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A importância de fortalecer vínculos e o sentido de irmandade entre mulheres

A socióloga e terapeuta, Mara Jaqueline de Oliveira, ressalta que o objetivo central é o fortalecimento de vínculos entre as mulheres

Irmandade, conforme o dicionário, tem entre seus significados a fraternidade, laços de parentesco ou amizade afetuosa. Para fortalecer vínculos e estimular o conceito de irmandade entre mulheres existe, em Limeira, um coletivo denominado Roda da Saia. Neste Dia Internacional da Mulher, a coordenadora do projeto destaca a importância da união e a criação de redes de apoio entre mulheres diante de tantos desafios do cotidiano.

Há seis anos, o projeto Roda da Saia recebe mulheres de Limeira e região para conversar, esclarecer dúvidas e se fortalecer. São mulheres de diferentes idades, classe social e crenças, que conversam e debatem sobre diversos temas ligados ao universo feminino. O Roda já esteve presente em outras escolas, shoppings, bibliotecas e a intenção das integrantes é que ele possa estar em outros lugares acolhendo mais comadres.

A socióloga e terapeuta, Mara Jaqueline de Oliveira, ressalta que o objetivo central é o fortalecimento de vínculos entre as mulheres, desconstruindo o padrão patriarcal de competição, de ameaça e, a partir disso, construir uma rede de apoio, de sororidade.
“A ideia nasceu há muitos anos atrás a partir de uma conversa com minha avó paterna, vó Antônia. Saber detalhes da vida dela, de sua trajetória como mulher, mãe e todos os dilemas e dores que envolveram isso e, sobretudo, a importância de uma amiga da vida toda dela, a comadre Helena. Isso tudo chamou minha atenção para o quanto nós mulheres somos vitais umas para as outras”, completa. O Roda da Saia tem esse intuito, de ressignificar o sentido de irmandade e de “comadrio” entre as mulheres.  Além de trabalhar a autovalorização, autoestima, autocuidado, amor próprio.
Conforme Mara, as mulheres ainda vivem numa sociedade em que não podem andar em segurança pelas ruas, que não podem envelhecer sem serem cobradas por padrões de beleza, que em geral ficam com todo o encargo da maternidade, que ganha salários inferiores aos dos homens exercendo a mesma função entre outros privilégios masculinos.

O partilhamento das experiências de vida é fundamental no processo de cura. "O conceito de cura aqui utilizado não é mesmo usado pela medicina, refere-se às curas decorrentes de questões pessoais, subjetivas, emocionais, de crenças limitantes. A fala, a escuta, a partilha faz com que o problema de uma seja o de todas, a dor de uma seja a dor de todas, a cura de uma seja a cura de todas", destaca Mara.
Para ela, é fundamental primeiro entender o que é o machismo, como ele se estrutura, se manifesta no dia a dia “ porque muitas vezes reproduzimos os valores e hábitos machistas sem nem nos darmos conta disso. A partir do momento que adquirimos essa consciência passamos a agir de forma mais acolhedora entre nós mulheres”.

ENCONTRO

No último dia 4, o grupo se reuniu na escola municipal Profa. Maria Aparecida de Luca Moore, no Jardim Aeroporto, a partir das 14h30. O tema escolhido para o debate foi "Quem tem medo do feminismo?". A escolha do tema foi feita pelas integrantes do coletivo em virtude da quantidade de tabus em torno deste termo.
Mara explica que o convite para promover o Roda da Saia com os alunos partiu da direção da escola e que essas discussões com adolescentes são importantes porque a estrutura patriarcal nos educa para competirmos umas com as outras, para nos olharmos como concorrentes, como ameaça, e foco é justamente trabalhar pela desconstrução disso.

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