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Darci nega ter sido beneficiado em troca de renúncia ao mandato

O ex-vereador Darci Reis, peça chave da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada na Câmara de Limeira, foi ouvido ontem pelos vereadores. Darci era o primeiro suplente do PSD e renunciou ao cargo de vereador em maio de 2022, quando o titular Jorge de Freitas foi nomeado pela Prefeitura para assumir a Secretaria Municipal de Habitação. Com a renúncia de Darci, assumiu a cadeira de parlamentar o segundo suplente, o ex-vereador José Roberto Bernardo.

Durante o depoimento, Darci foi questionado sobre motivações para ter renunciado ao cargo na Câmara de Limeira. Ele negou que foi beneficiado de alguma forma e que o principal motivo de sua decisão foi beneficiar a filha, para que não fosse exonerada do cargo de assessora no gabinete da Secretaria de Assuntos Jurídicos da Prefeitura.

“Glória a Deus consegui formar minha filha como advogada. Ela passou na OAB, conseguiu estágio. Quando o Executivo deu a oportunidade pra mim trabalhar eu falei assim ‘olha, eu preciso aperfeiçoar mais a minha filha e minha filha se formou em 2019 e em 2020 teve a pandemia e eu preferia que se desse a oportunidade para ela. Eu pedi a oportunidade para minha filha e ele deu. Se me chamarem 20 vezes aqui eu vou falar a mesma coisa. Eu coloco a prova em Deus”, disse em seu depoimento.

O ex-vereador ainda destacou que nas eleições de 2020 ficou como suplente e quando o Executivo nomeou Jorge de Freitas como secretário, abrindo a possibilidade de posse de Darci como vereador, decidiu renunciar à vaga. Darci Reis informou que, por iniciativa própria, convidou Jorge de Freitas e José Roberto para comunicar que renunciaria ao cargo para que a filha pudesse permanecer desempenhando as funções de servidora comissionada no Executivo. “Se eles foram beneficiados foi por tabela. Eu quis beneficiar a minha filha e não vou esconder isso da população”, destacou.

O cargo e o salário de Isabelly Kuhl de Sousa também foi questionado. A comissão chegou a perguntar se o salário dela seria maior ou menor que de um assessor. A assessora de gabinete na Secretaria de Assunto Jurídicos tem salário de R$8 mil. “Tenho meus aluguéis, pago INSS, tudo declarado. Minha filha ficou órfã aos 7 anos, hoje ela tem 26, está feliz em seu emprego. Só quis beneficiar a minha filha”, voltou a dizer.

Darci também foi questionado se foi financiado de alguma forma pelo prefeito ou pela Prefeitura. Ele destacou que se reuniu com o prefeito Mario Botion, mas negou qualquer negociação envolvendo valores financeiros durante o processo de renúncia. “Financeiramente, o prefeito nunca me deu um real. Nunca houve nenhum benefício financeiro, a não ser o benefício de manter o trabalho de minha filha. Quem pagou o café naquele dia fui eu, sempre brinquei com isso”, esclareceu.

O presidente da CPI, Helder do Táxi, perguntou se veio primeiro a sua renúncia ou o cargo de nomeação da filha. “Primeiro veio a nomeação da minha filha, por isso eu renunciei. Eu tinha que deixar ela levantar voo sozinha. Hoje ela caminha com a suas próprias pernas”, disse. Helder afirma que essa é a principal dúvida da população. O depoente voltou a explicar que caso assumisse a vereança, poderia configurar nepotismo, e que priorizou o desenvolvimento da profissão da filha.

O vereador Ceará também perguntou se houve preocupação quando a CPI foi instaurada, já que houve quatro representações do caso no Ministério Público, mas que foram arquivados por falta de provas. “Preocupado eu não fiquei. Eu só tenho a verdade para dizer. Quem está ao meu redor sabe”, disse. Ele ficou emocionado ao falar que tem orgulho em dizer que sua filha é advogada. “Não sei quanto tempo ela vai ficar lá, mas eu primeiro passo pra carreira dela eu dei com maior orgulho”, disse.

Sobre as eleições, Darci respondeu que não é mais pré-candidato e que vai ajudar a pré-candidatura do ex-vereador Estevão Nogueira no próximo pleito eleitoral. Participaram da oitiva os vereadores Helder do Táxi (MDB), presidente; Ju Negão (PV), relator; Mariana Calsa (PL), secretária; e João Bano (Podemos), membro. A reunião contou com a presença do presidente da Casa, Everton Ferreira (PSD), do vereador Sidney Pascotto, Lemão da Jeová Rafá (PSC) e com o assessoramento da procuradora jurídica da Casa, Andrea Cristiane Barbosa Bruno.

Ex-vereador José Roberto Bernardo será ouvido

A próxima reunião foi agendada pela CPI para o dia 28 de março, às 9h30, para oitiva com o ex-vereador e segundo suplente José Roberto Bernardo.  As reuniões são realizadas no Plenário Vereador Vitório Bortolan, a partir das 9h30, com transmissão ao vivo pelos canais de comunicação da Casa.

A Comissão foi criada em 13 de dezembro do ano passado e tem o prazo de funcionamento de 90 dias, prorrogáveis por igual período. Além da renúncia de Darci, a Comissão também investiga a nomeação de cargos em comissão de funcionários da Prefeitura e da Câmara.

Também pesquisa os processos de transferência, nomeação e exoneração em Secretarias Municipais, por meio de portarias de cargos em comissão. O depoimento de Darci foi registrado na íntegra por meio de vídeo no canal do YouTube da Câmara. Basta acessar o site: https://www.youtube.com/watch?v=Xomd0CIIDEo

 

 

 

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