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Mensagem é de luta por respeito, dignidade e direitos

Daniela atua em instituição que atende mulheres e crianças vítimas de violência

Ao longo da história, as conquistas das mulheres ocorreram a partir de muito trabalho, união e luta. Para a advogada Daniela Fernanda Conego, que atua na Associação Vidas - que atende mulheres vítimas de violência, a mensagem neste Dia Internacional da Mulher é sobre a necessidade de seguir lutando por respeito, dignidade, contra a violência e pela conquista dos sonhos.
Daniela atua há mais de 20 anos na área do Direito Previdenciário e Cível. No dia a dia da Associação Vidas, conta ela, são muitas as situações envolvendo mulheres que buscam apoio e que demonstram a importância da entidade.
“A associação é uma entidade que atua no atendimento de mulheres e crianças vítimas de violência física, abuso sexual e psicológico. Neste trabalho vamos até as vítimas ou, em alguns casos, elas nos procuram para orientação e encaminhamento para órgãos públicos. Em alguns casos procuramos efetuar a reinserção no mercado de trabalho, através da busca de recolocação. A entidade é mantida através de doações e eu atuo no atendimento jurídico para orientação, quando solicitado”, cita.
As principais demandas são de violência física e abusos diversos. “É um trabalho árduo, muitas vezes assustador em decorrência do estado que as vítimas chegam, muitas vezes com medo, machucadas física e psicologicamente e sem qualquer perspectiva de futuro”.
A advogada conta que, em muitos casos, as vítimas sequer realizam a comunicação dos crimes em decorrência do medo, que permeia a relação com o agressor e em especial pela dependência econômica.
“Entre os casos mais difíceis de atuação foi o envolvendo abuso contra uma criança de 8 anos, por um empresário. A situação desencadeou a investigação de diversos outros abusos cometidos, inclusive em outros Estados. Houve a condenação na área criminal numa pena total de 52 anos de reclusão e o processo cível de indenização encontra-se aguardando julgamento”, lembra ela.

Apesar do trabalho, ser realizado em sigilo, devido às complicações para as vítimas, trata-se de trabalho de suma importância para aquelas mulheres que chegam à instituição. A equipe realiza uma triagem, muitas vezes in loco, para verificar a possibilidade de atendimento e verificação da necessidade momentânea e, após essa fase, há o encaminhando aos órgãos competentes.

DESAFIOS E CONQUISTAS

A mulher, cita a advogada, conquistou com muito suor e trabalho destaque na sociedade, em especial no mercado de trabalho. “Sofremos preconceitos de que não seríamos capazes de assumir determinado cargo e sempre mostramos que com muita luta, amor, dedicação e estudo é possível”.
No entanto, há, ainda uma grande parcela de mulheres que são dependentes economicamente de seus parceiros e, muitas vezes, as que sofrem com a violência física e psicológica, tendo em vista que não possuem perspectiva de superação dessa dependência, pois não estão inseridas no mercado de trabalho, seja por medo ou por falta de capacitação profissional.
“Também existem aquelas que são ‘cabeça’ da família, sustentando-a e criando seus filhos sozinhas e de forma magnífica, transmitindo valores e princípios, contudo isso ocasiona uma sobrecarga, que infelizmente é por nós, suportada, sem qualquer rede de apoio”.

MULHERES NA HISTÓRIA

“Acredito que as conquistas obtidas até hoje são como um sinal positivo e que podemos sempre mais, ainda que existam obstáculos e muros a ser transpostos, apesar de todas as dificuldades sempre encontramos um caminho a seguir” cita.
Ela lembra que a mulher, por muitos anos, foi considerada relativamente incapaz. “Necessitava de autorização do marido para trabalhar, conforme estabelece o Código de 1916, que vigorou até 2022. Era tida como objeto, sendo, assim, não tinha vontade própria, chegando a ser ‘ofertada’ ao marido, muitas vezes para garantir a continuidade da propriedade”.
Eram, comenta, obrigadas a continuar casadas, mesmo sem existir qualquer sentimento. “Tanto é que a Lei do Divórcio é uma lei de 1977, ou seja, possui apenas 46 anos. Assim, trata-se de importante Lei, que trouxe maior Liberdade as mulheres, iniciando-se um processo de inserção no mercado de trabalho”.
Assim, conclui, a luta das mulheres pela independência e pela busca de inserção social e pelo seu espaço trouxe grandes inovações legislativas. “O que representou grande revolução em nossa sociedade, na maneira de pensar e na maneira da mulher ser respeitada, sendo esta ainda uma busca de um ideal para nos livrarmos de qualquer discriminação”, finaliza.

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