ter alguma coisa com o aposentado. "Porque o volume que estava ali era desproporcional. Não tinha como ser do corpo do seu Luís", relatou o rapaz. O denunciado alegou ainda que não pediu para que o aposentado tirasse a roupa, não o constrangeu e que jamais fez menção à cor da pele, já que também é preto. O rapaz ainda se defende alegando que não cometeu qualquer tipo de agressão verbal ou física e, nem se quer, encostou um dedo no aposentado. Para a polícia, ele ainda contou que está com um filho ‘para nascer’.

Para Florenci, os funcionários apresentaram conduta que vai contra as orientações recebidas em cursos de formação. "Tal atuação dos denunciados, contrária aos cursos e orientações da empregadora, somente ocorreu porque os seguranças/denunciados entenderam que poderiam assim proceder deliberadamente com um homem negro, de aparência humilde, andando sozinho no interior do estabelecimento, evidenciando o mais clássico racismo estrutural", diz a denúncia.

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