Foto de capa da notícia

Covid-19: estudo feito em Limeira entra na base de consulta da OMS

 

 

 “Trabalho é em respeito à memória de todas estas pessoas, pois a cada dado computado, era uma vida que havia partido”

 

 

 

Estudo desenvolvido no Laboratório de Geografia dos Riscos e Resiliência (LAGERR) da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (FCA/Unicamp), em Limeira, entrou para a base de consulta da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre covid-19 (WHO Covid-19 Research Database).

A pesquisa, em caráter de artigo científico, denominou-se: “Difusão espacial da COVID-19 em pequenas cidades: mobilidades e ruralidades cotidianas” (“Spatial dissemination of Covid-19 in small cities: daily mobilities and everydayness ruralities”, em inglês). Ela foi realizada pelo Professor Doutor Vitor Sartori Cordova (Sociólogo e Urbanista – FCA/Unicamp); Professora Doutora Jéssica de Almeida Polito (Arquiteta e Urbanista – UNASP/Engenheiro Coelho) e Professor Doutor Eduardo Marandola Junior (Geógrafo – FCA/Unicamp).

“Resumidamente, seu objetivo central foi analisar quais seriam (e que, infelizmente, foram) os impactos que um quadro pandêmico de tamanha monta poderia causar em cidades de pequeno porte em termos de contaminação e óbitos. Claramente, como averiguável, cidades de “pequeno porte” do interior do Estado de São Paulo - cuja localidade é a dos pesquisadores envolvidos”, explicam os pesquisadores. Das cidades de cobertura da Gazeta de Limeira, participaram do estudo Iracemápolis e Limeira. No entanto, o estudo aborda outras cidades como Mogi Mirim e Mogi Guaçu.

O artigo já havia sido publicado no periódico científico ‘Caderno de Geografia’ da PUC – Minas e, agora, passa a compor o banco de dados da OMS.

Para eles, é fundamental esse tipo de reconhecimento para que a população não esqueça da quantidade de pessoas que tiveram as suas vidas tiradas por este vírus. “Assim, nosso trabalho é em respeito à memória de todas estas pessoas, pois a cada dado computado, era uma vida que havia partido”.

Ressaltam ainda que “não nos esqueçamos que já vivenciamos situações parecidas como esta aqui na região (como foi a da Dengue em meandros dos anos de 2015 e 2016), e que poderíamos tomar medidas mais rápidas se tivéssemos mecanismos mais detalhados para serem consultados e acionados. Além disso, adverte para como um quadro como este pode ser agravado por escolhas políticas equivocadas e infundadas, gerando desinformações e caos e colocando a vida de muita gente em risco – como averiguável nos discursos e atitudes advindos da Esfera Federal”, citam.

O FOCO

A intenção do trabalho foi questionar o quadro que se desenhava até então no âmbito acadêmico em relação ao alastramento do vírus. “Víamos análises que propunham que a sua disseminação se dava em lugares de alta densidade demográfica, com fatores de urbanização acentuados, interligadas por estradas de grande fluxo e que, por estes fatores determinantes, o vírus se espalhava às demais localidades. Porém, também queríamos mostrar como os números de casos das cidades pequenas, em alguns momentos da pandemia, se mostravam ainda mais alarmantes em comparação às de outras extensões”.

Outro ponto levado em consideração é que as cidades de pequeno porte tinham uma defasagem de atendimento médico para este tipo de cenário pandêmico que, no mínimo, era preocupante. Isto, pois não havia recursos técnicos e humanos suficientes nestas pequenas cidades para dar conta dos casos mais graves.

“Estamos falando até de algumas cidades que compõem a Região Metropolitana de Campinas e que não transferiam os seus pacientes para lá, mas para Limeira devido à proximidade. Neste caso em específico, pode ser verificado o translado de pacientes oriundos, por exemplo, de Artur Nogueira e Engenheiro Coelho, que são cidades mais próximas daqui de Limeira do que de Campinas”.

Segundo os pesquisadores, o que foi constatado nas pequenas cidades é o quanto elas ficaram órfãs de diretrizes para lidar com esta situação. “Também verificou-se o quanto uma vertente de análise que, demasiadamente, ponderava os problemas que envolviam os centros urbanos de grande porte como mais importantes ficavam para trás, já que, por vezes, os habitantes da RMC não tinham recursos (ou tempo, devido à gravidade sintomática) para se locomoverem até Campinas para terem um atendimento adequado. Assim, optavam pelas cidades mais próximas, fazendo inchar o setor público de saúde da nossa região mais rápido do que pensávamos. Ou, não tendo-se vagas nos hospitais destas cidades, morriam por falta de atendimento”, avaliam.

CONCLUSÃO

“A conclusão a que chegamos com o trabalho foi como temos que ponderar nossos métodos de análise em uma situação como a que foi a da pandemia da COVID-19. Percebemos que estes esquemas foram postos em xeque com este cenário. Sendo assim, as áreas das Ciências Humanas e das Ciências Sociais Aplicadas terão que enriquecer cada vez mais os seus métodos de coleta de dados, suas análises e conclusões para que possam averiguar e auxiliar com mais acuidade conjunturas como as quais estamos passando”.

Agora, no que compete aos resultados da pesquisa, resumidamente, o desenlace foi como o território praticado pelas pessoas, a forma como vivem as suas vidas, não pode ser desconsiderado mesmo em pesquisas da área da saúde. “Quer dizer, mesmo que a situação pandêmica tenha a ver com um microrganismo, a forma como ele vai reagir no cotidiano das pessoas depende de inúmeros fatores que esta área citada não abrange. Uma vez estes fatores sendo relegados ou mal aferidos, podem chegar a elevar o grau de criticidade clínica ou infecciosa de qualquer patógeno, chegando ao ponto de colocar em perigo a vida de centenas de pessoas”, cita a pesquisa.

IMPORTÂNCIA DO TRABALHO

“Para nós, a importância a ser dada na publicidade de nosso trabalho é alertar a população de que o quadro pandêmico ainda não acabou. Ele, infelizmente, continua. Com menos intensidade, obviamente, mas ele ainda continua. Também queremos enfatizar como é importante as pessoas se imunizarem e ainda respeitarem o uso de máscaras em alguns locais como transporte público e hospitais. Mesmo que já não haja a obrigatoriedade, é de uma grande responsabilidade “colocar a mão na consciência” de que este tipo de ação preventiva é importante para proteger a vida de pessoas que sofrem por comorbidades ou que já tenham mais idade”.

E, além disso, afirmam que buscam alertar os poderes públicos municipais sobre a importância de trabalharem em conjunto com o meio acadêmico, pois isso pode auxiliar e acelerar a tomada de decisões para ações preventivas e atuantes.

 

/// box//

Trabalho pode ser conferido na íntegra

 

O trabalho pode ser conferido por meio do site do Caderno de Geografia da PUC Minas, por meio do linK : http://periodicos.pucminas.br/index.php/geografia/article/view/27282

O acesso para a página da OMS é: https://pesquisa.bvsalud.org/global-literature-on-novel-coronavirus-2019-ncov/resource/pt/covidwho-2164115?lang=en

Comentários

Compartilhe esta notícia

Faça login para participar dos comentários

Fazer Login