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Reforma do ensino médio: é preciso abrir o debate  

 

Alunos de Limeira protestaram pela revogação; especialista acredita que projeto atual seja prejudicial

 

Cintia Ferreira

 

Um grupo de estudantes de Limeira realizou ontem, na Praça Toledo Barros, ato em que pediam a revogação do modelo conhecido como Novo Ensino Médio. Esse ato se une a muitos outros concentrados pelo país. A Gazeta ouviu especialista em Educação que afirma ser favorável à revogação e salienta a necessidade de abrir o debate com alunos e sociedade.
Para os manifestantes, estudantes secundaristas, o modelo trás consigo muitos retrocessos para a educação brasileira e prejudica o processo de aprendizagem e construção social dos estudantes que não contam mais com aulas de importantes disciplinas de história, filosofia, sociologia e geografia, para que projetos de itinerário sejam colocados em seus lugares.
No ato, os secundaristas do grupo Juventude Ativa juntamente com representantes da UJS (União da Juventude Socialista) e APEOESP dialogaram com a população, entregaram panfletos, e apresentaram os objetivos do movimento. Na ocasião também foi reivindicado Paz nas Escolas, devido ao triste crescimento de casos que envolvem ataques em ambientes escolares.
“A luta, afirmam, continuará até que o Novo Ensino Médio seja revogado definitivamente, pois os estudantes não abrem mão dos seus direitos e de defender a Educação”, destacou um dos alunos.
A necessidade de revogação também é defendida por especialistas. José Claudinei Lombardi, é decano da Faculdade de Educação da Unicamp, professor titular em História da Educação na Faculdade de Educação da Unicamp com Doutorado em Educação. Ele também foi Secretário de Educação de Limeira, de 2013 a janeiro de 2015. 
Sobre o Novo Ensino Médio, cita, “é um projeto de ensino que, de tão ruim e prejudicial à formação dos alunos, precisa cair e ser feito um amplo debate com os movimentos de trabalhadores e pesquisadores da educação para uma lei mais consistente, do ponto de vista do conteúdo e da formação integral dos jovens”, afirma.  
Lombardi apoia à carta aberta divulgada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores pela Educação (CNTE) e destaca ser favorável que as medidas sejam revogadas pelo Ministério da Educação, e que um amplo debate seja aberto. “É preciso retomar um amplo debate sobre essa etapa da educação básica tendo por base os princípios estabelecidos na LDB 1986 e acúmulo de debates teóricos pelos educadores e movimentos da comunidade educativa”.

ATROPELO

O educador explica que a lei produzida pelo governo Temer atropelou uma série de iniciativas que vinham sendo tomadas no âmbito da implementação de uma política educacional para o ensino médio em termos curriculares na qual adquiriu como eixo a ciência, cultura, trabalho e tecnologia como dimensões fundamentais na vida em sociedade e formação humana.
“A tentativa de reformulação curricular que ocorreu após LDB se fez presente nas novas diretrizes curriculares nacionais que foram baixadas pelo Conselho Nacional de Educação CNE, resolução nº 02/2012, que buscava introduzir um programa de ensino médio inovador, bem como um pacto nacional pelo fortalecimento do ensino médio e outras ações. Portanto, se houve atropelo, neste sentido, foi a reforma produzida no governo Michel Temer e é ela que tem que ser revogada retomando iniciativas que são muito mais fundamentadas num conteúdo absolutamente necessário que os jovens dominem”.
Lombardi pontua ainda que dominar os saberes historicamente produzidos pela sociedade é fundamental para o desenvolvimento cientifico, tecnológico e para o trabalho nos diversos campos de nossa vida social.

 

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Ministério da Educação diz
que entidades trabalham no tema

O Ministério da Educação, em resposta à Agência Brasil, informou que não vai emitir opinião sobre as manifestações que pedem ou não a revogação do novo ensino médio. A pasta disse que “todos os atores do Ministério da Educação e entidades que conduzem a consulta pública estão trabalhando coletivamente na construção dessa agenda”. Segundo o ministério, “os detalhamentos dos instrumentos serão tornados públicos assim que concluídos". (AB)

 

 

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