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Dependência virtual: o que observar para buscar ajuda



Psiquiatra indica sinais a serem observados quando o uso do celular e internet começa a causar transtornos

 

O uso das redes sociais e outros mecanismos virtuais se tornam cada vez mais comuns e frequentes, independente da idade. Se por um lado, essa tecnologia permite o diálogo e o trabalho com pessoas fisicamente distantes, por outro, também pode causar transtornos, quando esse uso passa a ser demasiado e fora de controle.
O psiquiatra Anibal Olivan Filho, que atende pela Unimed, explica sinais que podem indicar dependência da internet, ou mesmo do celular, conhecido também como nomofobia. O profissional atende pessoas acima dos 18 anos e conta que esse tipo de situação pode afetar pessoas de diferentes idades, de crianças a idosos.
A psiquiatria, explica, tem se dedicado a estudos sobre o tema há cerca de dez anos, mas ainda não há uma compilação sobre a doença. No entanto, observa-se características como um transtorno de hábitos e impulsos. “Por se tratar de um transtorno é difícil diagnosticar, no entanto, há critérios que observamos que podem caracterizar essa dependência, pois essa patologia causa alterações que impactam na vida pessoal e no trabalho”, comenta.
O médico avalia com fator de cuidado caso as pessoas se identifiquem com cinco dos oito critérios, que são eles: 1- Preocupação excessiva com a internet, a pessoa fica ligada o tempo todo e se preocupa demais; 2- Necessidade de aumentar o tempo conectado, inconscientemente a pessoa começa ter um processo de ansiedade e quer aumentar o tempo; 3 - A pessoa percebe que está atrapalhando, mesmo fazendo esforço não consegue diminuir; 4 - Começa apresentar alteração no humor, irritação ou mesmo depressão; 5 - Quando o uso da internet é rescindido ela apresenta alteração emocional grande; 6 - Permanece conectado mais do que o tempo programado; 7 - Trabalho e relações pessoais em risco e 8 - Começa mentir a respeito da quantidade de horas conectado.
Caso a pessoa tenha entre seis meses a 12 meses nessa conduta pode indicar alguma dependência. O médico lembra que se tratam de parâmetros utilizados, mas ainda não está compilado no CID, que significa classificação internacional de doenças.
“A pessoa começa a sofrer. Assim como essas alterações prejudicam a saúde mental, uma vez que há um processo estressor, pode ocorrer diminuição da imunidade e também impactar a saúde física. O organismo está conectado”.

NOMOFOBIA

O psiquiatra também explica sobre a nomofobia, que é o medo irracional de ficar sem celular ou ser impedido de usar, como ausência de conexão ou bateria. O termo vem do inglês “no mobile’ fobia. Sinais que chamam atenção para uma possível dependência são:
A pessoa não dorme sem checar o celular; Deixa de fazer tarefas domésticas para ficar na internet; Assiste TV digitando; Ao acordar antes da higiene pessoal já vê mensagens; Prefere piada online a se divertir com a família; Anda pela rua, casa ou trabalho nas redes; As pessoas ao redor se queixam do tempo que passa online; Já deixou de ir em algum lugar por lá não oferecer internet; Muda humor se não recebeu curtidas suficientes; Faz amizades virtuais e esquece do parceiro; Refeições no computador ou celular; Rendimento no trabalho caiu; Não sente alegria desconectado; Em meio a compromisso pensa “só mais um minutinho”; Fica irritado se alguém tira atenção enquanto está navegando; Usa internet como refúgio para os problemas; Dorme tarde ou nem dorme para navegar; Enquanto dirige checa o celular.
“Emoções são trocadas quando a gente conversa, vê reação do outro e a internet causa distanciamento, além de ser fantasiosa, com as Fake News. Situação em que o jovem deixa de falar com quem está na frente dele para falarem online entre si é preocupante e os pais devem estar atentos. Sabemos que o uso do celular é importante para muitas coisas, mas é preciso um olhar cuidadoso ao excesso”, explica.
Se considerar que é hora de buscar ajuda, o apoio profissional poderá orientar corretamente a terapia adequada. Alguns casos podem necessitar do uso de medicamentos para ansiedade ou depressão, mas tudo com a devida análise profissional.
“O diagnóstico não é algo simples, mas observamos quando isso traz sofrimento. Muitas vezes o jovem nos procura por um quadro de ansiedade ou depressão e, na história clínica observamos essa dependência”, conclui.

 

 

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